'Milícia indígena' é investigada por assassinato de mulher em aldeia na BA
Um grupo de indígenas, liderado pelo cacique da Aldeia Águas Belas, é investigado pela morte de Miscilene Dajida Conceição, de 44 anos, no município de Prado, sul da Bahia. A vítima foi espancada e queimada no domingo (14).
O que aconteceu
A Polícia Civil trata o grupo como uma "milícia" pela forma como atua na aldeia, apurou o UOL com pessoas ligadas à investigação. Os suspeitos conseguem influenciar a rotina de aldeias próximas, como a Corumbauzinho, onde Miscilene morava.
Ela foi morta após uma briga com o marido, Lucimar Rocha da Silva, 40. A apuração aponta que o homem jogou gasolina e ateou fogo em dinheiro. Em seguida, as chamas se alastraram pela casa, e ele acabou morrendo durante o incêndio.
Grupo teria matado Miscilene por vingança. A mulher conseguiu escapar, mas teria sido encontrada por quatro integrantes do grupo e jogada nas chamas. São eles: o irmão de Lucimar e três primos dele (o cacique e outros dois homens). A polícia ainda aguarda o laudo para saber se ela foi morta antes ou após ser atirada no incêndio.
Mas esse não seria o único crime liderado pelo cacique Ivail da Conceição Braz, de 38 anos. Os policiais relacionam a milícia ao assassinato de um homem em 5 de abril. Esse crime não teria sido cometido pelas mesmas pessoas ligadas ao caso de domingo, mas teria participação de outros membros da milícia.
Manutenção no poder
A Polícia Civil acredita que o grupo consegue se manter no poder na Aldeia Águas Belas por meio da violência. O cacique Ivail está no comando há 12 anos. Além deles, foram presos pela morte de Miscilene: Reinaldo Rocha da Silva, 45, irmão do homem morto; Matarir da Conceição Braz, 34, irmão do cacique; e Eriedson Braz da Conceição, 74, pai do cacique.
O UOL apurou que testemunhas disseram à polícia que a aldeia vive uma rotina de medo. Um dos casos relatados é de um homem que discutiu com um dos integrantes da milícia devido a uma lombada. No dia seguinte, a casa dele foi depredada e o homem foi expulso da aldeia.
Reinaldo não confirmou participação na morte de Miscilene nem negou. Ele afirmou aos policiais que não se lembra do que aconteceu. Os outros três negaram participação no crime.
O grupo circula pela aldeia com armas e carros de luxo, disse uma pessoa ao UOL, sob anonimato. "Não é aquele estereótipo de indígena. Eles andam fortemente armados".
Os quatro passaram por audiência de custódia nesta quinta-feira (17) para definir se seguem presos ou não. O UOL não conseguiu localizar a defesa dos suspeitos. O espaço segue aberto para manifestação.
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