Milícia nas urnas: RJ tem 7 atentados com 3 mortes na campanha eleitoral
Em pouco mais de um mês durante a campanha eleitoral, o estado do Rio teve ao menos sete atentados com possível motivação política, deixando três mortos. Os ataques se intensificaram nos últimos dias com a aproximação das eleições de domingo (15).
Em um intervalo de apenas uma semana, cinco pessoas com envolvimento direto nas eleições ficaram na mira de atiradores —quatro delas tentam se eleger vereadoras. Neste ano, dos 14 políticos baleados, oito morreram —todos eles na Baixada Fluminense—, segundo levantamento do UOL em conjunto com a plataforma Fogo Cruzado.
Capítulo 2 - Mesmo atrás das grades, bombeiro acusado de chefiar milícia e investigado por homicídio busca reeleição para vereador
Os ataques se intensificaram durante a campanha eleitoral. Isso aponta para uma tentativa de tirar alguns candidatos da disputa eleitoral
Maria Isabel Couto, gestora de dados da plataforma Fogo Cruzado
Em três dos atentados em meio à campanha eleitoral, as vítimas se deslocavam de carro quando foram surpreendidas por tiros. Em outros três, o alvo da emboscada estava dentro ou em frente a um comércio.
Renata Castro, cabo eleitoral da família Cozzolino, foi assassinada na manhã de 30 de outubro ao ser atingida por ao menos 14 tiros na porta de casa em Magé, na Baixada Fluminense. Horas antes de morrer, ela postou um vídeo no Facebook dizendo ter sido vítima de ameaças de morte.
Os outros dois assassinatos durante a campanha ocorreram em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense) em meio a um cenário de suspeita de envolvimento de políticos com milícias.
No dia 1º de outubro, Mauro Miranda da Rocha (PTC) foi morto a tiros quando estava em uma padaria.
Domingos Barbosa Cabral foi assassinado em um bar na tarde de 10 de outubro. Informações obtidas pelo UOL junto ao Ministério Público do Rio apontam que ele pode ter sido morto por ter rompido com a milícia chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko, um dos criminosos mais procurados do país.
Capital: Vereador baleado foi citado em CPI das Milícias
O vereador carioca e candidato à reeleição Jair Barbosa Tavares, conhecido como Zico Bacana (Podemos), escapou por pouco da morte em um ataque com armas de grosso calibre. Na noite de 2 de novembro, ele estava em frente a um bar em Ricardo de Albuquerque, zona norte do Rio, quando percebeu a aproximação de um veículo com homens armados e se atirou no chão.
O parlamentar, que é ex-policial militar, usou o próprio carro blindado como escudo, mas acabou sendo atingido por um tiro de raspão na cabeça. Houve troca de tiros, e a Polícia Civil ainda investiga quem revidou ao ataque. Duas pessoas morreram e outras duas ficaram feridas no confronto.
Peritos encontraram cápsulas de fuzil no local. O veículo dele foi atingido por mais de 15 tiros, segundo a perícia.
A polícia investiga o possível envolvimento de traficantes do Complexo do Chapadão, conjunto de favelas dominadas pelo Comando Vermelho, que fica nas imediações do local onde Zico Bacana foi atacado.
Quando ainda era cabo da PM, ele foi citado no relatório final da CPI das Milícias, aprovado pela Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) em 2008. Apontado como chefe de um grupo paramilitar que atuava nas imediações do local onde ocorreu o ataque, ele não chegou a ser indiciado. O parlamentar nega que tenha tido qualquer tipo de envolvimento com as milícias.
O UOL ouviu uma testemunha sob a condição de anonimato. "Os bandidos atacaram pelos dois lados, de forma planejada. Um grupo atirava à distância. Do outro lado, um outro grupo desceu de um carro atirando", contou.
Impunidade na Baixada Fluminense
Os oito assassinatos de pessoas com envolvimento político neste ano foram em municípios da Baixada Fluminense. Mas esse cenário não reflete apenas as eleições deste ano.
Levantamento feito pelo Fogo Cruzado desde 2016 aponta que 76% dos ataques a tiros contra políticos na região metropolitana ocorrem na Baixada Fluminense.
Maria Isabel Couto, gestora de dados da plataforma, vê os políticos da região em uma situação mais vulnerável. "Os dados mostram que a Baixada Fluminense é particularmente mais atingida na relação entre violência e política. Como consequência desse cenário, pessoas em cargos políticos passam a ter medo de serem assassinadas", analisa.
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