Topo

MP-RJ denuncia por homicídio segurança que asfixiou jovem em supermercado

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

27/06/2019 16h25

O MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) denunciou hoje dois seguranças do supermercado Extra na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio) pelo assassinato de Pedro Henrique de Oliveira Gonzaga em fevereiro.

Segundo a denúncia, o segurança Davi Ricardo Moreira Amancio "estrangulou a vítima, causando-lhe as lesões que provocaram sua morte".

Outro segurança também foi denunciado. De acordo com o MP, Edmilson Felix Pereira "apenas observou a conduta de Davi, quando, na condição de vigilante do estabelecimento, deveria ter tentado impedir o crime cometido pelo primeiro denunciado".

Ainda segundo a promotoria, o crime foi praticado com o emprego de asfixia. "Mesmo após Pedro ter sido dominado por Davi, o vigilante continuou a aplicar o movimento que impedia a vítima de respirar, o que acabou causando-lhe as lesões descritas no Laudo de Exame de Necropsia e que foram a causa eficiente de sua morte", afirmou o MP, em comunicado.

O MP pede ainda que os dois denunciados respondam pelo crime de homicídio qualificado com emprego de asfixia. A pena prevista na legislação para o crime varia de 12 a 30 anos de reclusão.

Procurado pela reportagem, o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) não informou se a denúncia já foi aceita pela justiça.

Pessoas pediam que segurança soltasse o jovem

Pedro Henrique morreu após levar um golpe conhecido como "gravata" dentro do supermercado. O jovem chegou a ser levado pelos bombeiros com parada cardiorrespiratória para o Centro de Emergência Regional da Barra da Tijuca.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o jovem deu entrada às 14h. Já na unidade, ele sofreu mais duas paradas cardiorrespiratórias e morreu às 15h10.

Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrava o rapaz sendo imobilizado, aparentemente desacordado, com o segurança deitado sobre ele. Na filmagem, o segurança refutava pedidos de outras pessoas para que soltasse Gonzaga.

Uma delas disse: "Está desmaiado, não está não?". Outra falou: "Ele tá com a mão roxa". Mas o segurança se negou a sair de cima e respondeu: "Quem sabe sou eu". Outros funcionários do supermercado ainda circundavam os dois homens no chão, mas nada faziam.

À época, a defesa do segurança informou que ele alegou legítima defesa e acusou o jovem de tomar uma das armas dos seguranças para ameaçar os clientes.

"Ele chegou a apontar a arma para os presentes no mercado e, neste momento, um segundo segurança conseguiu intervir. Neste momento, o Davi e o jovem entraram em luta corporal e o segurança cai por cima dele, o deixando imobilizado até a chegada de reforços", explicou o advogado André França Barreto.

A versão foi contestada pela mãe de Pedro Henrique em depoimento à polícia. Dinalva dos Santos de Oliveira estava com o filho no supermercado e disse à polícia que "ele [o segurança] assassinou" o jovem, segundo informou Marcello Ramalho, advogado da família, que acompanhou o relato.

"A mãe viu o filho dela em momento de surto [psicótico]. Ele correu, o segurança foi atrás, aplicou o golpe nele, derrubou o garoto no chão. E ele ficou", disse o advogado, negando ameaças feitas por Pedro Henrique.