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Corpo do motorista de Marielle Franco é enterrado no Rio

15.mar.2018 - A funcionária pública Agatha Arnaus Reis no enterro do marido Anderson Pedro Gomes, 39, assassinado junto à vereadora Marielle Franco (PSOL) - Léo Burlá/UOL
15.mar.2018 - A funcionária pública Agatha Arnaus Reis no enterro do marido Anderson Pedro Gomes, 39, assassinado junto à vereadora Marielle Franco (PSOL) Imagem: Léo Burlá/UOL

Do UOL, no Rio*

15/03/2018 18h25

O corpo do motorista Anderson Pedro Gomes, 39, foi enterrado na tarde desta quinta-feira (15) no Cemitério do Inhaúma, zona norte do Rio, sob aplausos de centenas de pessoas. Ontem, ele e a vereadora Marielle Franco (PSOL) foram assassinados a tiros no centro da cidade.

A cerimônia foi marcada pela consternação dos familiares e amigos de Anderson. Muito emocionada, a mulher dele, a funcionária pública Agatha Arnaus Reis, não quis falar sobre o crime.

Instantes antes do sepultamento, Agatha pediu para que o caixão tivesse sua tampa aberta, para que ela colocasse dentro uma foto e uma pasta de cartolina rosa.

Anderson assumiu o cargo de motorista de Marielle havia dois meses, após um acidente com o motorista oficial da vereadora. Antes, dirigia pelo aplicativo Uber. Ele deixa um filho de um ano.

"Trabalhamos juntos. Apesar da cara de garoto, era muito responsável. Aconteceu, infelizmente", lamentou Neilton Ferreira, amigo de Anderson.

Roberto Mathias, tio do motorista, também exaltou o sobrinho. "Não é porque ele morreu que vou ficar defendendo, mas sempre foi de bem, trabalhou", disse.

Anderson Pedro Gomes foi atingido ao menos três vezes na lateral das costas. Marielle foi alvejada quatro vezes na cabeça. Ao todo, o carro foi baleado nove vezes.

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O velório de Marielle e Anderson durou cerca de 1h30 na Câmara Municipal do Rio de Janeiro e foi tomado de emoção. Os corpos chegaram à Casa por volta das 14h30 sob fortes aplausos. A cerimônia foi fechada para amigos e familiares, e centenas de pessoas se reuniram em frente, em vigília. Depois, elas seguiram em marcha em direção à Alerj (Assembleia Legislativa no Rio). Em cartazes, manifestantes questionavam "Quem matou Marielle?".

Ao final do velório, o corpo de Marielle seguiu para o cemitério do Caju, onde foi enterrado aos gritos de "Marielle presente".

Investigações

A Polícia Civil do Rio investiga a possibilidade de a vereadora carioca ter sido seguida desde que deixou um evento na Lapa, na região central, até o momento em que foi assassinada, em uma rua próxima à Prefeitura do Rio, no bairro Estácio, também no centro.

A vereadora foi assassinada com ao menos quatro tiros dentro de um carro. Ela voltava de um evento chamado "Jovens Negras Movendo as Estruturas".

Cerca de 4 km separam o local do evento do ponto onde ocorreu o crime. No trajeto, o carro em que Marielle estava circulou por diversas ruas movimentadas, sendo atacado no momento em que passava por um local mais ermo.

A polícia também investiga se alguma pessoa envolvida no crime estava monitorando a vereadora durante o evento. Ninguém foi preso até o momento.

A vereadora fez uma denúncia, no último sábado (10), em seu perfil nas redes sociais contra policiais do 41º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Acari. Segundo a vereadora, o batalhão estaria "aterrorizando e violentando moradores de Acari".

Há duas semanas, ela assumiu a função de relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio criada para acompanhar a atuação das tropas na intervenção federal na área de segurança do Rio.

* Com reportagem de Carolina Farias, Léo Burlá, Luis Kawaguti, Paula Bianchi e Silvia Ribeiro, e colaboração de Lola Ferreira e Marina Lang

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