Com portas fechadas, lojas mantêm vendas pelo 'zap' e com mediadores em SP
Um homem e uma mulher tentam, na frente de uma loja fechada em São Paulo, completar uma ligação. Na porta do estabelecimento, uma placa: "Estamos atendendo via WhatsApp". "Estou na frente, vocês não vão vir?", pergunta o cliente, que tentava comprar um notebook na região da Santa Ifigênia, polo de venda de eletrônicos e peças para carros na capital paulista.
A cena se repetiu hoje diversas vezes hoje, primeiro dia de proibição ao comércio em São Paulo devido à pandemia de covid-19, doença causada pelo coronavírus.
Quem saiu de casa esperando comprar algo encontrou ruas fechadas e uma infinidade de furgões brancos da prefeitura fiscalizando os comércios na região central.
Ali, também não se viam mais os camelôs e os vendedores de frutas que costumam habitar as esquinas das ruas Aurora, Vitória e Timbiras.
Mas houve alternativas: além dos contatos por Whatsapp, por trás das vitrines fechadas, muitos comerciantes tentavam manter os negócios também por meio de mediadores que abordavam os clientes nas ruas, perguntavam qual era o produto desejado e faziam a ponte com os vendedores enclausurados.
"Hoje o dia foi até melhor para nós, porque como as pessoas viam tudo fechado, elas tinham que vir falar com a gente. Aí a gente indica, porque só nós sabemos quais lojas estão abertas", diz Gabriel da Silva, 21, que trabalha recomendando as lojas aos clientes que passam na rua — função comum na Santa Ifigênia e ainda mais requisitada hoje.
Fechamento vai até 5 de abril
O cenário inusitado veio após definição da Prefeitura, na esteira das medidas de combate à proliferação do novo coronavírus. Na quarta-feira (18), o prefeito Bruno Covas (PSDB) assinou decreto determinando o fechamento do comércio na cidade de São Paulo a partir de hoje até o dia 5 de abril.
Segundo os fiscais, a determinação para os lojistas que insistirem é a aplicação de uma multa, cujo valor não foi confirmado pela reportagem.
Muitos dos comerciantes disseram que não sabiam da proibição que vigorava a partir de hoje. Baixaram as portas, mas seguiam trabalhando do lado de dentro.
Pelo decreto da Prefeitura, os lojistas podem trabalhar, mas sem abrir as portas para as pessoas. Avisados pelos mediadores, os vendedores saíam para negociar com os possíveis compradores do lado de fora.
"Tem que ser desse jeito, e até que consegui fazer várias vendas. Os clientes chegaram aqui e ficaram desesperados", diz Silva, que trabalha há três anos na região. Este é o último dia dele na rua tradicional do centro de São Paulo. A partir de amanhã, não vem mais. "Não vale a pena, não vai ter mais ninguém."
Dono de algumas lojas na região, Joseph Riachi foi um dos comerciantes que trabalhou hoje. Ele conseguiu fazer algumas vendas na rua depois de perguntar para os fiscais se era permitido. Por volta do meio-dia, no entanto, já organizava a loja para fechar e liberar seus 17 funcionários. "Já não tem mais o que fazer por aqui", sentenciou.
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