Julgamentos sujeitam jurados a angústia e depressão, dizem especialistas
O adiamento e a suspensão do julgamento dos policiais acusados de participação no massacre do Carandiru, que ocorrem por causa do estado de saúde de dois jurados, levaram especialistas a criticar as condições oferecidas aos jurados no Brasil.
O dia a dia do júri
O responsável pela Direção de Direitos Humanos da OAB-SP, Martim de Almeida Sampaio, afirma que as condições são tão precárias que por vezes levam jurados a angústia e até mesmo depressão. “Quando o estado desapropria o cidadão do seu tempo, deve lhe oferecer as melhores condições possíveis, o que não ocorre hoje”.
Para o especialista, o grande problema não está no isolamento em si, mas na estrutura oferecida. Quando não estão em audiência, os jurados são acomodados em quartos sem janelas e iluminação natural.
Martim Sampaio defende a incomunicabilidade, que no seu ponto de vista, “é necessária para evitar que fatores externos como ameaças influenciem no julgamento”. Entretanto considera que devem ser oferecidas condições adequadas de alojamento, alimentação e entretenimento.
Já a advogada criminalista Camila Austregesilo Vargas do Amaral aponta que, “se é difícil para a população e para os jornalistas acompanharem as longas audiências, imagine para um jurado”.
Camila Amaral ressalta que alongar a duração da audiência por vezes é uma estratégia da defesa, já que em casos de grande repercussão, os julgamentos começam com uma tendência de condenação, e que a defesa precisa ter tempo para reverter o quadro.
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