Ação da PM em SP tem câmera quebrada por policial, snipers e sangue no chão
A ação da PM na Baixada Santista tem denúncia de câmera de vigilância quebrada pelos próprios agentes, ação de snipers (atiradores de elite) em mortes e sangue pelo chão após a incursão da tropa na região. Com 30 mortes, a operação é a mais letal de São Paulo desde o massacre do Carandiru, que terminou com a morte de 111 detentos após uma rebelião no presídio, há 31 anos.
O que aconteceu
Denúncia de câmera quebrada pelos próprios policiais militares. Agentes foram flagrados quebrando uma câmera de monitoramento de uma casa no Guarujá, no dia 19. A imagem registra cinco PMs no local. Um deles usa um gradil de ferro como escada para alcançar o equipamento. Em seguida, um colega de farda inutiliza a câmera com um pedaço de madeira.
SSP diz que câmeras eram de criminosos. Ao UOL, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que os PMs retiraram "câmeras utilizadas pelos criminosos para monitorar as atividades ilícitas e a chegada das forças policiais à comunidade".
Atuação de snipers. Duas ações com morte ocorridas nos últimos dias na Baixada Santista tiveram a participação de atiradores de elite da PM. Uma delas ocorreu na manhã de 14 de fevereiro, no bairro Saboó, em Santos. A outra foi registrada no último sábado (17), no Guarujá.
29ª morte teve sangue no chão e relato de moradores indicando que os próprios agentes limparam o local após a ação. Moradores relataram ao UOL que presenciaram os policiais militares limpando o sangue do chão após os tiros que mataram ontem Alex Macedo Paiva, 30, também no bairro Saboó, em Santos. "Era muito sangue. A gente levantou o tapete da casa, e o sangue escorria dele", disse uma moradora.
PM alega confronto, mas moradores contestam. Policiais militares informaram que atiraram após terem sido recebidos a tiros em uma tentativa de abordagem a um suspeito na tarde de ontem, em uma comunidade no bairro Saboó. Mas moradores dizem que a vítima não reagiu e foi baleada dentro da própria casa.
Casa onde homem foi baleado tinha sangue no chão e buracos de tiro na parede, como mostram vídeos feitos por moradores e encaminhados ao UOL.
O que se sabe sobre a ação da PM
Média de 1,7 morte por dia. As mortes na ação da PM na Baixada Santista começaram em 3 de fevereiro, após o assassinato, em Santos, de um soldado da Rota, a tropa de elite da corporação. Ou seja, foram três mortes a cada dois dias. É mais do que o dobro da média diária de mortes em comparação com a Operação Escudo, concluída em setembro de 2023, com 28 mortes em 40 dias, na mesma região. A Escudo também foi desencadeada após a morte de um PM.
PM registrou duas ocorrências com tiro nos últimos dias. Ontem, um vídeo flagrou a ação da PM que deixou um ferido em São Vicente. A imagem registra o momento que antecedeu uma incursão de policiais. "Ó, vai atirar, gente! Tem que gravar", diz uma moradora. Em seguida, é possível ouvir três disparos. Outro vídeo da mesma ação mostra moradores pedindo ajuda a um motorista do Samu para um homem baleado. "A polícia mandou a gente embora", responde o motorista.
Vídeos analisados pelas autoridades. As imagens foram encaminhadas pelo UOL para a Ouvidoria das polícias, que analisa o conteúdo. Questionada, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) ainda não se manifestou sobre o caso.
Em outra ocorrência nos últimos dias, um sniper matou um suspeito a 50 metros de distância. O disparo foi feito no sábado, após o suspeito apontar uma arma para a tropa, segundo a corporação. A PM informou ter apreendido duas armas e drogas no local.
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Quero receberSSP faz balanço de operação. A pasta diz ter prendido 681 pessoas, incluindo 254 procurados pela Justiça na ação intensificada desde o começo deste mês. A secretaria afirma ainda ter apreendido cerca de 160 quilos de drogas e 79 armas, incluindo fuzis.
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