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Secretário vê redução de ataques e anuncia retirada da Força Nacional do CE

Força Nacional de Segurança Pública faz o policiamento ostensivo nas ruas de Fortaleza - 06.jan.2019 - José Cruz/Agência Brasil
Força Nacional de Segurança Pública faz o policiamento ostensivo nas ruas de Fortaleza Imagem: 06.jan.2019 - José Cruz/Agência Brasil

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

05/02/2019 12h06Atualizada em 05/02/2019 15h17

O secretário Nacional de Segurança Pública, Guilherme Theophilo, anunciou nesta terça-feira (5) o início da retirada das tropas da Força Nacional de Segurança Pública do Ceará. O estado vem tendo o policiamento reforçado pela Força desde o início do mês de janeiro, depois que facções criminosas iniciaram uma onda de ataques a cidades cearenses. Segundo o secretário, a retirada das tropas começa nesta semana e deverá ser finalizada nos próximos dois meses, mas pode ser revista caso novos ataques voltem a acontecer.

A Força Nacional chegou ao Ceará no dia 5 de janeiro, três dias após o início de uma onda de ataques atingir algumas cidades do estado. Ao longo do mês de janeiro, facções criminosas incendiaram ônibus, viaturas e chegaram até mesmo a explodir bombas em postes, torres e estações de transmissão de energia elétrica.

Theophilo disse que a retirada das tropas acontece em um momento em que a situação no Ceará "arrefeceu" e que visa preparar a Força Nacional para atuar em outros estados. O próximo estado que deverá receber integrantes da Força Nacional é o Pará, a partir de março. 

"Nossa missão era reforçar toda a polícia do Ceará, levar a tropa de elite que é a nossa Força Nacional e isso ficou bem nítido e bem revelado na diminuição dos ataques que começaram a declinar até chegarmos no dia 30 e 31 [de janeiro] com zero ataques. Houve uma ou outra queima de viaturas já não são mais ataques de terrorismo. São oportunistas que estão aproveitando o clima estabelecido", afirmou o secretário.

Theophilo salientou que o planejamento de retirada das tropas da Força Nacional pode mudar caso novos ataques sejam registrados nos próximos dias. "Se os ataques voltarem, esse planejamento pode ser alterado. Não precisa nem pedir as tropas de novo", afirmou.

A onda de violência foi iniciada depois que o governo de Camilo Santana (PT) anunciou que uma de suas prioridades seria o endurecimento nas regras em vigor nos presídios do estado.

Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Ceará disse que esperava que a força permanecesse ainda mais 30 dias no local. "A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social informa que o apoio da Força Nacional foi solicitado, inicialmente, para o período de 30 dias. O Governo do Estado do Ceará solicitou a prorrogação da permanência das equipes por mais 30 dias. A SSPDS esclarece que as tratativas para a prorrogação seguem em andamento", diz nota enviada à imprensa.

Segundo o jornal Tribuna do Ceará, em um mês, foram 283 ataques em 56 dos 184 municípios do estado, sendo 134 em Fortaleza.

Nos últimos anos, o Ceará se transformou em um dos principais territórios em disputa por facções que tentam controlar o tráfico de drogas no Brasil e em nível regional. O estado possui portos que são considerados estratégicos para o escoamento de droga para a Europa, Ásia e África.

Atualmente, as três facções mais fortes no estado são o PCC, o GDE (Guardiões do Estado) - que são aliadas - e o CV (Comando Vermelho).

Modus operandi de facções preocupa governo

Guilherme Theophilo disse que a forma como os ataques aconteceram no Ceará deixou o governo preocupado. Isso porque criminosos fizeram ataques a estruturas críticas de infraestrutura do estado como estações e torres de transmissão, trilhos de trem e até mesmo pontes e viadutos.

"Esse modus operandi nos preocupa muito e acho que pode ser utilizado em outros estados. e Foram ataques cirúrgicos [...] que isso pode se replicar, não tenha dúvidas. Principalmente o PCC (Primeiro Comando da Capital), eles atuam num alto nível de táticas de guerra irregular", disse o secretário.