Podia ter sido qualquer um de nós, dizem colegas em velório de cinegrafista
O corpo do cinegrafista da “Band” Santiago Ilídio Andrade, 49, morto nesta segunda-feira (10) começou a ser velado por volta de 8h20 desta quinta-feira (13), no cemitério do Caju, na Zona Portuária da capital fluminense, quatro dias depois de ser atingido na cabeça por um rojão, em uma manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus, no centro do Rio.
Ele era muito precavido, cuidadoso, mas tinha até medo de cobrir protestos. E olhe que ele também cobria conflito em morros
Edeilton Macedo, amigo e cinegrafistaA mulher do cinegrafista, Arlita Andrade, chegou ao velório às 8h30, vestindo uma camisa do Flamengo, time do coração do marido, com as inscrições “Santiago, sempre te amarei” nas costas.
O velório será aberto para profissionais de imprensa, amigos e público em geral até as 11h, quando a cerimônia será restrita apenas para família do cinegrafista. A cremação está prevista para acontecer ao meio-dia.
Alguns colegas de Santiago chegaram ao Cemitério do Caju vestindo uma camisa com um desenho do cinegrafista, sentado em uma nuvem com uma câmera no ombro e dizendo "uau, que ângulo". Na parte de trás, uma mensagem de alerta: "Poderia ter sido qualquer um de nós".
Veja o momento em que Santiago é atingido
Entre os repórteres que participam da cobertura do velório, o clima também é de comoção. Muitos foram colegas de Santiago e alguns não conseguem conter as lágrimas. Histórias do cinegrafista, sobre quem se comenta que "não deixava ninguém ficar triste" são lembradas a todo instante.
Santiago teve morte encefálica na manhã de segunda, após ficar quatro dias internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio.
Na tarde de segunda, a família doou os órgãos do cinegrafista, conforme pedido prévio do cinegrafista.
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Prisões
Na madrugada desta quarta-feira (12), a Polícia Civil do Rio prendeu o homem suspeito de acender o rojão que atingiu Santiago, em Feira de Santana (BA), a cerca de 100 quilômetros da capital baiana, Salvador. O auxiliar de serviços gerais Caio Silva de Souza, 22, que fugia para a casa de parentes, no interior do Ceará, foi a segunda pessoa presa pelo envolvimento na explosão do artefato que vitimou o cinegrafista da Band.
No domingo (9), o tatuador Fábio Raposo, 22, que admitiu à polícia ter entregue o rojão para Caio, teve mandado de prisão temporária cumprido por policiais da 17ª DP (São Cristóvão), que investiga o caso. Os dois estão presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio. Caio foi levado, nesta quarta, para a cadeira pública José Frederico Marques. Já Fábio está desde domingo na cadeia pública Bandeira Stampa.
De acordo com o delegado Maurício Luciano de Almeida, que preside o inquérito, os dois foram indiciados por homicídio doloso (quando há intenção de matar) qualificado pelo uso de artefato explosivo e crime de explosão, que somados podem resultar em pena de 35 anos de reclusão.
PRINCIPAL SUSPEITO
Imagens da "TV Brasil" mostram um homem de camisa cinza e calça jeans correndo pela Central do Brasil. Para a Polícia Civil, ele foi o responsável por acender o rojão
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