Lula não disse que 'universidade foi feita para rico, e não para pobre'

O presidente Lula não afirmou que "universidade foi feita para rico" durante uma fala pública. O vídeo que circula nas redes socias foi tirado de contexto. Na ocasião, o petista estava se referindo ao ponto de vista da "elite política do país".

A checagem foi sugerida ao UOL Confere pelo WhatsApp (11) 97684-6049.

O UOL Confere considera distorcidos conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.

O que diz o post

A postagem apresenta um vídeo com o texto sobreposto "Urgente: normal universidade foi feita pra rico, diz Lula". Nas imagens, uma pessoa aparece introduzindo a suposta declaração do presidente dizendo "Universidade é pra rico, diz o presidente Lula. E agora estão tentando de tudo que é jeito apagar esses vídeos das redes sociais".

A seguir, Lula diz: "Esse negócio de um governo preocupado em colocar indígena na universidade, colocar quilombola na universidade, esse negócio de colocar gente da escola pública na universidade... isso não é normal. O normal é que universidade foi feita pra rico. Universidade foi feita para rico, não pra pobre. Então, como vocês tem um presidente da República que não tem diploma universitário, mas que gosta de abrir universidade? (...) Tem uma coisa que me baqueia ver no jornal é 'Universidade Federal do Rio de Janeiro não tem dinheiro nem para pagar a conta da luz'. 'Universidade não tem dinheiro para fazer tal coisa'. (...) Então, ao invés de sair na imprensa, venha pro governo e diga o seguinte: 'está faltando tal coisa', prove que está faltando que a gente tem que arrumar dinheiro".

Por que é distorcido

Fala para reitores foi distorcida. Lula fez o discurso em 10 de junho, durante encontro com reitores de universidades e institutos federais. Mas a edição do conteúdo desinformativo realizou alterações que mudaram o sentido da declaração.

Presidente criticava visão da elite política sobre educação superior. No trecho em questão do discurso, disponível na íntegra no perfil do YouTube do governo federal (aqui e abaixo), é possível notar que o petista estava se referindo a um senso comum percebido no que ele chamou de "elite política", e não sobre a sua própria opinião: "Nesse país, a elite política nunca teve preocupação com a educação do povo, porque os filhos deles foram estudar no exterior." Portanto, quando ele diz a seguir que "o normal é que universidade foi feita pra rico", ele está citando o suposto preconceito dessa elite.

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Complemento da fala deixa claro o sentido. Lula ainda diz, logo em seguida à frase citada no post desinformativo, que a intenção do seu governo é que todos tenham acesso ao ensino superior: "Quando a gente faz uma inversão, de que universidade não é para rico nem para pobre, é para quem quer estudar, e consegue, dentro da regra do jogo, competir. É para todo mundo. Essa é a inovação que nós estamos fazendo".

Edição deturpou fala ainda mais. Ainda na íntegra do vídeo, é possível perceber que a edição do post desinformativo inverteu dois trechos: a parte que começa em "tem uma coisa que me baqueia ver no jornal é 'Universidade Federal do Rio de Janeiro não tem dinheiro nem para pagar a conta da luz'" é dita por ele antes da parte "o normal é que universidade foi feita pra rico". A manobra fez parecer que Lula sugeriu que a situação deficitária das universidades seria culpa do foco em estudantes mais pobres.

Desinformação se aproveita de polêmica sobre greve nas universidades. Durante o mesmo discurso, Lula disse que "não há razão" para a atual greve de professores das universidades públicas, iniciada em abril, "durar como está durando" (aqui). A paralisação tem desgastado o governo federal, que estuda rever estratégias para negociar seu encerramento (aqui).

Viralização. Até esta quarta-feira (19), um dos posts no Instagram chegou a mais de 32 mil visualizações, 2.800 compartilhamentos e 390 comentários.

Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos (aqui), Agência Lupa (aqui), Estadão Verifica (aqui), Reuters (aqui) e AFP (aqui).

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Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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