Trem Bala: facção que toca terror em Porto de Galinhas se gaba no YouTube
A Trem Bala/CLS (Comando Litoral Sul), facção criminosa que domina o tráfico de drogas de Porto de Galinhas, no município de Ipojuca (PE), usa o YouTube para exibir armas e dinheiro adquirido por crimes.
O colunista do UOL Carlos Madeiro encontrou os canais da facção na plataforma, com vídeos e músicas em que criminosos se vangloriam pelo domínio de áreas e dos crimes praticados contra rivais.
Exibição na rede social
Além de muitas armas, a facção exibe dinheiro adquirido por crimes cantando raps. Não é a primeira vez que facções usam a rede para espalhar ideais criminosos.
"Heroísmo dos irmãos". Em uma das canções, a CLS comemora a ação de explosão ao muro do presídio de Limoeiro, ocorrido em 2020, que fez com que 27 detentos fugissem. O caso é tratado como um ato de "heroísmo dos irmãos."
Atualizações sobre a própria facção. Nos vídeos, o grupo afirma também que conseguiu se expandir por outros municípios da zona da mata sul.
Quem são e como atuam
A Trem Bala/CLS (Comando Litoral Sul) foi criada em meados de 2019, quando chegou ao auge e mudou a rotina de Porto de Galinhas, segundo o promotor de Justiça Rodrigo Altobello, que atua em Ipojuca.
CV ou PCC? A facção tem relação estreita com o CV (Comando Vermelho), maior fornecedor de drogas para o grupo, mas também tem ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Por ano, o grupo chega a faturar R$ 10 milhões, segundo anotações obtidas pela polícia. Desse valor total, R$ 200 mil são só para compra de armas de fogo. O grupo também é conhecido por ações ousadas, como a explosão ao presídio de Limoeiro para resgatar presos e a compra de armas roubadas da própria polícia.
A violência extrema usada pelos membros da facção também é uma marca e chamou a atenção das autoridades. Em um dos casos investigados, a polícia recebeu a informação de que uma jovem foi sequestrada de sua casa, torturada, morta e enterrada de cabeça para baixo no mangue.
Lei do silêncio. Ainda segundo o colunista Carlos Madeiro, a facção coopta jovens para o crime e impôs uma lei de silêncio entre moradores para conter denúncias à polícia. Quem foge à regra, é torturado e pode até ser morto.
Operação recente prendeu 24 integrantes do grupo. Ao longo dos últimos três anos, a Polícia Civil investigou a atuação do grupo. A operação Manguezal Vermelho, realizada em junho, foi a maior contra a facção e prendeu 24 pessoas. Ela resultou, em seguida, no indiciamento de 50 suspeitos.
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