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Braço-direito do PCC sai de prisão após habeas corpus de ministro do STF

Em janeiro de 2013, policiais da Rota prendem e levam ao 8º DP, no Brás (SP), Odemir Francisco dos Santos, o Branco - Eduardo Anizelli - 15.jan.2013/Folhapress/Arte/UOL
Em janeiro de 2013, policiais da Rota prendem e levam ao 8º DP, no Brás (SP), Odemir Francisco dos Santos, o Branco Imagem: Eduardo Anizelli - 15.jan.2013/Folhapress/Arte/UOL

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

17/09/2019 13h30Atualizada em 25/11/2019 12h17

Resumo da notícia

  • Ministro Marco Aurélio de Mello cedeu habeas corpus a Odemir dos Santos
  • Integrante do PCC, Santos lavava dinheiro por meio de uma agência de carros
  • Para ministro, Santos estava preso "sem culpa formada"

O habeas corpus do ministro Marco Aurélio Mello a favor do réu foi concedido no fim de agosto —portanto, não tem ligação com a decisão do STF contra a execução das penas antes do trânsito julgado, em 7 de novembro

Em decisão monocrática proferida no fim de agosto, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello determinou a liberdade de um integrante do segundo escalão na cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital). Odemir Francisco dos Santos, 39, conhecido como Branco, foi beneficiado com habeas corpus liminar.

A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) informou que Branco deixou o CDP (Centro de Detenção Provisória) 3 de Pinheiros no dia 4 de setembro "em cumprimento à decisão judicial que determinou a liberdade provisória".

Segundo o MP (Ministério Público), Branco lavava dinheiro para a organização criminosa através de uma loja de automóveis, que está registrada em nome de um "laranja". Além disso, a acusação aponta que ele fornecia carros para que integrantes da facção transportassem armas e drogas.

Odemir Francisco dos Santos, acusado de ser líder do PCC - Reprodução/TJ - Reprodução/TJ
Imagem: Reprodução/TJ

O habeas corpus foi concedido em um processo de 2016. Em abril daquele ano, Branco foi acusado de ser o dono de nove fuzis, 380 munições e acessórios de armas de fogo, além de 882 kg de cocaína. Todos os itens haviam sido apreendidos na capital paulista com outros integrantes da facção.

A investigação identificou Branco como o dono dos itens por meio de interceptação telefônica. A defesa impetrou habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas foi negado. Com isso, recorreu ao STF. O ministro Marco Aurélio Mello acolheu o pedido em 27 de agosto.

Marco Aurelio Mello- Foto Rosinei Coutinho STF - Rosinei Coutinho/STF - Rosinei Coutinho/STF
Ministro Marco Aurélio Mello, do STF
Imagem: Rosinei Coutinho/STF

De acordo com a decisão do ministro, Branco estava preso "sem culpa formada". "Privar da liberdade, por tempo desproporcional, pessoa cuja responsabilidade penal não veio a ser declarada em definitivo viola o princípio da não culpabilidade", escreveu.

"Advirtam-no da necessidade de permanecer com a residência indicada ao Juízo, atendendo os chamamentos judiciais, de informar eventual transferência e de adotar a postura que se aguarda do cidadão integrado à sociedade", complementou.

Conheça a trajetória de 25 anos do PCC (Primeiro Comando da Capital)

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Defesa alegou risco de morte

Odemir dos Santos estava recluso na penitenciária de Tupi Paulista, no interior de São Paulo, no ano passado. Petição interposta nos autos pela defesa do acusado apontou que ele corria risco de morrer dentro do presídio por ter, no local, membros de facções rivais ao PCC.

"Na referida unidade prisional são inseridos presos de facções inimigas ao PCC (CRBC [Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade], FDN [Família do Norte], CV [Comando Vermelho], entre outras)", informou.

"Ocorre que o requerente, quando ali incluso, não aderiu a qualquer facção dominante nesta penitenciária e, em razão disso, foi considerado como 'simpatizante do PCC', tendo sua integridade física ameaçada por constantes ameaças no convívio com os demais presos faccionados", complementou.

Odemir Francisco dos Santos, o Branco, acusado de liderar o PCC, foi preso por policiais da Rota - 15.jan.2013 - Eduardo Anizelli/Folhapress - 15.jan.2013 - Eduardo Anizelli/Folhapress
Odemir dos Santos ao ser preso por policiais da Rota
Imagem: 15.jan.2013 - Eduardo Anizelli/Folhapress

A defesa apontou que a manutenção de Branco no local poderia resultar "numa tragédia anunciada", se referindo a possíveis confrontos entre integrantes de facções distintas, relembrando os casos ocorridos nos últimos anos em presídios do Norte e do Nordeste do Brasil.

O advogado do acusado pediu que a SAP o movesse para qualquer outra unidade prisional. Sob o argumento de que, ao chegar ao presídio, em maio de 2018, Branco informou à direção do presídio que não corria risco na unidade, a Justiça paulista negou a nova transferência.

CNH falsificada

Em julho do ano passado, a mulher de Odemir tentou entrar no presídio com uma CNH (Carteira Nacional de Habilitação) falsa, com um nome de uma outra pessoa, mas com a foto de Branco. O documento falso estava sob a palmilha de um par de tênis que seria entregue ao acusado.

CNH falsa sob palmilha entregue para Branco dentro de presídio - Reprodução/TJ - Reprodução/TJ
CNH falsa sob palmilha entregue para Branco dentro de presídio
Imagem: Reprodução/TJ

A Diretoria de Divisão do Centro de Segurança e Disciplina determinou, pela infração, que Odemir ficasse por 30 dias isolado, além de perder direito a rádio, TV e visitas íntimas no período. "Numa eventual fuga, poderia utilizar o documento para se ver livre de ações de recaptura", apontou a direção do presídio.

Em depoimento à direção do presídio, Odemir disse que não pediu para a mulher levar um documento falso a ele. Em depoimento à polícia, a mulher informou que não sabia que havia o documento junto ao calçado.