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Marginal Tietê: Trecho ao lado de obra do metrô cede em direção ao rio

Cratera na Marginal Tietê aumentou ao longo do dia - Arte/UOL
Cratera na Marginal Tietê aumentou ao longo do dia Imagem: Arte/UOL

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

01/02/2022 16h05Atualizada em 02/02/2022 00h16

Pequenos deslizamentos continuam ocorrendo na cratera aberta na Marginal Tietê, entre as pontes do Piqueri e da Freguesia do Ó, ao lado de uma obra da linha-6 Laranja do metrô paulista. No local, houve o rompimento de uma adutora de esgoto, antes das 9h de hoje (1º), segundo o governo estadual.

De acordo com a Defesa Civil, nesta tarde, os desabamentos acontecem na direção à via expressa da Marginal e ao Rio Tietê. Quase toda a pista local já foi tomada pelo buraco. As outras áreas ao redor estão estáveis e sem risco, diz o órgão.

Imagens cedidas pela Record TV

Inicialmente, todas as pistas foram fechadas, no sentido Ayrton Senna. Por volta das 11h, quando a pista expressa foi liberada, o buraco ocupava só uma faixa da via local. Às 15h, já tomava quase duas. Às 17h30, o asfalto de mais uma faixa já havia cedido.

Por volta das 16h30, a pista central começou a ser liberada por agentes da CET. A Defesa Civil, entretanto, impediu a reabertura —por entender que há risco. As vias central e local continuam fechadas.

Por volta das 17h30, o asfalto de três faixas da pista local da Marginal Tietê já havia cedido - Lucas Borges Teixeira/UOL - Lucas Borges Teixeira/UOL
Por volta das 17h30, o asfalto de três faixas da pista local da Marginal Tietê já havia cedido
Imagem: Lucas Borges Teixeira/UOL

Segundo a Defesa Civil, os pequenos desmoronamentos devem continuar até que a área mais profunda, onde houve o rompimento, seja estabilizada. Não há, no entanto, previsão para que isso aconteça.

O tempo continua chuvoso em parte da capital paulista —o que deixa o solo molhado e com menos estabilidade. Os agentes da Defesa ainda disseram ao UOL que a vibração causada pelos carros e ônibus contribui para os desmoronamentos. O trânsito segue intenso na região.

Logo após o rompimento da adutora, houve vazamento de esgoto em um poço da obra. Quatro trabalhadores foram socorridos para avaliação após contato com a água, mas ninguém ficou ferido.

O secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Paulo Galli, não descarta que tenha havido falha humana. A suspeita inicial, de que o acidente tenha sido provocado pela escavadora tatuzão, ainda será investigada, de acordo com a pasta.

O perito criminal responsável pelas investigações da polícia, Luiz Ricardo Lopes, disse ao UOL que ainda é muito cedo para ter qualquer conclusão sobre o motivo do rompimento da adutora. Ele afirma que não se pode descartar falha humana, mas também não se pode descartar interferência do tatuzão.

Próximo passo

Para tentar resolver a situação, o primeiro passo, segundo a Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos, é retirar todo o esgoto que invadiu a obra e construir uma estrutura de contenção para que os trabalhadores possam retomar os trabalhos e as pistas sejam liberadas com segurança.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou apuração imediata do ocorrido e solicitou um plano de normalização do tráfego da Marginal à prefeitura e à concessionária responsável pela obra.

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos afirmou que criou um comitê para investigar o ocorrido e que "fará estudos com soluções técnicas para a realização de obras de drenagem e recuperação para a retomada das obras do Metrô", além do "conserto da tubulação e da Marginal Tietê".

"A tubulação, chamada Interceptor de Esgotos (ITI-7), é responsável por encaminhar o esgoto coletado para tratamento na ETE Barueri. Técnicos da Companhia trabalham no momento para desviar o esgoto para outros interceptores", diz trecho da nota encaminhada pela pasta.

Mais cedo, funcionários disseram que ouviram um "estrondo" na parte mais baixa da escavação, quando supostamente a água rompeu a estrutura. Quem estava no local começou a correr. Segundo os relatos, não havia mais ninguém na área quando houve o desabamento da pista.

A linha 6-Laranja faz parte de uma Parceria Público Privada entre o governo do estado e a concessionária espanhola Acciona e deve ter 15 km, ligando a Vila Brasilândia, na zona norte, à estação São Joaquim.

Equipes da Linha Uni, que irá operar a linha e é propriedade da Acciona, estão no local para apurar os fatos, segundo nota da concessionária enviada ao UOL. "Todas as medidas de contingência já foram tomadas", diz o texto.

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) instaurou inquérito civil, por meio da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital, para investigar as causas do desmoronamento e os danos urbanísticos e ambientais decorrentes do acidente.

Trânsito no local

O rodízio de veículos foi suspenso pelo resto do dia na cidade de São Paulo.

A alternativa para os motoristas que quiserem evitar o trecho é o corredor da Av. Ermano Marchetti / Marquês de São Vicente e retornam para a Marginal Tietê na altura da Praça Pedro Corazza.