'Chego dia 6', disse indigenista antes de desaparecer com jornalista inglês
"Tô entrando no mato amanhã. Daqui uns 15 dias, ou menos, eu tô em Atalaia do Norte, e chego dia 6", disse o indigenista Bruno Pereira, em áudio, antes de desaparecer na Amazônia junto do jornalista britânico Dom Phillips, desde domingo (5). O conteúdo foi compartilhado no podcast "O Assunto".
O sumiço da dupla foi informado ontem, em nota assinada pela principal associação indígena do Vale do Javari (Unijava) e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato. A Polícia Federal, a Funai, o Ministério Público Federal, a Marinha e o governo do Amazonas estão envolvidos nas buscas.
Segundo a nota, os dois deveriam voltar para a região de Atalaia do Norte, mas antes fizeram uma pausa agendada na comunidade ribeirinha São Rafael para visitar um líder comunitário conhecido como "Churrasco".
A Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) diz que Bruno vinha sendo alvo de ameaças de garimpeiros, madeireiros e pescadores.
Repercussão internacional
O caso tem ganhado repercussão internacional, que pede por mais buscas e diz "temer pela segurança" de ambos. O jornal britânico The Guardian noticiou o desaparecimento sob o título "temor pela segurança de jornalista britânico desaparecido na Amazônia brasileira".
O texto ainda destaca as ameaças recebidas por Bruno Pereira, que ocupava a função de guia na viagem do repórter a "um dos cantos mais remotos" da floresta.
O jornal norte-americano The Washington Post também noticiou o desaparecimento de Phillips e relembrou o caso do indigenista Maxciel Pereira dos Santos, funcionário da Funai, morto a tiros em 2019, na cidade de Tabatinga (AM).
Familiares e amigos pedem mais esforços na busca
A irmã do jornalista Dom Phillips fez um apelo para que autoridades brasileiras façam "todo o possível" para achar o irmão e o indigenista. Ela ainda cobra para que mais recursos sejam destinados ao resgate da dupla.
A esposa do jornalista, Alessandra Sampaio, disse que as famílias estão desesperadas por causa do desaparecimento. "Ele poderia viver em qualquer lugar do mundo, mas escolheu viver aqui. Quinze anos atrás, Dom deixou seu país, a Inglaterra, para viver no Brasil. Autoridades brasileiras, nossas famílias estão desesperadas".
Tom Hennigan, correspondente do jornal irlandês Irish Times, sabe da dificuldade em fazer buscas no local, mas cobrou as autoridades. "A gente entende que é uma região remota, com desafios grandes, em uma área imensa e com pouco acesso. Mas quem tem capacidade de fazer essa busca são as autoridades".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.