Juiz cita personalidade 'intolerante' e mantém prisão de bolsonarista no PR
A Justiça do Paraná recusou, hoje à tarde, o pedido de prisão domiciliar apresentado pelos advogados do policial penal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho. Ele matou o guarda municipal Marcelo Arruda a tiros na noite de 9 de julho quando comemorava o seu aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT. Guaranho foi denunciado pelo Ministério Público pelo assassinato.
A defesa de Guaranho pediu a revogação da prisão preventiva ou a substituição para o regime domiciliar "em razão do seu estado de saúde e da necessidade de cuidados médicos" —ele foi baleado após abrir fogo contra Marcelo Arruda e encontra-se internado no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu. Segundo a decisão, a previsão é de que ele receba alta amanhã (5).
O Ministério Público se manifestou de forma contrária ao pedido feito pela defesa, e o juiz Gustavo Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, acatou o posicionamento do MP.
Personalidade "intolerante"
O magistrado decidiu pela manutenção da prisão preventiva de Guaranho e determinou que ele seja encaminhado para o Complexo Médico Penal do Paraná quando receber alta do hospital.
Na decisão, Arguello se justifica ao dizer que Guaranho possui personalidade "conflituosa, beligerante e intolerante" e que o ataque a Arruda, em ano eleitoral, contrapõe a liberdade de escolha na hora do voto. Ainda, ele diz que o fato de Guaranho atirar diversas vezes indica "audácia do agente e desconsideração com a vida de vítimas secundárias".
O magistrado também criticou o uso de uma "arma funcional", que deveria ser utilizada apenas para questões de segurança relativas ao Estado.
"Não fosse o suficiente, cumpre destacar a particular reprovabilidade de crimes praticados por agentes públicos e que são instrumentalizados pelo uso de arma funcional, ou seja, cujo porte decorre da chancela estatal, justamente com o fim precípuo de garantir a segurança pessoal e a ordem social."
O advogado Daniel Godoy, um dos representantes legais da família de Arruda, elogiou a decisão. "A atuação do MP tem sido importante para que se faça Justiça. A decisão do juiz atende o anseio da família e da sociedade, impactada com o bárbaro e hediondo crime."
O UOL tenta localizar a defesa de Guaranho para comentar a determinação judicial.
Dados apagados
Um laudo pericial indicou que o registro do dispositivo eletrônico da gravação das câmeras de segurança que filmaram o assassinato foi apagado dois dias após o crime.
Com isso, se torna impossível determinar quem acessou as imagens horas antes do ocorrido, o que dificulta a apuração de um eventual envolvimento de terceiros.
Guaranho foi denunciado por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum, com pena que pode variar de 12 a 30 anos de prisão.
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