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MP-SP pede quebra de sigilo telefônico de 31 PMs por mortes em Paraisópolis

04.dez.2019 - Familiares se abraçam durante protesto em Paraisópolis, em memória das mortes de nove jovens em um baile funk - 04.dez.2019 - Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo
04.dez.2019 - Familiares se abraçam durante protesto em Paraisópolis, em memória das mortes de nove jovens em um baile funk Imagem: 04.dez.2019 - Marcelo Chello/CJPress/Estadão Conteúdo

Andreia Martins e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

26/08/2020 13h26Atualizada em 26/08/2020 14h23

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) pediu os números e a quebra de sigilo dos telefones celulares de todos os 31 PMs envolvidos na operação que resultou na morte de nove jovens, de 14 a 23 anos, durante um baile em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, em dezembro do ano passado.

De acordo com o delegado Marcelo Jacobucci, do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), que está à frente da investigação, o pedido do MP foi recebido no início da tarde de hoje. Ele afirmou que a investigação acelerou no último mês e que pode haver uma conclusão nos próximos dias.

"Os depoimentos dos 31 policiais envolvidos já foram feitos. Estamos aguardando alguns laudos para produzirmos reconstituição e correição", afirmou o delegado ao UOL. Entre os laudos, está o de 3D da favela, para saber a localização exata dos policiais na hora da operação.

Em nota, o MP afirmou que pediu à Polícia Civil os números dos celulares dos policiais militares investigados. "O objetivo é apurar se, além das comunicações pelo Copom, houve comunicação pelos telefones pessoais de cada um deles", disse.

Depoimentos demoraram sete meses

Os depoimentos dos 31 PMs demoraram sete meses para começarem a ser colhidos pela Polícia Civil. Isso porque seis oficiais envolvidos não nomearam advogados. Uma interpretação jurídica da PM havia determinado que PMs suspeitos de matarem em serviço, sem advogados nomeados em até quatro dias, deveriam ter investigações suspensas.

Ao todo, além dos nove jovens mortos em 1º de dezembro de 2019, no baile da Dz7, 12 pessoas ficaram feridas. As famílias das vítimas acusam PMs de terem causado correria dos jovens sem dar espaço para fuga, o que ocasionou pisoteamento.

Relatório interno da PM, presidido pela Corregedoria da corporação, inocenta os policiais. Segundo a PM, os policiais foram recebidos a pedradas e garrafadas. A Corregedoria citou laudo que apontou que os jovens ingeriram entorpecentes.

Segundo a Polícia Técnico-Científica, a causa das mortes foi asfixia mecânica provocada por sufocação indireta, provavelmente em decorrência do pisoteamento. O jovem Mateus dos Santos Costa, de 23 anos, foi o único que teve outra causa: lesão na coluna.