SP: Zona leste e zona sul são regiões com maior letalidade policial
A zona leste e a zona sul da cidade de São Paulo são as áreas em que a polícia mais matou no ano de 2018. É o que aponta o relatório divulgado na última quinta-feira (8) pela Ouvidoria das polícias de São Paulo.
O relatório mostra que na zona leste aconteceram 118 mortos e, na zona sul, foram 80.
O destaque é para a cidade de Santos, onde ocorreram 67 mortes decorrentes de intervenção policial. Em seguida, as cidades de Guarulhos (39 mortes), Osasco (27 mortes), Carapicuíba (26 mortes) e Santo André (25 mortes) fecham as regiões de maior letalidade.
Guaracy Mingardi, especialista em segurança pública e ex-secretário municipal de segurança de Guarulhos, afirma que o cenário de violência nas regiões depende muito do comando dos batalhões específicos, mas que a zona sul de São Paulo é área a mais violenta há 30 anos.
"A violência na zona sul tem a ver com a desorganização, porque é uma região mais nova da cidade. Área de urbanização bagunçada é geralmente mais violenta", explica.
O UOL revelou que, em 2017, homicídio era o crime que mais levava policiais militares para a prisão. No onze anos que antecederam, o levantamento mostrou que o batalhão do Capão Redondo, zona sul da capital, era o que mais tinha PMs presos, com 75 homens.
Foi no 22º Batalhão da PM, no jardim Marajoara, zona sul de São Paulo, que uma operação da Corregedoria prendeu 54 policiais militares suspeitos de envolvimento com o PCC em dezembro passado.
De acordo com Benedito Domingos Mariano, ouvidor das polícias e autor do relatório, as duas áreas são muito populosas e com grande população periférica que, segundo ele, é a maior vítima.
"As vítimas da letalidade policial são 99% pobres, as duas regiões espelham o perfil da letalidade policial. As vítimas em outras regiões e cidades da grande São Paulo tem a mesma realidade: as regiões periféricas", afirmou.
Para Domingos Mariano, a Corregedoria da Polícia Militar deve intensificar a fiscalização nestas duas regiões por meio da PDO (Patrulha Disciplina Ostensiva) e também os comandos intermediários dos Batalhões.
Após entrada de comandante pró-direitos humanos, letalidade caiu
No ano de 2018, o levantamento da Ouvidoria registrou 851 civis mortos por intervenção policial em serviço e na folga, uma queda de 9% comparado com 2017, em que ocorreram 940 mortes.
De acordo com o relatório, assinado por Benedito Domingos Mariano, ouvidor das polícias, "é uma pequena queda e pode indicar uma curva descendente da letalidade policial, apesar de ainda estar num patamar muito alto".
As mortes decorrentes de intervenção policial representam a terceira maior reclamação feita a Ouvidoria em 2018.
Esse cenário pode ser explicado pela entrada pela mudança de comando na PM paulista. Em 2017, as polícias de São Paulo bateram recorde de letalidade policial com o comandante da polícia militar era o coronel Nivaldo Restivo, que esteve no Massacre do Carandiru em 1992 e que é o atual secretário da Administração Penitenciária.
Após Geraldo Alckmin (PSDB), então governador do estado, deixar o cargo para tentar a Presidência da República, seu vice, Márcio França (PSB), ao assumir, trocou Restivo pelo coronel Marcelo Vieira Salles, com quem já cultivava amizade e confiança. Salles é conhecido por ter ter perfil de defesa aos direitos humanos.
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