Em 7 dias, Doria troca elogios por afastamento de PMs que agiram em baile
Resumo da notícia
- Em 1º de dezembro, nove jovens morreram em Paraisópolis após ação de PMs
- De início, Doria ficou ao lado dos PMs e rechaçou condenações aos militares
- Ao longo da semana, o governador paulista passou a criticar PMs
No período de uma semana, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), inverteu totalmente seu posicionamento sobre a ação de policiais militares dentro da favela de Paraisópolis. Na madrugada de 1º de dezembro, nove jovens foram mortos ao tentar deixar um baile funk na zona sul da capital paulista.
Em um primeiro momento, Doria refutou completamente a responsabilização dos PMs envolvidos, e defendeu a corporação e a conduta da PM (Polícia Militar) na operação. Com o passar dos dias, foi mudando de discurso até anunciar o afastamento de todos os policiais que agiram na ocorrência.
A reportagem apurou, no entanto, que a investigação interna deve ter como principais alvos apenas os seis primeiros policiais que entraram na favela, por, supostamente, terem sido eles os provocadores do tumulto. Todos os policiais estão em serviço administrativo.
Pessoas ligadas ao grupo de trabalho que debate a segurança pública de São Paulo apontaram que Doria ficou temerário, pela primeira vez durante seu governo, porque a defesa aos PMs não estava emplacando nem mesmo junto aos seus eleitores mais fiéis.
A reação popular ao caso de Paraisópolis e aos posicionamentos do governador também preocuparam. Sobretudo após discurso de Danylo Amilcar, irmão de Denys Quirino, 16, uma das nove vítimas fatais, que afirmou, emocionado, que a culpa era do governador, ao afirmar, após aquela madrugada, que a política de segurança pública do estado estava no caminho certo.
- 1º de dezembro
Nove jovens morreram durante a madrugada em Paraisópolis após ação de PMs. No início da tarde daquele domingo, Doria afirmou lamentar o ocorrido e que tinha determinado "apuração rigorosa dos fatos".
- 2 de dezembro
Doria negou que as mortes ocorridas tenham sido motivadas por ações da PM e que nem sequer havia ocorrido invasão dentro da favela por policiais. "A letalidade não foi provocada pela PM, e, sim, por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo baile funk. É preciso ter muito cuidado para não inverter o processo", afirmou o governador.
Ao anunciar o afastamento de seis policiais do serviço operacional, o governador quis chamar o afastamento de "preservação" para amenizar a suspeição contra os militares. Doria declarou ainda que o estado de São Paulo "tem o melhor sistema de segurança preventiva", mas "isso não significa que não seja infalível". E reafirmou elogios aos policiais e sua política de segurança pública.
A política de segurança do estado de SP não vai mudar.
Doria em 2 de dezembro
- 3 de dezembro
Em entrevista a jornalistas estrangeiros, Doria pediu que os policiais envolvidos não fossem condenados de antemão. "Não se pode condenar se dois, três, quatro, cinco ou seis policiais cometeram equívocos. É preciso investigar e, havendo a culpabilidade, penalizá-los, evidentemente", disse.
Doria manteve a versão oficial de que não houve uma operação em Paraisópolis na madrugada de domingo, mas, sim, uma perseguição policial a dois suspeitos, e voltou a elogiar a corporação paulista.
"Não se pode condenar uma corporação, ainda mais a Polícia Militar do Estado de São Paulo, que é a mais bem treinada polícia militar do país, e a melhor polícia militar do Brasil", afirmou.
- 4 de dezembro
Após passeata de moradores de Paraisópolis até o Palácio dos Bandeirantes, com manifestantes elegendo Doria como principal culpado pelas nove mortes ocorridas na favela, o governador recebeu duas mães.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa de Doria informou que o governador ouviu os relatos das mães que perderam seus filhos e "reiterou compromisso de rigor e transparência em relação à investigação das mortes".
- 5 de dezembro
Após grande repercussão de vídeos que mostram PMs agredindo jovens, Doria recuou pela primeira vez e admitiu revisar os protocolos das polícias do estado. Foi nessa data que o governador também aceitou criar uma comissão externa, formada por membros da sociedade civil, para acompanhar as investigações do caso.
"A Polícia Militar e a Polícia Civil já foram orientadas a rever protocolos e identificar procedimentos que possam melhorar e inibir, senão acabar, com qualquer perspectiva da utilização de violência e de uso desproporcional de força", afirmou.
- 6 de dezembro
Governador afirmou "não ter compromisso com o erro". "Nesse momento dramático de Paraisópolis, ao invés de uma atitude impositiva, generalista ou de acusação a um ou outro, não vamos nem acusar a comunidade nem acusar a polícia. Buscamos o diálogo", disse
- 7 de dezembro
Repetiu que o governo não tem "compromisso com o erro" e disse que "todas as teses, não só as de segurança, estão sendo debatidas aqui". "Democracia é isso: é saber ouvir, saber permear e saber corrigir também, fazer tudo para acertar."
- 9 de dezembro
Aceitou pedido de familiares de vítimas para afastar todos os PMs envolvidos. A informação foi confirmada aos familiares das vítimas e a jornalistas pela defensora pública Ana Carolina Schwan.
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