PM que pisou em mulher trabalhou na rua por 45 dias antes de ser afastado
Resumo da notícia
- Soldado foi transferido para outro batalhão após ocorrência
- PMs que trabalharam com ele no último mês disseram que ele seguiu na rua
- Ordem de ir para o serviço administrativo chegou apenas na tarde de terça
- Secretário-executivo da PM disse no dia 13 que o soldado tinha sido afastado
- No domingo, o governador João Doria havia afirmado o mesmo
Depois de pisar no pescoço de uma comerciante negra de 51 anos durante uma abordagem no dia 30 de maio, o soldado João Paulo Servato, 34, não foi afastado de imediato, como informou o governo paulista. Ele foi transferido para um batalhão, onde permaneceu atuando nas ruas por 45 dias, segundo PMs que trabalharam com ele no último mês.
O soldado recebeu a informação de que iria para o serviço administrativo apenas no horário de almoço da última terça-feira (14), de acordo com colegas de farda, após a repercussão das imagens, que foram exibidas inicialmente na noite de domingo, no Fantástico, da TV Globo.
Servato servia o 50º batalhão, no Jardim Floresta, extremo sul da capital, até o fim de maio. No dia 30 daquele mês, um IPM (Inquérito Policial Militar) foi instaurado para tentar esclarecer se houve excesso na abordagem realizada a pessoas que estavam em um bar de Parelheiros, também na zona sul. Ele foi transferido para o 12º batalhão, no Campo Belo, zona sul, onde sua última ação dentro de viatura ocorreu na noite de segunda-feira (13).
Às 23h21 de domingo (12), após as imagens terem sido exibidas no Fantástico, o governador João Doria (PSDB) escreveu no Twitter que os PMs já tinham sido afastados e que responderiam a inquérito. Ele disse que as cenas lhe causaram repulsa.
Em entrevista a jornalistas no dia seguinte, o secretário-executivo da PM, coronel Alvaro Batista Camilo, afirmou que os PMs que apareciam nas imagens "não foram afastados agora, como o governador já falou, foram afastados naquela época". "Continuamos sempre implacáveis contra esses que cometem desvios", declarou.
A reportagem ligou para o 12º batalhão e pediu para falar com o soldado Servato, mas foi informada que ele não se encontrava no momento. Em entrevista ao Fantástico, exibida no domingo, ele afirmou que usou "o meio necessário" para conter a comerciante.
Por meio de nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que "um inquérito policial militar foi instaurado, em 30 de maio, para apurar o caso". "Os policiais envolvidos permanecem fora das atividades operacionais até a conclusão das investigações."
Ainda segundo a pasta, "um deles foi remanejado para outro batalhão". "Equipes responsáveis pelo IPM, assim como policiais civis do 25º DP, realizam diligências para colher provas e informações que auxiliem no esclarecimento dos fatos."
O caso
Três imagens registradas por celulares mostraram a ação. Na primeira, um policial militar aparece pisando sobre o pescoço da comerciante, que estava deitada no asfalto. No segundo, um PM aparece apontando a arma para um rapaz, que tirava a camiseta com intenção de mostrar que estava desarmado.
No terceiro vídeo, divulgado por PMs ontem, é possível ver a comerciante agredindo um PM com o cabo de uma vassoura. Na delegacia, os policiais militares afirmaram que haviam sido agredidos pela mulher com uma barra de ferro —o que é desmentido pelas imagens.
Após a abordagem, a comerciante disse que foi para um pronto-socorro da região, sendo transferida em seguida para o Hospital Geral do Grajaú, onde foi constatado que ela havia quebrado a tíbia. Ela ficou com a perna engessada por 30 dias e realizou uma cirurgia no último dia 29 de junho, para colocação de uma haste e dois pinos.
A comerciante e dois clientes foram indiciados, na ocasião, por resistência, desobediência, desacato e lesão corporal no 101º DP, no Jardim das Imbuias. O caso, porém, é investigado pelo 25º DP, de Parelheiros.
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