Por que policiais premiados passaram a matar a serviço da milícia
A ação de criminosos que queimou 35 ônibus no Rio e a morte de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, ocorridas no mês de outubro, evidenciaram a ação das milícias na capital carioca.
Essas organizações criminosas, que começaram a se formar na década de 1980, se caracterizam pelo protagonismo de agentes do Estado, como policiais e bombeiros. Muitos deles colecionam gratificações, condecorações, promoções e reconhecimentos.
Policiais que mudaram de lado
O livro "Milicianos - Como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele", do jornalista Rafael Soares, explica como agem os policiais que mudaram de lado.
O jornalista dá como exemplo o caso de Marielle Franco. Ronnie Lessa, ex-policial que teria atirado para matar a vereadora, foi uma "máquina de condecorações", sendo elogiado justamente porque matava.
Ele foi estimulado a matar ao longo de quase 20 anos em que fez parte da PM. Depois, pegou tudo o que o Estado lhe ensinou e vendeu esse conhecimento para quem podia pagar melhor: o crime.
Rafael Soares
De acordo com Soares, os policiais têm um modo específico de agir, utilizando técnicas que aprenderam em treinamentos e ao longo da carreira.
Quadrilhas formadas por policiais que se especializaram em matar e viraram matadores de aluguel existem no Rio há mais de 40 anos. Usando técnicas aprendidas dentro da polícia, matam de uma maneira específica porque entendem como a polícia vai investigar esses crimes, então fazem de modo a proteger o assassino.
Rafael Soares
Realidade particular no Rio
O problema não é uma exclusividade carioca ou brasileira. Mas, de acordo com Soares, no Rio a relação entre policiais e o crime é "muito mais profunda".
Aqui no Rio a gente não vê só a polícia fechando os olhos para o crime, recebendo propina para não combater o crime. Aqui tem um outro nível de relação: parte da polícia é sócia do crime organizado.
Rafael Soares
*Com informações da Deutsche Welle.
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