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Justiça determina transferência de miliciano Zinho para presídio federal

A Justiça do Rio de Janeiro determinou que Luís Antonio da Silva Braga, conhecido como Zinho, seja transferido para um presídio federal. Ele é acusado de ser o chefe da principal milícia com atuação na zona oeste do Rio.

O que aconteceu:

A decisão foi proferida pela 2ª Vara Criminal da Capital. Também foi determinado que Marcelo de Luna da Silva, o Boquinha, seja encaminhado para uma penitenciária federal. Boquinha é acusado de integrar a milícia liderada por Zinho.

Ministério Público citou a "alta periculosidade dos acusados". Na manifestação encaminhada à Justiça do Rio, a procuradoria também apontou os riscos das presenças de Zinho e Boquinha para a sociedade que vive no estado.

Juíza ainda determina a inclusão da dupla em regime disciplinar diferenciado. A medida inclui as permanências dos presidiários em celas individuais e limitações ao direito de visita, bem como às saídas da cela. Atualmente, Zinho está preso no presídio Laércio da Costa Pellegrino, conhecido como Bangu 1, no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio.

Não há informações sobre quando e para onde os réus serão transferidos. Segundo o jornal O Globo, a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) e a Polícia Federal serão responsáveis pela escolta de Zinho para a unidade federal. O nome da magistrada responsável pela decisão também não foi divulgado.

Ressalta-se que os grupos de milícia instalados neste Estado, fortemente estruturados e ostentando capilaridade por todo país e até no exterior, vem, diuturnamente, protagonizando o terror infligido, em especial, aos moradores de comunidades carentes, deles fazendo reféns e gerando situação de instabilidade por anos e sem descanso. Tudo isso já aponta para o grave e concreto risco que a permanência do referido réu em solo fluminense representa à continuidade das políticas de segurança pública em desenvolvimento no Estado.
Juíza, na decisão

A prisão

Zinho é o líder da maior milícia com atuação na zona oeste do Rio e estava foragido desde 2018. Ele se entregou à PF (Polícia Federal) no dia 24 de dezembro.

Miliciano tem ao menos 12 mandados de prisão em aberto e era procurado, segundo a PF. O UOL recebeu a informação de que a prisão foi formalizada após "tratativas entre os defensores do miliciano foragido com a PF e a Secretaria de Segurança Pública do estado".

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Medo de morrer. Zinho negociou se entregar à PF após a Operação Batismo, que apontou a ligação da deputada estadual Lucinha (PSD-RJ) com a quadrilha comandada por ele. Segundo reportagem, ele tinha medo de ser morto após ver o cerco se fechar contra o grupo criminoso.

Quem é Zinho?

O comando da maior milícia do Rio passou para as mãos de Zinho após morte de seu irmão Wellington da Silva Braga, o Ecko. O miliciano foi baleado em uma operação policial em junho de 2021 — desde então, Zinho trava uma sangrenta disputa com outros grupos paramilitares, que tentam controlar a organização criminosa. Antes, ele era apontado como o responsável por gerenciar as finanças do grupo, segundo a Polícia Civil.

As investigações apontam que o miliciano era hábil com as contas. Antes de ascender à chefia do grupo, era ele quem contabilizava e lavava o dinheiro originado por atividades ilícitas, incluindo a venda clandestina de sinais de TV a cabo, de gás e de licenças para serviços de transporte.

Em setembro de 2023, Zinho foi um dos denunciados pelo Ministério Público. Ele foi acusado pela morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e de um amigo dele. Jerominho teria sido morto após tentar retomar o comando da milícia, que foi fundada por ele.

Em outubro, a advogada do miliciano, Leonella Vieira, negou as acusações contra ele. Segundo ela, Zinho é vítima de "deduções" do Ministério Público, oriundas do parentesco dele com o ex-chefe da milícia, Ecko.

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Sobrinho de Zinho foi morto no fim de outubro. Matheus da Silva Rezende, o Faustão, era número dois da organização (conhecida como "Família Braga" ou "Bonde do Zinho"), e morreu durante troca de tiros com a Polícia Civil em Santa Cruz, também no Rio.

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