O que se sabe e o que falta saber sobre a queda do avião em Vinhedo (SP)

Maior tragédia aérea do Brasil em 17 anos, a queda do avião da Voepass em Vinhedo (SP) que matou 62 pessoas na sexta-feira (9) tem diversas perguntas em aberto. Veja o que se sabe sobre o acidente.

Como ocorreu a queda?

Avião saiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) com 58 passageiros e quatro tripulantes. Ele decolou às 11h50 e pousaria às 13h45, segundo o FlightAware.

Aeronave despencou 13 mil pés (4.000 metros) em dois minutos. O registro de voo do Flight Radar mostra que o avião estava a 17 mil pés de altitude às 13h20 e a 4.000 pés às 13h22, quando o sinal de GPS foi perdido pela plataforma. A aeronave caiu pouco mais de 20 minutos antes de pousar.

Casas de condomínio residencial foram atingidas após a queda. O Corpo de Bombeiros mandou sete equipes para a rua João Edueta. Em imagens gravadas por moradores da região do Distrito Industrial, é possível ver o momento em que a aeronave despenca.

Como era o avião?

Imagem aérea mostra um gramado com destroços de um avião branco e do lado direito o telhado de uma casa
Imagem aérea mostra um gramado com destroços de um avião branco e do lado direito o telhado de uma casa Imagem: Isaac Fontana/EPA

O modelo ATR-72 era operado pela Voepass Linhas Aéreas e tinha capacidade para 68 passageiros. O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) informou que a aeronave estava com a documentação em dia e autorizada a voar. O órgão responsável pelas investigações revelou também que os pilotos tinham o treinamento e as capacidades para operar a aeronave.

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O CEO da Voepass, Eduardo Busch, destacou a experiência da tripulação. O comandante, Danilo Santos Romano, tinha 5.202 horas de voo. O copiloto, Humberto Campos de Alencar, acumulara 5.100 horas.

A companhia acrescentou que o avião passou por manutenção de rotina na noite anterior a queda. O trabalho foi realizado na base da empresa, em Ribeirão Preto (SP).

O que causou o acidente?

Versão sobre gelo acumulado na fuselagem ter causado perda de sustentação não é confirmada e nem descartada pelos investigadores. Eles dizem que o trabalho está só começando e é precoce apontar causas.

Os militares ressaltaram que é prematuro considerar o gelo como motivo de a aeronave descer em espiral até o impacto. Por seguir métodos científicos, a investigação pode demorar anos. As apurações de maiores acidentes aéreos com brasileiros costumam durar dois anos.

O acúmulo de gelo é uma possibilidade admitida pela Voepass. Mas o sistema de degelo funcionava normalmente no momento do acidente, segundo Marcel Moura, diretor de Operações da companhia aérea. Assim como os investigadores, ele acrescentou que é precoce apontar o gelo como causa da queda.

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 Vista aérea dos destroços de um avião que caiu com 62 pessoas a bordo em Vinhedo, estado de São Paulo
Vista aérea dos destroços de um avião que caiu com 62 pessoas a bordo em Vinhedo, estado de São Paulo Imagem: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP

A tripulação sabia que iria enfrentar gelo no trajeto entre Cascavel e Guarulhos, afirmou o diretor de Operações. A previsão se confirmou e o local onde houve a queda do avião tinha um alerta para "formação severa de gelo".

Um possível acúmulo de camadas de gelo sobre as asas pode mudar a curvatura delas e causar perda de sustentação. Mas o diretor de Operações explicou que as condições climáticas estavam dentro dos parâmetros em que o ATR-72 pode voar e a decolagem foi autorizada.

Na nossa despachabilidade, avaliamos as condições de gelo no local onde vai voar, na altitude onde vai voar. E hoje era previsto gelo, mas dentro das características aceitáveis para o voo. Tecnicamente, totalmente suportável. Marcel Moura, diretor de Operações da Voepass

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O ATR tem algumas características de voo. Ela [a aeronave] tem um pouco maior sensibilidade de gelo. Ela (gelo como causa) não é descartada, assim como também nenhuma hipótese é descartada neste momento. O avião é sensível a gelo. É um ponto de partida, mas ainda é muito precoce para dizer em relação ao evento. Marcel Moura, diretor de Operações da Voepass

Pilotos pediram ajuda?

O chefe do Cenipa, brigadeiro do ar Marcelo Moreno, disse neste domingo (11) que não houve declaração de emergência aos órgãos de controle de tráfego aéreos. A afirmação contradiz uma corrente que se formou nas redes sociais de que o comandante do voo pediu para aterrissar em um aeroporto no caminho entre Cascavel e Guarulhos e não recebeu autorização.

Diretores da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) também não confirmaram pedido de pouso em aeroporto alternativo. As autoridades ainda disseram que as primeiras respostas do órgão a respeito da queda serão apresentadas em um relatório preliminar que deve sair em 30 dias.

Danilo Romano, comandante da VoePass, era palmeirense fanático
Danilo Romano, comandante da VoePass, era palmeirense fanático Imagem: Reprodução/Facebook
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Caixas-pretas foram encontradas?

