Capitão Adriano movimentou ao menos R$ 1,8 milhão em apenas um mês, diz MP
O ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como o chefe de uma milícia na zona oeste do Rio e morto em uma operação policial em fevereiro de 2020 na zona rural de Esplanada, Bahia, movimentou ao menos R$ 1,8 milhão em apenas um mês.
Os dados fazem parte da Operação Gárgula, que apura a movimentação financeira de recursos ligados ao Capitão Adriano. A ação resultou na prisão preventiva do PM Rodrigo Bitencourt Fernandes Pereira do Rego, homem de confiança do miliciano. Julia Lotuffo, viúva do ex-PM e acusada de ocultar o patrimônio do companheiro após a sua morte, já é considerada como foragida.
O MP-RJ (Ministério Público do Rio) teve acesso à informação da movimentação milionária com base em parte de uma planilha da contabilidade de Capitão Adriano referente a maio de 2019 —ele estava foragido desde janeiro daquele ano, quando a Justiça do Rio determinou a sua prisão na Operação Intocáveis.
Uma foto de parte de uma planilha de contabilidade foi obtida a partir da análise de dados telemáticos de Julia Lotufo, apontada como a responsável pela contabilidade e gestão financeira do grupo chefiado pelo miliciano.
No entanto, o MP-RJ diz acreditar que a movimentação possa ter sido bem mais expressiva. "Este montante consta de parte da planilha, de modo que podem alcançar valores muito maiores", observa a promotoria, segundo documento assinado pelo juiz Bruno Monteiro Rulière, da 1ª Vara Criminal Especializada da Capital.
Ainda de acordo com a investigação, a Cred Tech Negócios Financeiros, uma das empresas de fachada de Adriano segundo o MP-RJ, movimentou mais de R$ 3,6 milhões entre 1º de agosto de 2019 e 28 de abril de 2020 —o equivalente a mais de R$ 400 mil por mês.
Segundo a denúncia, o patrimônio da quadrilha chefiada por Adriano, também tido como o chefe do grupo de matadores conhecido como Escritório do Crime, era investido para a prática de agiotagem, com empréstimos a juros de até 22%.
R$ 8,4 milhões em bens apreendidos
Além de prender o soldado Bittencourt, a operação apreendeu com ele uma Mercedes-Benz Ago e um Toyota Corolla sem placa. Na casa da investigada Carla Fontan, foram encontrados R$ 75 mil em espécie.
A Justiça autorizou o sequestro do haras Fazenda Modelo, em Guapimirim, região metropolitana do Rio, e de automóveis, além do bloqueio de bens que equivalem a R$ 8,4 milhões, correspondentes ao valor mínimo constatado em movimentações pelos criminosos.
A ação é um desdobramento da Operação Intocáveis, de janeiro de 2019, que resultou na prisão de cinco pessoas suspeitas de envolvimento com o grupo paramilitar.
Dinheiro da milícia para agiotagem
Em conversa telefônica interceptada pela Justiça em 1º de outubro de 2019, o PM Rodrigo Bitencourt diz que Julia seria sua "sócia". Contudo, ele prestava contas à Julia de valores de empréstimos movimentados pela quadrilha, "evidenciando, desta forma, que a denunciada detinha controle sobre parte dos valores movimentados de Adriano", diz o MP.
Em outro diálogo em 26 de janeiro de 2020, Bitencourt diz que trabalha havia quatro anos com empréstimo e que teria "um cara por trás dele que injetaria dinheiro". Segundo o MP, ele se referia a Adriano. Na ocasião desses grampos, o miliciano já era foragido.
Alvos dos mandados de prisão
- Rodrigo Bitencourt Fernandes Pereira do Rego: Soldado da PM preso hoje
- Julia Emilia Mello Lotufo: foragida
- Daniel Haddad Bittencourt Fernandes: foragido
- Leal Luiz Carlos Felipe Martins (conhecido como Orelha): sargento da PM morto no sábado (20)
- Outros investigados, com pedidos de medidas cautelares de prisão aceitas pela Justiça: Carla Chaves Fontan, Carolina Mandin Nicolau, Jefferson Renato Candido da Conceição (o Sapo), David de Mello Lotufo e Lucas Mello Lotufo
O UOL tenta contato com os acusados pelo MP-RJ citados na reportagem.
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