Topo

Após aumento na violência, Beltrame anuncia ocupação da PM em favelas de Niterói

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

19/11/2013 13h43

O secretário de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou nesta terça-feira (19) que a Polícia Militar vai ocupar, até o fim deste ano, duas favelas da cidade de Niterói, na região metropolitana, com o objetivo de instalar uma Companhia Destacada de Policiamento Ostensivo --que segue modelo semelhante ao das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). As comunidades são as do Estado e do Palácio, na região central, consideradas as mais perigosas do município.

Segundo Beltrame, a principal diferença entre UPPs e companhias destacadas está no fato de que a primeira é vinculada à uma administração específica, a CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora), enquanto o outro modelo é executado pelo batalhão da região --em Niterói, o 12º BPM.

Nas favelas do Estado e do Palácio, a Polícia Militar já atua com um efetivo de 110 policiais --este número, porém, não foi considerado suficiente para garantir o controle territorial e a redução dos índices de criminalidade, de acordo com um estudo feito pelo Estado-Maior Operacional.

Dessa forma, no dia 10 dezembro, a PM realizará uma grande operação para ocupar as duas comunidades em definitivo, reforçando o contingente posteriormente com mais 60 homens, isto é, o efetivo total chegará a 170 policiais até o fim do ano.

Em janeiro e março 2014, também serão instaladas companhias destacadas no bairro do Fonseca, na zona norte, e na região de Pendotiba, respectivamente. Cada uma contará com efetivo de 60 policiais.

Bandidos assaltam ônibus no trajeto Rio-Niterói

"Chegou a vez de apresentarmos para Niterói um plano muito simples de ocupação de alguns lugares. (...) Teremos aqui uma ocupação nos morros do Estado e do Palácio, posteriormente em Pendotiba e, por último, Fonseca. Talvez não seja uma situação que Niterói, assim como qualquer outra cidade, mereça", afirmou Beltrame. "Mas é algo que efetivamente se pode fazer. É algo que se tem os efetivos, é algo que se tem como fiscalizar e perenizar."

O chefe do Estado-Maior Operacional da Polícia Militar, coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes, afirmou também que 80 recrutas --cuja formatura está prevista para dezembro-- ajudarão a patrulhar o centro da cidade já no próximo mês. "Vamos chegar a março do ano que vem com 260 homens a mais nas ruas de Niterói", disse ele.

O pacote de medidas anunciado nesta terça-feira foi articulado em razão do aumento expressivo dos índices de criminalidade no município, tema que vem sendo discutido na região desde o início deste ano.

"A gente teve um primeiro semestre ruim do ponto de vista dos indicadores de índices de criminalidade. No início do segundo semestre, esses índices começaram a diminuir, mas ainda não estão bons", afirmou o prefeito Rodrigo Neves (PT).

Violência em Niterói

Levantamento do ISP (Instituto de Segurança Pública) divulgado no final de outubro aponta que o número de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) no Estado do Rio teve aumento 38% em agosto, em comparação ao mesmo mês do ano passado. Foram registrados 406 casos em 2013 ante 294 em 2012.

A região onde o número de homicídios mais aumentou no comparativo entre agosto dos dois anos, no entanto, foi a de Niterói e cidades do entorno: uma variação de 186,7%, passando de 15 em agosto de 2012 para 43 no mesmo período em 2013.

A Polícia Militar informou em nota que o aumento no número de ocorrências criminais no Estado ocorreu "em áreas onde PMs foram deslocados para atuar em manifestações que terminaram em violência". "O patrulhamento ostensivo acabou sendo prejudicado", diz o texto.

Reestruturação da Divisão de Homicídios

O secretário de Estado de Segurança Pública anunciou ainda a reestruturação e ampliação da Divisão de Homicídios de Niterói e de São Gonçalo, que ganhará nova sede e terá reforço de contingente já a partir do próximo mês. Serão 150 policiais civis a mais trabalhando na DH, além de dez novos delegados.

De acordo com a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, o objetivo é fazer com que a distrital especializada tenha a mesma estrutura e condições de trabalho em comparação com a DH da capital fluminense, o que facilitará o trabalho das demais delegacias responsáveis pelas regiões de Niterói, São Gonçalo e municípios vizinhos.

"Vai desonerar essas delegacias de apurar homicídios. Essas delegacias poderão partir para outros tipos de investigação. Essas delegacias também terão, dessa forma, seus efetivos recompostos", disse Beltrame.