Chefe do 'novo cangaço' negociou depósito de R$ 5 mi de roubo pelo WhatsApp
Um homem apontado como chefe de uma quadrilha especializada em assaltos a instituições financeiras negociou pelo WhatsApp com um comparsa o depósito de R$ 5 milhões em uma agência bancária.
Segundo uma investigação da Polícia Federal, ao menos parte do valor milionário foi roubado da Caixa Econômica Federal de Araraquara (SP) na madrugada de 24 de novembro de 2020 em um ataque aos moldes do "novo cangaço", tática também conhecida como "domínio de cidades". O dinheiro também foi arrecadado pelo grupo em outras ações, de acordo com o inquérito. Reportagem do UOL mapeou os principais ladrões envolvidos nesses assaltos no país.
Detido no dia 23 de setembro após apresentar documentos falsos em uma abordagem da Polícia Militar enquanto dirigia um carro na zona norte de São Paulo, Cláudio Alves Cruz trocou mensagens com um comparsa para depositar o valor roubado. O diálogo foi anexado a uma investigação da Polícia Civil obtida pelo UOL.
"É 5 palito? [gíria para se referir aos R$ 5 milhões, segundo a investigação]", perguntou Cláudio às 23h23 de 7 de janeiro deste ano, pouco mais de um mês após o crime. Com a confirmação do comparsa, o criminoso respondeu: "Já tou [sic] falando com ele aqui".
De acordo com a investigação, Cláudio é apontado como o suspeito de chefiar o ataque à agência bancária de Araraquara (SP). Ainda segundo o inquérito, ele negociou o depósito de valores obtidos em roubos do tipo com outro comparsa. Contra ele, havia um mandado de prisão preventiva expedido pela 1ª Vara Federal de Araraquara (SP), onde ocorreu o mega-assalto.
No momento da abordagem que resultou na sua prisão, Cláudio tentou quebrar o aparelho celular. Mas ele já vinha sendo monitorado por agentes federais, que rastrearam fotografias dele com pacotes de dinheiro, máquinas para contar cédulas, armas e os próprios diálogos da negociação para a transação bancária envolvendo o valor roubado.
Cláudio foi indiciado por tentativa de homicídio (porque a quadrilha atirou em policiais), organização criminosa, roubo, explosão, danos ao patrimônio, posses de explosivos e de armamento de uso restrito. Outros suspeitos de integrar o mesmo grupo também já foram presos.
A reportagem do UOL não localizou os advogados de Cláudio Alves Cruz para que pudessem dar a versão deles sobre o caso. Assim que se manifestarem, o posicionamento será incluído na reportagem.
O último mega-assalto aos moldes do "novo cangaço" ocorreu na madrugada de 30 de agosto em Araçatuba (SP), quando um grupo de ao menos 30 homens armados com fuzis cercou a cidade, usou moradores como escudo humano e incendiou carros para tentar roubar R$ 90 milhões de uma agência do Banco do Brasil, conforme revelou reportagem do UOL —as cédulas acabaram sendo destruídas automaticamente dentro do cofre.
Um suspeito de envolvimento no crime acabou sendo detido no domingo, em Ponta Porã (MS)
"Esses grandes criminosos só são presos após um intenso trabalho de investigação. Para isso, também é necessário que ocorra uma troca de informações entre órgãos públicos e até privados, com informações repassadas por operadoras de telefonia e pelos próprios bancos", explicou o delegado Pedro Ivo Correa dos Santos, da 5ª Delegacia de Investigações sobre Furtos e Roubos a Bancos da Polícia Civil.
Esses criminosos, tidos como os mais perigosos de São Paulo, são levados para a unidade de segurança máxima Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP). Há um mês, a cela ocupada por dois homens apontados como chefes de quadrilhas foram investigados por envolvimento em uma tentativa de fuga.
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