Advogado pede revogação da prisão de dono de boate e alega: "Ele está consternado"
O advogado de um dos sócios da boate Kiss, Mário Ciprioni, pediu à Polícia Civil de Santa Maria (301 km de Porto Alegre) a revogação da prisão temporária do cliente, o empresário Mauro Hoffmann. A medida foi entregue no início da noite desta segunda-feira (28) ao delegado que chefia o inquérito, Gabriel Zanella, logo depois do depoimento do empresário. A casa noturna foi palco de um incêndio que matou 231 pessoas --a maioria, jovens entre 16 e 20 anos --e deixou mais de cem feridas na madrugada desse domingo (27).
Santa Maria fica na região central do RS
Apontado pela polícia como “sócio majoritário” da boate, Hofmann, segundo o advogado, “não tinha poderes administrativos e de gerência” sobre o estabelecimento. “Essa função era do Kiko”, disse, referindo-se ao apelido do outro sócio do estabelecimento, Elissandro Spohr, preso hoje de manhã.
Hofmann se apresentou no início da tarde de hoje depois de ter expedida pela Justiça, a pedido da Polícia Civil, prisão temporária.
Além dos dois sócios, também estão presos temporariamente dois músicos da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava na boate no dia da tragédia. Testemunhas relataram que o fogo iniciou após um espetáculo de pirotecnia conduzido pelos músicos.
“Pedi formalmente a revogação dessa prisão porque meu cliente se colocou plenamente à disposição nas investigações, ele nunca teve a intenção de não colaborar”, afirmou o advogado, segundo o qual Hoffmann está “bastante consternado”. “Além do mais, ele tem família residente em Santa Maria, trabalha na cidade, e, como qualquer outra pessoa, deseja o pronto esclarecimento dos fatos”.
Indagado sobre a comoção que o caso gerou em todo o país e sobre a segurança do empresário fora da cadeia, nessas circunstâncias, o advogado resumiu: “Sempre é temeroso estar do lado de fora em uma situação como essa, mas esse é um luto que não vai ser decidido com vingança, e sim, pela apuração adequada”, declarou.
Já sobre as declarações da promotora criminal Waleska Flores Agostini –em entrevista ao UOL, hoje, ela disse que os empresários tentaram manipular provas ao ocultar imagens do circuito interno da boate --, o advogado do empresário declarou: “isso [a ocultação ou manipulação de provas] não corresponde a um dado concreto”.
“Ele [Hofmann] não tem a menor participação em uma eventual retirada de equipamentos, pois nunca esteve dentro do ambiente após os fatos. E pelo que soubemos, essas câmeras nunca estiveram devidamente instaladas”, justificou “Posso garantir que, por ele [Hoffmann] ou pelo Kiko [apelido de Spohr], não teve essa obstrução de provas”.
O UOL tentou contato com o delegado que chefia o inquérito e com o advogado do outro sócio, Jader Marques, mas eles não foram localizados para comentar as declarações de Cipriani.
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