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Motorista de ônibus e suspeito de agressão são indiciados por homicídio

Do UOL, no Rio

04/04/2013 15h16Atualizada em 04/04/2013 15h53

O titular do distrito policial de Bonsucesso (21ª DP), José Pedro Costa da Silva, indiciou por homicídio doloso (com intenção de matar), nesta quinta-feira (4), o motorista do ônibus que caiu na avenida Brasil na terça (2) e o jovem suspeito de tê-lo agredido antes do acidente. Ambos também responderão por tentativa de homicídio em relação aos sobreviventes. O acidente deixou sete pessoas mortas. Ele vai pedir a prisão preventiva dos dois ainda nesta quinta.

Segundo o delegado, o estudante de engenharia Rodrigo dos Santos Freire, 25, foi reconhecido presencialmente e por foto por duas testemunhas como o agressor do motorista André Luiz da Silva Oliveira, 33. Já o motorista será indiciado por ter incitado a briga e porque dirigia em alta velocidade.

ANTECEDENTES

Rodrigo dos Santos Freire já havia se envolvido em outros dois casos de lesão corporal, segundo a Polícia Civil. As ocorrências foram registradas na 37ª DP (Ilha do Governador). A primeira, em 2010, foi por lesão corporal contra a dona do imóvel alugado por Freire; a segunda, em 2012, foi contra o cunhado, também por lesão corporal.

"Eles se envolveram em uma discussão acalorada. O Rodrigo estava atrasado para a aula e tinha que saltar em um ponto ali do Fundão (Ilha da Cidade Universitária), atravessar a passarela e pegar outro ônibus da própria faculdade. O motorista não abriu as portas para que ele saísse", afirmou Silva. "A discussão se iniciou dessa forma."

"Os dois são os responsáveis pelas mortes e pelo acidente. A conduta de ambos contribuiu para que o ônibus caísse. Os relatos das duas testemunhas e mais o de uma vítima que está no hospital e descreve o momento da agressão me dão a certeza da culpa do Rodrigo, o responsável pela agressão ao motorista, e do motorista, que deu causa à briga, pois ele é um profissional e não teria porque estar discutindo com um passageiro e incitando uma briga", disse o delegado.

"O motorista chegou a dizer para o Rodrigo que iria parar só no ponto final, no Castelo [centro da cidade], e lá eles sairiam no braço."

Suposto agressor diz não se lembrar de briga

Costa afirmou que Rodrigo não lembra da briga e que sua última lembrança é de ter entrado no ônibus para ir para a UFRJ.

"O Rodrigo diz que não se lembra de nada, mas sabe o que houve pela televisão que está no quarto dele. Ele recebe as informações da imprensa, mas não assume a responsabilidade pelo golpe", disse.

O estudante quebrou a mandíbula e perdeu muitos dentes. Segundo o delegado, o estudante fala com dificuldade, ainda vai passar por uma cirurgia e deve sair do hospital em uma semana.

A mãe e a irmã de Rodrigo estão no hospital acompanhando o estudante e, de acordo com o delegado, estão em choque.

Segundo o delegado, uma das testemunhas que reconheceu Rodrigo saltou um ponto antes de o ônibus cair. Quando viu que o veículo havia despencado do viaduto, a testemunha foi até o local do acidente e disse para o estudante: "Viu o que você fez?". De acordo com a testemunha, Rodrigo apenas abaixou a cabeça.

Veja o local onde o ônibus caiu

  • Arte/UOL

Na 21ª DP, o advogado do Sintraturb (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus) Eduardo Vicente da Silva, que representa o motorista, disse ainda não ter sido informado sobre o indiciamento.

"O delegado José Pedro é um dos melhores que eu conheço, de máxima competência. Para nós, é indiferente. O que nos cabe é reverter isso no tribunal", afirmou.

"Ainda não tenho essa informação sobre o indiciamento, mas, se ele indiciá-lo por homicídio, espero receber isso formalmente."

Rodrigo já tinha um registro na polícia por lesão corporal como autor e vítima por uma briga generalizada na Cacuia, zona norte da cidade.

Briga

Uma das pessoas que ficou ferida no acidente, Amanda Santana Silva, 19, disse para sua mãe que o motorista levou um chute no rosto segundos antes do veículo cair do viaduto Brigadeiro Trompowski.

A mãe de Amanda, Conceição Rodrigues Santana, que foi visitá-la no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, zona norte do Rio, contou que, segundo a jovem, o motorista não parou no ponto onde um homem queria descer, antes do viaduto.

Os dois teriam iniciado uma discussão e o jovem teria pulado a catraca e chutado o rosto do condutor, que perdeu o controle do veículo. "Ela disse que o homem pulou a catraca, ficou discutindo com o motorista e acertou um pontapé no rosto dele. Ela disse que viu o motorista virando de lado, e o ônibus caiu", afirmou.

O titular da 21ª DP disse que o condutor teve perda de memória recente e não se lembra de nada do que aconteceu no dia do acidente.

O acidente deixou sete mortos e 11 feridos, dois em estado gravíssimo. Os mortos foram identificados pelos bombeiros como Luiz Antônio do Amaral, de 41 anos; Marcius Flávio do Nascimento, de 36; Oséas da Silva Cardoso, de 39; Ângela Maria Reis da Silva, de 62; Francisco Batista de Souza, de 40; José Aparecido de Jesus, de 41; e Luciana Chagas da Silva, de 26.