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Com vaias, adversários em Curitiba se unem em praça para criticar Greca

A partir da esq., Opuszka, Arruda, Casagrande, Professora Samara, Camila Lanes, Mocellin e Francischini em evento sobre debates - Hay Ramos
A partir da esq., Opuszka, Arruda, Casagrande, Professora Samara, Camila Lanes, Mocellin e Francischini em evento sobre debates Imagem: Hay Ramos

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

20/10/2020 16h52Atualizada em 20/10/2020 16h52

Metade dos 16 candidatos à Prefeitura de Curitiba se reuniu na tarde de hoje para criticar o silêncio e a ausência em debates de Rafael Greca (DEM), que lidera com folga as intenções de voto na capital paranaense.

Organizado por João Arruda (MDB), o encontro, chamado de "Palco Aberto "e transmitido nas redes sociais ao vivo, reuniu aproximadamente 50 pessoas, incluindo militantes, na Praça da Espanha, próximo à residência do atual prefeito.

Ele foi convidado, mas não compareceu. Procurado pelo UOL, a assessoria de imprensa de Greca informou que ele estava cumprindo agenda na Cidade Industrial de Curitiba (CIC).

Em nota, o prefeito afirmou que "a legitimidade de todo o debate pressupõe o conhecimento de causa. Ficou claro que meus adversários não o tem, pois a estratégia dos mesmos é de fazer ataques orquestrados à minha gestão e à minha pessoa. Preferia que eles tivessem apresentado suas propostas para a cidade. Para mim, o desaforo é a ausência do argumento", disse..

Com fala de cinco minutos e ordem decidida por sorteio, cada candidato deveria responder a questão: "Qual a importância do debate para as eleições em Curitiba?".

Estiveram presentes Professora Samara (PSTU), Fernando Francischini (PSL), Letícia Lanz (PSOL), Eloy Casagrande (Rede), Camila Lanes (PCdoB), Professor Mocellin (PV), Paulo Opuszka (PT), além de Arruda.

O mote da pergunta serviu para alfinetar a ausência de Greca no único debate televisivo realizado até o momento, pela Band Paraná —na época, o prefeito teve confirmado o diagnóstico de covid-19.

As reclamações se estenderam ao direcionamento de recursos para empresários do transporte público, à falta de diálogo com servidores e às atitudes do prefeito na pandemia.

Segundo Arruda, o evento significa um movimento de "união, inclusive de solidariedade", em defesa da democracia. "A harmonia entre os candidatos é o debate da democracia. Gostaria de debater em alto nível, em torno de propostas e ideias, falar como faria diferente dele [Greca]", disse.

Francischini é vaiado e reclama da 'velha política'

Em um evento composto majoritariamente por candidatos com espectro mais à esquerda, o comparecimento de Fernando Francischini não passou despercebido. Professora Samara lembrou que o deputado estadual foi secretário de Segurança Pública na chamada "Batalha do Centro Cívico", em 2015, quando professores foram atacados pela Polícia Militar ao tentar impedir a aprovação de um pacote que direcionava verbas da previdência para o caixa do governo.

Entre vaias e aplausos, o parlamentar precisou de uma intervenção de Arruda para falar. Pediu respeito e civilidade a todos os candidatos, "para que possamos construir juntos uma cidade, com nossas diferenças".

Segundo Francischini, Greca é um legítimo representante da "velha política", que se beneficia de radicalismos, a partir de "acordos de bastidores, alianças para retirar candidatos, partidos se coligando a troco de cargos públicos", disse. "Vamos estar toda semana em uma praça diferente em Curitiba. A próxima tem que ser na frente da prefeitura."

Professor Mocellin lançou mão de uma estratégia peculiar. "Se você acha que não deve votar no Professor Mocellin por falta de experiência, vote em qualquer um, menos nele [Greca]", disse.

Letícia Lanz disse que não é possível "continuar apoiando um prefeito que foge ao debate democrático, que age de maneira autoritária e que pensa ser dono da cidade junto com as corporações que apoia". Para Camila Lanes, o fato de Greca não estar presente é um reflexo de sua gestão: "É um sinal de que se ausenta em sua gestão. O atual gestor se esconde em sua casa e em sua chácara. Não responde as dúvidas dos cidadãos", diz.