Calor 'sufoca' moradores do Rio: 'Até o ventilador superaqueceu e queimou'

Nem mesmo o ventilador, que deveria servir para dar um pouco de refresco, aguentou o calor do Rio. "Superaqueceu e queimou", disse o profissional autônomo Ronald David Mendonça, de 28 anos.

Em Guaratiba, na zona oeste, onde ele mora há quatro anos, a sensação térmica chegou a 62,3ºC no domingo —e não eram nem 10 horas da manhã. Moradores "sufocados" pelo calor no Rio já não sabem mais o que fazer para se refrescar.

A vida de Ronald tem sido mais difícil por causa da alta temperatura. E ele não tem para onde fugir: "É um calor que não dá para ficar dentro de casa, mas na rua também não corre vento".

Ronald mora em Guaratiba; calor faz dormir mal
Ronald mora em Guaratiba; calor faz dormir mal Imagem: Arquivo pessoal

E à noite? Tem refresco? "Não, parece pior", diz ele. "É muita quentura e, às vezes, a gente passa mal, minha mãe principalmente. Tenho dormido muito mal com esse calor, ainda mais que meu ventilador quebrou."

Até parado a gente fica suando. Um horror, está muito complicado.

Ele divide a casa com a mãe, de 51 anos. Apesar de espaçosa, a moradia é muito quente, já que há outra construída em cima.

Está insuportável. Banho aqui, só gelado.

Recorde

Calor levou multidão às praias do Rio no último domingo
Calor levou multidão às praias do Rio no último domingo Imagem: TERCIO TEIXEIRA / AFP
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A sensação térmica de 62,3ºC foi a maior já registrada desde 2014, quando o Sistema Alerta Rio começou a fazer medições.

Ela é calculada a partir dos dados temperatura e umidade relativa do ar. Guaratiba tem características geográficas que favorecem a elevação de temperaturas e umidade relativa do ar, principalmente no período da manhã.

Esta região é úmida pela proximidade com o oceano e costuma receber a influência de ventos quentes de quadrante norte no período da manhã.

Sem sossego na escola

As altas temperaturas também atrapalham o desempenho dos estudantes.

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Giovanna Neves Pinheiro, de 7 anos, reclama todos os dias do calor que ela e os colegas enfrentam dentro da sala de aula. A escola municipal onde estuda, em Nova Iguaçu, na Baixada, está sem ar-condicionado, segundo o pai.

"As turmas têm entre 38 e 40 alunos, o que contribui para a sensação térmica ficar insuportável. O horário dos alunos da tarde é de 13 horas às 17 horas, mas, devido ao calor, eles estão liberando às 15h30", diz o o auxiliar administrativo Walter Pinheiro, 42.

Ela se queixa muito e também fica mais irritadinha, chega em casa dizendo: 'Papai, está muito calor na escola'

Procurada, a Prefeitura de Nova Iguaçu informou que já começou a instalar ar-condicionado nas escolas e até o fim do ano toda a rede estará climatizada.

O que vem aí

Homem joga balde de água sobre a cabeça para se refrescar em Guaratiba
Homem joga balde de água sobre a cabeça para se refrescar em Guaratiba Imagem: TERCIO TEIXEIRA / AFP
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Mesmo com a chegada do outono, é possível que moradores do Rio e redondezas continuem enfrentando altas temperatura ao longo das próximas semanas, segundo Wanderson Luiz Silva, meteorologista e professor UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A estação é marcada pelo clima ameno, mas este ano a previsão é de temperaturas acima da média no outono em boa parte do pais.

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