O ATR-72 era equipado com duas caixas-pretas e ambas foram encontradas ainda na tarde de sexta-feira. Na manhã deste sábado, os equipamentos chegaram ao laboratório do Cenipa para extração dos dados. O chefe do Cenipa afirmou neste domingo que foram obtidos os dados e áudios completos dos equipamentos.

Há dois tipos de dados gravados nas caixas-pretas. Uma delas registra a comunicação dos pilotos. O outro equipamento armazena os parâmetros do voo como altitude, velocidade e potência dos motores. Com estas informações em mãos, os investigadores podem reconstituir os instantes finais do voo.

A Anac ainda confirmou que dispensou a Voepass de registrar alguns dados que normalmente são colhidos pela caixa-preta que grava as conversas entre os pilotos. Os investigadores informaram que usarão outros elementos para descobrir as causas do acidente.

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Quem eram as vítimas?

A lista com os nomes (veja abaixo) foi divulgada pela Voepass. Na noite deste sábado, o Corpo de Bombeiros retirou os 62 corpos da aeronave. Todos foram levados para o IML (Instituto Médico Legal) Central, em São Paulo.

Bombeiros retiram os corpos das vítimas por "fileiras de assento". Nenhuma pessoa foi ejetada da aeronave no momento do acidente, informou a corporação.

Alguns corpos estão em difícil estado de identificação. A identificação começa com a análise de impressões digitais, da arcada dentária e DNA. O perito criminal federal e membro da Diretoria Técnico Científica da Polícia Federal, Marco Conde, disse ao UOL que outros elementos ajudam no trabalho dos profissionais, como próteses, marca-passos, fraturas e cicatrizes.

Não é qualquer pessoa que pode fornecer material genético, tem que ter vínculo familiar. Não tendo pai e mãe, pega avó e avô materno. Irmãos não são boas referências em regra para fazer exame genético. Diretor do Instituto Nacional de Criminalística, Carlos Palhares

O governo de São Paulo reservou acomodações em um hotel na região central da capital para os familiares das vítimas. Elas têm chegado à capital para o reconhecimento dos corpos. A Secretaria de Desenvolvimento Social monitora os atendimentos.

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Estrutura psicológica e jurídica está sendo oferecida aos familiares. O capitão Farina, porta-voz da Defesa Civil de São Paulo, afirmou que os familiares se mostram muito abalados especialmente no momento das entrevistas para coleta de dados sobre as vítimas. "O trabalho vai permanecer por tempo indeterminado até que todas as famílias sejam atendidas. A Defesa Civil ligou para todas as famílias assim que ficou sabendo do acidente, uma assessoria jurídica esteve presente para tirar dúvidas dos familiares", explicou.

Lista de passageiros

  1. Adriana Santos
  2. Adriano Daluca Bueno
  3. Adrielle Costa
  4. Alipio Santos Neto
  5. Ana Caroline Redivo
  6. Andre Michel
  7. Antonio Deoclides Zini Junior
  8. Arianne Risso
  9. Constantino Thé Maia
  10. Daniela Schulz Fodra
  11. Denilda Acordi
  12. Deonir Secco
  13. Diogo Avila
  14. Edilson Hobold
  15. Eliane Andrade Freire
  16. Gracinda Marina Castelo da Silva
  17. Hadassa Maria da Silva
  18. Hiales Carpine Fodra
  19. Isabella Santana Pozzuoli
  20. Jose Carlos Copetti
  21. José Cloves Arruda
  22. José Roberto Leonel Ferreira
  23. Josgleidys Gonzalez
  24. Joslan Perez
  25. Kharine Gavlik Pessoa Zini
  26. Laiana Vasatta
  27. Leonardo Henrique da Silva
  28. Liz Ibba Do Santos
  29. Lucas Felipe Costa Camargo
  30. Luciani Cavalcanti
  31. Luciano Trindade Alves
  32. Maria Auxiliadora Vaz De Arruda
  33. Maria Parra
  34. Maria Valdete Bartnik
  35. Mariana Belim
  36. Mauro Bedin
  37. Mauro Sguarizi
  38. Miguel Arcanjo Rodrigues Junior
  39. Nelvio José Hubner
  40. Paulo Alves
  41. Pedro Gusson do Nascimento
  42. Rafael Alves
  43. Rafael Fernando dos Santos
  44. Raphael Bohne
  45. Raquel Ribeiro Moreira
  46. Regiclaudio Freitas
  47. Renato Bartnik
  48. Renato Lima
  49. Ronaldo Cavaliere
  50. Rosana Santos Xavier
  51. Rosangela Maria De Oliveira
  52. Rosangela Souza
  53. Sarah Sella Langer
  54. Silvia Cristina Osaki
  55. Simone Mirian Rizental
  56. Thiago Almeida Paula
  57. Tiago Azevedo
  58. Wlisses Oliveira

Lista de tripulantes

  1. Danilo Santos Romano, 35 anos.
  2. Debora Soper Avila, 28 anos
  3. Humberto de Campos Alencar e Silva, 61 anos
  4. Rubia Silva de Lima, 41 anos

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