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CE transfere mais 20 presos para Mossoró após onda de ataques

O presídio federal de Mossoró (RN) - Vinícius Andrade - 18.out.2017/UOL
O presídio federal de Mossoró (RN) Imagem: Vinícius Andrade - 18.out.2017/UOL

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

11/01/2019 07h50Atualizada em 11/01/2019 10h03

Mais 20 presos suspeitos de ter ligação com a onda de ataques no Ceará são transferidos para o presídio federal de Mossoró (RN). A informação foi confirmada pelo governo cearense. 

O ministério da Justiça confirmou a transferência de 15 na noite de quinta-feira (10). Outros cinco deverão ser levados ao estado vizinho nas próximas horas, segundo o governo do estado. O trâmite dependeria de documentação.

Desde o último domingo (6), detentos de presídios cearenses estão sendo levados para a penitenciária no Rio Grande do Norte. Agora, o número de pedidos de transferência chega a 41. Um foi transferido no domingo e outros 20, na última quarta (9).

De Mossoró, eles serão transferidos para outros presídios federais, localizados em Brasília, Porto Velho, Campo Grande e Catanduvas (PR).

A crise na segurança no Ceará começou na noite de 2 de janeiro. Ataques foram registrados no estado em decorrência de intenção do governo de não mais separar integrantes de facções nos presídios cearenses.

Até esta sexta-feira (11), o governo havia informado que 309 pessoas haviam sido presas por relação com os ataques no Ceará.

Em entrevista ao UOL na terça (8), o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), disse que o ministro da Justiça, o ex-juiz federal Sergio Moro, é um aliado contra o crime organizado. Santana também disse que nenhum estado conseguirá resolver a questão das facções criminosas de maneira isolada.

Santana elogiou Moro por ter atendido seu pedido por vagas em presídios federais para líderes de organizações criminosas. O governador disse ainda que não houve atraso na ajuda solicitada ao governo federal. "[Moro agiu] absolutamente dentro do prazo", afirmou.

Provável estopim

No discurso de posse, o secretário de Administração Penitenciária do Ceará, Luís Mauro Albuquerque, disse que encurralaria o crime organizado no Ceará, não reconhecia as facções criminosas e deixaria, portanto, de separar presos de grupos rivais. No dia seguinte à declaração, o Ceará passou a viver uma série de atentados que já duram uma semana. Os atos são interpretados como uma retaliação ao novo secretário e ao discurso.

Em entrevista exclusiva ao UOL na quarta (9), Albuquerque refutou a tese de que tenha provocado os ataques e os relaciona a medidas do Estado contra o crime organizado. "O caminho de gerir uma secretaria e consequentemente o sistema penitenciário é seguindo o que rege a lei. Portanto, não há como voltar atrás", disse.

Gasolina

Na quarta (9), a Polícia Civil do Ceará localizou um depósito clandestino de combustível no bairro Jangurussu, na periferia de Fortaleza. No local, foram encontrados cerca de 7.000 litros de líquidos inflamáveis armazenados em reservatórios de um litro e de 500 ml. Ninguém foi preso.

Segundo investigações da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, o local estava sendo usado para distribuição do combustível para ser usado em ações criminosas contra prédios públicos e ônibus na capital.

A maioria dos ataques realizados até o momento foi feita com combustível, que serviu para incêndios em veículos e prédios públicos e privados.