Polícia prende suspeito de fornecer arma e munição no massacre de Suzano
Quase um mês depois do massacre de Suzano, na Grande São Paulo, a Polícia Civil deteve na tarde de hoje um homem suspeito de ter vendido arma e munições aos autores da matança. Cristiano de Souza, 47, foi identificado pelos investigadores através de mensagens que estavam no celular de um dos assassinos.
Ele estava com prisão preventiva decretada pela Justiça e foi localizado na zona rural do município. Não resistiu à prisão e presta depoimento ainda hoje na Delegacia Seccional de Suzano, responsável pela investigação. Deve responder por homicídio com dolo eventual. Os autores do massacre usaram um revólver calibre 38 com numeração raspada.
Cinco estudantes e duas funcionárias da Escola Estadual Professor Raul Brasil foram mortos por dois ex-alunos da instituição na manhã do dia 13 de março. Onze estudantes ficaram feridos -- todos receberam alta hospitalar.
O tio de um dos assassinos foi morto minutos antes em uma loja de carros. A dupla responsável pelo massacre - um de 17 anos e outro de 25 -- também morreu na escola.
Outro adolescente de 17 anos, também ex-aluno da Raul Brasil, permanece apreendido por suspeita de envolvimento com o planejamento do massacre. O delegado Alexandre Henrique Augusto Dias chegou a afirmar em março que o rapaz comprou objetos usados no ataque e foi "mentor intelectual" da ação.
De acordo com informações de hoje da Polícia Civil, o suspeito de vender a arma teria mantido contato somente com um dos autores do massacre, e não com o adolescente apreendido.
Os assassinos moravam na mesma rua em Suzano, eram amigos e compartilhavam o gosto por jogos de videogame. De acordo com vizinhos, a dupla chegou a bater na porta da casa de um desafeto na mesma rua. A família do vizinho não atendeu aos chamados.
No ataque à escola, os autores do massacre também usaram um machado e uma besta (espécie de arco e flecha).
Em cadernos apreendidos pela polícia, um dos assassinos desenhou armas e homens encapuzados e escreveu palavras de ódio, além de anotações que trazem as "regras do jogo", em referência a táticas de games.
Trauma e indenizações
Alunos, funcionários e professores da Raul Brasil enfrentam o trauma provocado pelo massacre. As aulas foram retomadas na instituição, mas mães e pais relatam que estudantes se sentem mal na escola. As famílias também têm cobrado a adoção de medidas de segurança na instituição.
O governo de São Paulo definiu os critérios para indenizar as famílias dos mortos e feridos na escola por danos materiais e morais. Os parentes têm 60 dias para decidir se aceitam o acordo.
* Com informações do Estadão Conteúdo; colaborou Bernardo Barbosa
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