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PM de SP expulsou ou demitiu um policial a cada dois dias em 2019

PM suspeito de crime é levado por homens da Corregedoria ao presídio militar Romão Gomes - Zanone Fraissat/Folhapress
PM suspeito de crime é levado por homens da Corregedoria ao presídio militar Romão Gomes
Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

11/12/2019 14h44

Resumo da notícia

  • Entre janeiro e outubro deste ano, a PM expulsou ou demitiu 136 policiais
  • No mesmo período, policiais mataram 697 suspeitos, 11 a mais do que em 2018
  • Governo diz que não compactua com desvios de conduta cometidos por policiais

Com o aumento no número de mortes por intervenção policial em São Paulo, a PM (Polícia Militar) expulsou ou demitiu 136 policiais entre janeiro e outubro deste ano. Ou seja, um PM foi demitido a cada 2,2 dias. Os dados são da SSP (Secretaria da Segurança Pública).

Segundo a SSP, o número de policiais expulsos ou demitidos representa 0,2% do total do efetivo da corporação. "A instituição não compactua com qualquer desvio de conduta de seus agentes, que, em sua grande maioria, atuam de acordo com as normas e procedimentos da PM", informou a pasta.

Levantamento da Ouvidoria da Polícia aponta que, entre janeiro e outubro deste ano, 697 pessoas foram mortas por policiais militares no estado. No mesmo período do ano passado, foram 686 vítimas. O que faz o órgão prever que o ano termine com alta na letalidade.

De acordo com o ouvidor, Benedito Mariano, "infelizmente, a Corregedoria da PM só instaura e investiga, em média, 3% de inquéritos desta natureza [mortes causadas por policiais]".

A SSP, no entanto, afirma que uma resolução estadual "garante total eficácia nas investigações, com o comparecimento das Corregedorias, além de equipe específica do IML (Instituto Médico Legal) e IC (Instituto de Criminalística) e integrantes do MP (Ministério Público)".

"Paralelamente à investigação criminal, todas ocorrências são analisadas administrativamente para verificar o cumprimento dos protocolos existentes", acrescentou a secretaria. "Todas as ocorrências com morte decorrente de intervenção policial são rigorosamente investigadas", complementou.

Batalhão especial de Santos é o mais letal

Em expansão no governo de João Doria (PSDB), os Baeps (Batalhões de Ações Especiais de Polícia) têm se destacado quanto à letalidade da polícia paulista. Relatório divulgado hoje pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo aponta que o Baep de Santos, cidade do litoral de São Paulo, é o mais letal, entre os casos acompanhados pelo órgão, entre janeiro e novembro deste ano.

Os Baeps seguem o "padrão Rota" de atuação e têm o objetivo de aumentar a sensação de segurança. A Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) é um batalhão especial destacado para combater crimes de maior gravidade.

Ao todo, policiais militares integrantes do 2º Baep da cidade do litoral paulista mataram 27 pessoas. No mesmo período, integrantes de outro batalhão de Santos, o 6º BPM (Batalhão de Polícia Militar), mataram outras nove pessoas. Ao todo, 36 pessoas foram mortas pela polícia na cidade este ano.

Além do Baep de Santos, o ouvidor chama a atenção para a letalidade de um outro batalhão especial: o Baep de São José do Rio Preto. "Esse batalhão tem 10 mortes em apenas duas ocorrências", disse. A Rota não está no ranking divulgado ontem.

Entre os 16 batalhões com mais casos de letalidade acompanhados pela ouvidoria, três estão na zona leste da capital paulista. Ao todo, foram 39 pessoas mortas pela PM na região.

O único batalhão da zona oeste de São Paulo que está no ranking da ouvidoria entre os mais letais é o 16º BPM, da Vila Andrade, e que atende a favela de Paraisópolis onde nove pessoas morreram no começo do mês em um baile. Ao todo, PMs do batalhão mataram 14 pessoas entre janeiro e novembro deste ano.

Dos 30 batalhões com mais PMs presos, 27 estão na periferia ou Grande SP

UOL Notícias