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Manifestante pedirá a Cabral que teleférico não seja "prioridade" na Rocinha

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

28/06/2013 12h42

O estudante Denis Neves, 27, um dos líderes da passeata feita pelos moradores da favela da Rocinha, na terça-feira (25), na zona sul do Rio de Janeiro, afirmou que a péssima estrutura de saneamento básico existente na comunidade será a principal reivindicação a ser discutida na reunião com o governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB), nesta sexta-feira (28), no Palácio Guanabara.

Segundo o jovem, o governo tem como prioridade a construção de um teleférico na Rocinha, deixando em segundo plano temas mais relevantes na visão dos moradores.

"Queremos que o governador estabeleça prioridades, e nossas prioridades são outras. O teleférico não está entre elas. A Rocinha recebeu investimentos do PAC 1 [Programa de Aceleração do Crescimento] para obras de saneamento básico e educação, e há muita coisa que não foi concluída. As obras da creche estão paradas desde 2010. O canteiro de obras foi invadido por moradores de rua e virou depósito de lixo", disse ele, antes de ser levado ao gabinete do governador.

A audiência desta sexta foi solicitada na terça (25), depois que cerca de mil moradores da comunidade saíram em passeata até a casa de Cabral no Leblon, na zona sul da cidade. Os moradores da Rocinha são contra a construção de um teleférico e pedem melhores condições de saneamento. Uma das principais obras do PAC 2, o teleférico faz parte de um conjunto de investimentos de R$ 1,6 bilhão do governo federal e estadual na comunidade.

Em nota, o governo do Estado informou que o governador está disposto a receber "todos os movimentos que desejarem participar e colaborar para a melhoria dos serviços públicos".

Acampamento

Na quinta-feira (27), Cabral recebeu um grupo de cinco pessoas que diz ter acampado em frente à casa do governador. Na saída do encontro, um homem que se identificou como Eduardo Oliveira disse que o grupo não tinha uma pauta de reivindicações pronta para tratar com Cabral. "Pedimos um controle das manifestações e segurança, pois as pessoas não estão se sentindo seguras para se manifestar", disse ele. "Estamos tentando fazer uma ponte entre todos os que têm algo para falar e o governo."

Na porta do palácio, no entanto, o ator Vinícius Fragoso, 20, disse que Eduardo nunca acampou na porta da casa do governador e "é um infiltrado que está tentando desestabilizar o grupo". Fragoso chegou ao local acompanhado de dois membros do grupo que permanece no Leblon. "Ele [Eduardo] tentou convencer as pessoas de que o movimento já tinha acabado e que aquela não era uma luta do povo. Eles não falam por nós. São oportunistas que se aproveitaram a situação", disse Fragoso. "Nosso movimento não vai acabar, nós vamos continuar lá", afirmou o ator.

O encontro de Cabral com o grupo durou cerca de 1h30 e teve a presença dos secretários de Educação, Wilson Risolia; Saúde, Sérgio Côrtes; Casa Civil, Regis Fichtner; e do subsecretário de Educação de Gestão de Ensino, Antônio Neto.