Russomanno: Frase sobre falta de banho de moradores foi tirada de contexto
Candidato à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos) disse que a fala sobre moradores de rua que não tomam banho e sua associação com uma suposta resistência maior ao novo coronavírus foi tirada de contexto. O deputado federal alegou que a imprensa fez sensacionalismo em cima da história.
Em evento com empresários da Associação Comercial de São Paulo, realizado ontem, Russomanno afirmou que moradores de rua poderiam ter mais resistência contra covid-19 porque não tomam banho com frequência.
"Nós temos casos pontuais e não temos uma quantidade imensa de moradores de rua com problema de covid. Talvez eles sejam mais resistentes do que a gente, porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não tem como tomar banho todos os dias", cogitou Russomanno ontem.
Questionado sobre o assunto, na tarde de hoje, Celso Russomanno defendeu-se dizendo que apenas o trecho de toda uma conversa foi retirada pelos jornalistas para fazer sensacionalismo.
"O que eu estava discutindo? Que a ciência precisa estudar muito ainda a covid para entender porque aonde existe aglomeração, onde as pessoas na periferia estão aglomeradas em pequenas moradias com 5, 6, 10 pessoas e não contraem a doença, porque moradores de ruas têm casos pontuais e se alardeava que, quando a covid chegasse no Brasil, ela atacaria de pronto a Cracolândia e moradores de rua, e isso não aconteceu", disse, em entrevista ao SBT.
Russomanno também negou ter sido preconceituoso na fala, como acusou o rival, o atual prefeito Bruno Covas (PSDB). "Preconceituoso foi a forma com que os jornalistas tocaram no assunto querendo desprezar aqueles que são famílias que estão sem opção de vida nenhuma e o poder público não está presente."
Deputado volta a citar apoio de Bolsonaro
Ainda durante a entrevista, Russomanno defendeu o Auxílio Paulistano, promessa que está em seu plano de governo e se assemelha ao Auxílio Emergencial, do governo Jair Bolsonaro (sem partido). O candidato ressaltou também que se não fosse o presidente da República teríamos pessoas saqueando supermercados nesta pandemia.
"Temos pessoas desempregadas, infelizmente aqueles que estavam na informalidade pararam de vender seus produtos nas ruas, os autônomos estão sem renda, temos um problema sério por conta da decretação do estado de calamidade. Aí, esse programa [Auxílio Paulistano] vem no sentido de atender a essas pessoas que, se não fosse o Auxílio Emergencial do presidente Bolsonaro, hoje estariam sem ter o que comer em casa, sem emprego, provavelmente saqueando supermercados", pontuou.
Na entrevista, ele voltou a citar também que é o candidato "apoiado por Bolsonaro". Ele se encontrou com o presidente em evento na semana passada em São Paulo e vem exibindo imagens ao lado de Bolsonaro no horário eleitoral.
Russomanno se irrita com perguntas
Celso Russomanno também se irritou com questionamentos feitos pelos jornalistas Simone Queiroz e Fábio Diamante, que conduziam a entrevista.
Em um momento tenso, Diamante relembrou que o candidato propôs a instalação de barreiras policiais na Cracolândia, na região central de São Paulo, e o fim do programa de Braços Abertos, em entrevista à Rádio e à TV Estadão, em agosto de 2016. Russomanno rebateu dizendo que o jornalista estava faltando com a verdade.
"Eu não sei de onde tirou 'barreiras policiais'. Eu não disse 'barreiras policiais'", ao ser interrompido por Diamante. "O senhor disse em outra eleição", ressaltou. "Não, eu disse outra coisa. Desculpe, você está faltando com a verdade, eu disse outra coisa. Eu disse o seguinte: 'que as pessoas que quisessem o direito de ir e vir seria preservado' e que 'as pessoas que quisessem entrar na Cracolândia passariam por uma revista', não barreira policial", insistiu.
Na entrevista de 2016, Russomanno defendeu o uso de "barreiras de fiscalização" e que os policiais seriam responsáveis por ela. "Só tem consumo de drogas onde há produto. O que eu faria na Cracolândia? Três barreiras de fiscalização para a pessoa chegar lá", dissera o candidato, antes de complementar: "Qualquer policial pode fazer revista. Será uma barreira a cada quarteirão para impedir entrada da droga", afirmara na época.
Em outro momento, não menos tenso, um internauta identificado como Reginaldo Barbosa questionou o candidato sobre sua ligação com Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo, já que ambos foram do mesmo partido.
"Eu não tenho cordão umbilical com ninguém", respondeu o candidato, com semblante fechado. "A minha vida se fez nos últimos 30 anos na defesa dos direitos do consumidor, que por sinal começou no SBT no [extinto programa policial] 'Aqui Agora'. Não tenho um cordão umbilical, não comecei na política com Paulo Maluf, comecei defendendo o consumidor. Fui eleito inclusive no PSDB no meu primeiro mandato o mais votado no Brasil e de lá para cá eu venho construindo minha vida política", pontuou.
Russomanno se nega a responder sobre aborto
Candidato do Republicanos, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), Russomanno se negou a responder qual seria o seu posicionamento em relação ao aborto.
"Em primeiro lugar, agora sim não é atribuição do prefeito. O que for estou a disposição para responder. Sobre esse assunto não vou responder, obrigado!"
Segundo pesquisa Datafolha, divulgada na semana, Celso Russomanno aparece com 27%, o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), tem 21%. A variação dele está dentro da margem de erro, de três pontos percentuais
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