Justiça do AM solta mulher de policial que agrediu babá em condomínio
O Tribunal de Justiça do Amazonas revogou, nesta quarta-feira (27), a prisão preventiva da professora de educação física Jussana de Oliveira Machado, acusada de agredir a babá Cláudia Gonzaga Lima e atirar contra o advogado Ygor de Menezes Colares no estacionamento de um condomínio de Manaus.
O marido dela, o policial civil Raimundo Nonato segue preso. Jussana, além do uso de tornozeleira eletrônica, terá que cumprir outras medidas cautelares.
Quais medidas foram impostas pelo TJ do Amazonas:
- Jussana está proibida de deixar Manaus;
- Foi proibida de voltar ao condomínio onde ocorreram as agressões;
- Não pode manter contato com as vítimas, testemunhas e familiares destas;
- Deve se recolher no período da noite e em dias de folga;
- Precisa se apresentar em juízo mensalmente, de forma presencial ou virtual.
Relembre o caso
Câmeras de segurança do condomínio localizado no bairro Ponta Negra, em Manaus, flagraram em 18 de agosto Jussana (vestida com roupa preta), esposa do policial civil, agredindo Cláudia de Lima, babá do advogado Ygor de Menezes Colares, com socos e puxões de cabelo, além de imobilizar a funcionária no chão. A ação é observada pelo marido da agressora, o agente Raimundo Nonato Monteiro Machado, e outra mulher.
O advogado chega no local para defender a funcionária, mas é agredido com socos, inclusive no rosto, desferidos pelo policial civil, que repassa a arma dele para a esposa. O advogado consegue empurrar Raimundo no chão, mas o agente logo se levanta e continua agredindo a vítima. Jussana aponta a arma para o rosto e corpo do advogado. Outras pessoas chegam perto para observar o ocorrido e Jussana aponta a arma, além de dar uma coronhada na cabeça de Cláudia.
Enquanto o advogado está caído no chão, Jussana dispara contra a perna da vítima, que se levanta mancando. O advogado ainda foi seguido e levou outro soco do agente no rosto.
Outros vídeos divulgados nas redes sociais mostram o policial civil falando para a esposa "bater na cabeça" e "quebrar a cara" da babá, enquanto Cláudia consegue se levantar e diz que "ninguém ajuda".
A babá afirmou que não teve chance de defesa e que se sente "humilhada". A declaração foi dada ao Fantástico, da TV Globo.
Eu só senti quando ela me empurrou. Quando eu me virei, eu já fui apanhando literalmente, né? Ela já foi me batendo, me dando socos. Eu não tive nem chance de defesa. Eu me sinto humilhada, é assim que eu me sinto, diz ao relembrar das cenas.
Cláudia Gonzaga Lima, babá
Advogado já havia prestado queixa
O advogado Colares, vizinho do casal agressor, contou que antes da agressão outros dois episódios já haviam ocorrido entre o casal e a babá no condomínio.
Colares chegou a registrar um boletim de ocorrência por ameaça, injúria e ofensas contra a babá. "O Nonato e a Jussana me procuraram semanas antes de todo esse ocorrido, alegando que a Cláudia estava fazendo fofoca sobre eles no condomínio. A Cláudia negou veementemente qualquer ato de fofoca, e eles ficaram irritados. Eles gostariam que eu demitisse a Cláudia", disse o advogado.
Sobre o dia das agressões, ele disse que não sabe o que teria acontecido com a babá se não tivesse aparecido no local. "Eu me senti na obrigação de defender a Claudia naquele momento, mesmo sabendo que ele podia estar armado ali. Eu diria que foi o pior momento da minha vida".
Preconceito contra a profissional. Para o advogado de Ygor e Cláudia, Josemar Berçot, a hipótese é que as agressões ocorreram por discriminação contra a babá pela condição socioeconômica dela.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberO que diz a defesa
A defesa entrou com um habeas corpus alegando que a mulher tem uma filha adolescente que precisa de cuidados, além de afirmar que a professora de educação física possui um imóvel alugado fora do condomínio onde aconteceram as agressões.
Além disso, nega que a motivação dos agressores tenha sido por preconceito e diz que o tiro não foi proposital.
O motivo dos fatos não tem nada a ver com discriminação. Foi a respeito dessa confusão que já havia entre as duas. A violência, nesse caso, ela é injustificável, não tem justificativa para a forma como eles agiram. Mas o disparo foi acidental.
Arthur da Costa Ponte, advogado de Raimundo e Jussana.
Deixe seu comentário