'Padrão de Araçatuba', diz PM sobre ação de 25 suspeitos mortos em Varginha
O grupo formado por 25 suspeitos mortos em uma ação hoje da polícia em Varginha (MG) planejava um mega-assalto milionário a banco com a mesma estratégia usada no ataque em Araçatuba (SP) na madrugada de 30 de agosto, quando criminosos invadiram a cidade com armas de grosso calibre, explosivos e drones.
A informação foi confirmada pela PM e por especialistas, que veem semelhanças no tipo de armamento e na estratégia adotada pelos suspeitos. Eles estavam escondidos em duas chácaras onde arquitetavam um roubo aos moldes do que a polícia chama de novo cangaço, tática também conhecida como "domínio de cidades". A ação seria semelhante ao ataque na cidade paulista, quando foi planejado um roubo de R$ 90 milhões.
Até o tipo de alvo era o mesmo: um centro de distribuição de valores do Banco do Brasil, que armazenava R$ 65 milhões, informou a Revista IstoÉ. A informação foi confirmada pelo UOL com fontes na PM. Investigadores acreditam que os suspeitos eram os mesmos que atuaram em ações recentes.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, houve confrontos em duas chácaras em Varginha (MG), com apreensões de dez fuzis, munições, granadas, explosivos e dez veículos roubados.
Em entrevista coletiva na tarde deste domingo (31), o comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da PM de Minas Gerais, tenente-coronel Rodolfo Fernandes, reforçou que as características da ação que estava sendo preparada em Minas Gerais têm pontos em comum com casos anteriores em Araçatuba (SP), Criciúma (SC) e Uberaba (MG):
"O criminoso muitas vezes deixa uma assinatura, seja no modo de agir, no planejamento. Nos explosivos que foram apreendidos num dos sítios, o esquadrão antibombas conseguiu identificar uma assinatura, a forma com que eles foram feitos indica que são de uma mesma quadrilha [de casos anteriores]".
Fernandes também destacou um detalhe em relação aos veículos que foram apreendidos na operação em Varginha: "Em Araçatuba, os veículos foram pintados de preto. Um dos carros que apreendemos na ação de hoje já estava sendo pintado com tinta preta, e foram encontradas no sítio várias latas de spray de tinta".
Mesmo método de ação
"Esse crime provavelmente foi cometido pela mesma quadrilha que agiu em Araçatuba", disse o advogado Ruben Schechter, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Valores, que atua no setor de segurança para coibir esse tipo de ataque.
O tenente-coronel Valmor Saraiva Racorti, comandante do Batalhão de Operações Especiais de São Paulo, disse que não irá comentar a operação em Minas Gerais. Contudo, também vê semelhanças no tipo de ação.
"É o mesmo padrão dos roubos em Araçatuba, Ourinhos e Criciúma. São criminosos que alugam sítios para planejar os ataques. Eles usam veículos blindados potentes, fuzis e os mesmos explosivos usados em destruições de pedreiras", disse, em entrevista ao UOL.
"É fundamental que ocorra uma alteração no Código Penal. Não é razoável que pessoas com explosivos e fuzis sejam tratadas com a mesma tipificação de quem rouba um celular", compara.
Ataques do tipo no país
O UOL teve acesso a uma lista de dez ataques a centrais de distribuição de dinheiro do Banco do Brasil em um intervalo de cinco anos com roubos com a mesma tática, com ataques a municípios pequenos com fuzis, explosivos e veículos blindados.
Os alvos dos últimos roubos foram as sedes do Seret (Setor de Retaguarda e Tesouraria) do Banco do Brasil, centrais de distribuição de cédulas para outras agências bancárias que executam a função do Banco Central em cidades do interior.
Essas unidades funcionam como uma espécie de reserva de cédulas para outras agências, armazenada com base em depósitos compulsórios —como é chamada a alíquota obrigatória de 17% que não pode ser movimentada para garantir a segurança nas operações com notas.
Escalada da violência
Os dados das ocorrências indicam uma escalada da violência nas ações, em cidades com até 150 mil pessoas —exceção a Araçatuba (SP), com 200 mil; e Uberaba (MG), com 333 mil moradores. Varginha (MG) tem cerca de 137 mil.
No ataque a Passos (MG), em abril de 2018, os criminosos passaram a usar armas com calibre .50. Em Ourinhos (SP), em maio de 2020, esses ataques passaram a contar com o monitoramento com o auxílio de drones.
Com mortes, reféns e uso de explosivos, o assalto a agências bancárias em Araçatuba é apontado como o mais violento do tipo nos últimos dois anos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número de detonadores foi o maior da história do país, segundo levantamento inédito feito pela Associação Mato-Grossense para o Fomento e Desenvolvimento da Segurança a pedido da reportagem.
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