Topo

Morre um pouco de cada uma de nós, diz Cármen Lúcia sobre Marielle

"Para sempre Marielle", disse Cármen Lúcia, presidente do Supremo - Pedro Ladeira/Folhapress
"Para sempre Marielle", disse Cármen Lúcia, presidente do Supremo Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

15/03/2018 16h28Atualizada em 15/03/2018 17h42

Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) lamentaram nesta quinta-feira (15) o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL).

A presidente do ST, ministra Cármen Lúcia, prestou homenagem à vereadora carioca.

“Morre uma mulher. No caso de Marielle, morre um pouco cada uma de nós. Fica viva sua luta por Justiça e igualdade. E o nosso compromisso de continuar com ela. Assim, ela continua conosco. Para sempre Marielle!”, afirmou a ministra, em manifestação publicada na conta oficial de Twitter do STF.

Marielle foi assassinada nesta quarta-feira (14) à noite a tiros dentro do carro onde estava. A principal linha de investigação da polícia aponta para um homicídio doloso (quando há intenção de matar). A possibilidade de que o crime tenha sido uma tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte) é considerada remota.

Leia também:

O motorista Anderson Pedro Gomes, 39, também foi atingido pelos disparos e morreu no local.

No período da tarde, ministros do STF usaram a sessão desta quinta-feira para prestar homenagem à vereadora.

O ministro Alexandre de Moraes afirmou que ela foi vítima da “mais cruel e covarde forma de discriminação” e prestou solidariedade à família da vereadora e à do motorista Anderson Gomes.

"Cria da Maré", vereadora usava mandato para denunciar violência policial

UOL Notícias

“A vereadora foi vítima da mais cruel e covarde forma de discriminação, que é a eliminação física. Não bastasse toda uma série de discriminações, o ápice da violência com a eliminação física”, disse Moraes.

O ministro Luís Roberto Barroso afirmou que a melhor homenagem à vereadora seria prosseguir na luta por igualdade e justiça.

“Não há palavras para reagir a altura do assassinato da vereadora Marielle Franco. Aliás, tem faltado palavras para descrever o que está acontecendo no Rio de Janeiro neste exato momento, uma combinação medonha de desigualdade, corrupção e mediocridade. Um círculo vicioso difícil de se romper e que tem conduzido à extrema violência que nós estamos enfrentando”, disse Barroso.

“A única homenagem que a gente pode prestar a quem luta por justiça e por igualdade é continuar a luta por justiça e por igualdade”, afirmou o ministro.

O ministro Ricardo Lewandowski também comentou o assassinato da vereadora.

"Nós vivemos hoje lamentavelmente no Brasil uma maré montante de ódio e intolerância que atinge não apenas as mulheres e negras, caso da vereadora, mas também outras minorias", disse.

"Penso que é missão do Supremo Tribunal Federal estarmos atentos e contribuirmos para a solução deste grave problema e para a pacificação de nosso país", afirmou Lewandowski.

O ministro Gilmar Mendes também comentou o crime no Rio e ressaltou "a nossa responsabilidade enquanto Judiciário sobre esse tema da segurança pública".

Para o ministro Luiz Fux, que também é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foi uma tentativa de “calar a voz política”.

“Nós ficamos também de certa forma chocados com essa notícia que, no mundo de hoje, se tente calar a voz política através de uma atitude que demonstra um baixíssimo deficit civilizatório nesse campo e, ao mesmo tempo, consignar em ata nossa solidariedade aos familiares, aos amigos da vereadora Marielle Franco, que nesse momento passam essa intensa dor de uma perda por motivos que se anulam pela bastardia da própria origem”, declarou Fux.