Topo

CE pediu Força Nacional por mais 30 dias e soube de retirada pela imprensa

Homens da Força Nacional de Segurança estão no Ceará desde 5 de janeiro de 2019 - Agência Brasil
Homens da Força Nacional de Segurança estão no Ceará desde 5 de janeiro de 2019 Imagem: Agência Brasil

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

05/02/2019 14h58Atualizada em 05/02/2019 15h00

Resumo da notícia

  • Governo do Ceará afirma ter pedido ajuda da Força Nacional por mais 30 dias no estado, e diz ter sido informado pela imprensa da retirada de tropas

Na última semana de janeiro, o Ceará solicitou ao governo federal a permanência da Força Nacional de Segurança Pública por, pelo menos, mais 30 dias. O estado enfrentou desde os primeiros dias do ano uma série de ataques orquestrados pelo crime organizado. Nesta terça-feira (5), com o anúncio do secretário nacional de Segurança Pública, a gestão cearense soube da decisão do governo federal de iniciar o processo de retirada das tropas.

O governador Camilo Santana (PT) estava ontem em Brasília em reunião com o ministro da Justiça, Sergio Moro, além de outros governadores. O governo soube da retirada da Força Nacional de Segurança pela imprensa. As forças estaduais de segurança se manterão em estado de atenção.
Assessoria de imprensa do governo do Ceará

Em nota, a secretaria da Segurança Pública informou que "o apoio da Força Nacional foi solicitado, inicialmente, para o período de 30 dias. O Governo do Estado do Ceará solicitou a prorrogação da permanência das equipes por mais 30 dias. A secretaria esclarece que as tratativas para a prorrogação seguem em andamento".

A pasta informou, também, que "a atuação constante do efetivo nas ruas e as operações de inteligência estão tendo reflexo direto numa tendência de redução de atos criminais, como diminuição de roubos, furtos e homicídios. 466 suspeitos foram capturados, até esta segunda-feira (4), por envolvimento nos atos criminosos registrados no Ceará. Destes, 318 são adultos e 148 são adolescentes".

Durante sessão na Assembleia Legislativa do Ceará, ainda nesta terça, o governador Santana afirmou que "a informação não oficial que foi dada é que a Força Nacional irá ser estendida, apesar de que o ministro acha que a situação já foi resolvida no Ceará", apontando que "era importante" a Força Nacional permanecer com seus 406 homens no estado.

As tropas chegaram ao Ceará no dia 5 de janeiro, três dias após o início de uma onda de ataques atingir algumas cidades do estado. Ao longo do mês de janeiro, facções criminosas incendiaram ônibus, viaturas e chegaram até mesmo a explodir bombas em postes, torres e estações de transmissão de energia elétrica.

O secretário nacional de Segurança Pública, Gulherme Theophilo, foi o responsável por anunciar a retirada das tropas, em entrevista coletiva feita em Brasília, no início da tarde desta terça-feira. Segundo ele, a situação no Ceará "arrefeceu" e a retirada visa a preparar a Força Nacional para atuar em outros estados. O próximo estado que deverá receber integrantes da Força Nacional é o Pará, a partir de março.

Segundo o governo do estado, o fato de ter diminuído o número de ataques não significa que a segurança está controlada. Policiais civis, militares e bombeiros se manterão, durante o próximo mês, atentos contra atos violentos. 

Segundo o jornal Tribuna do Ceará, em um mês, foram 283 ataques em 56 dos 184 municípios do estado, sendo 134 em Fortaleza. Nos últimos anos, o Ceará se transformou em um dos principais territórios em disputa por facções que tentam controlar o tráfico de drogas no Brasil e em nível regional. 

O estado possui portos que são considerados estratégicos para o escoamento de droga para a Europa, Ásia e África. Atualmente, as três facções mais fortes no estado são o PCC (Primeiro Comando da Capital), o GDE (Guardiões do Estado) - que são aliadas - e o CV (Comando Vermelho).