Para atrair voto, Crivella acusa adversários sem provas e cola em Bolsonaro
Com pouco mais de uma semana para converter votos e se reeleger prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) recorreu a acusações sem provas como uma espécie de estratégia política. A atitude do atual prefeito do Rio coincide com os primeiros levantamentos de intenções de votos que o mostram atrás do adversário Eduardo Paes (DEM).
Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (19) aponta que Paes tem 71% e Crivella 29% dos votos válidos. O Ibope, na quarta (18), indicou Paes com 53% dos votos totais (incluindo brancos e nulos) e Crivella com 23%. Nos últimos dias, o atual prefeito disparou contra Paes e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). E também tem aproveitado para estreitar laços com o bolsonarismo.
Nesta semana, um café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) alinhou os últimos detalhes de um vídeo de apoio. Pessoas próximas a Bolsonaro afirmam que uma vinda dele ao Rio na próxima semana para acompanhar Crivella em agendas de campanha não está descartada.
O último esforço de Bolsonaro por Crivella seria explicável: além de o Rio ser o berço do bolsonarismo, o candidato é filiado ao Republicanos, mesmo partido que abriga os seus filhos Flávio e Carlos Bolsonaro —esse último, apesar de ter sido eleito vereador, registrou uma queda de 34% na sua votação em comparação a 2016.
Portanto, a derrota de Crivella na capital fluminense por diferença tão grande para Eduardo Paes teria um efeito simbólico.
Pessoas que fazem parte da campanha, no entanto, fizeram um apelo ao atual prefeito: que ele não questione a legitimidade do processo eleitoral eletrônico. Apesar das críticas reiteradas aos institutos de pesquisa, Crivella não falou sobre supostas fraudes em urnas, um discurso recorrente entre aliados da família Bolsonaro.
Ataques a Doria, Paes e ao PSOL
Em vídeo que circula nas redes sociais, Crivella aparece ao lado do deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) afirmando que Paes fechou um acordo para entregar a Secretaria Municipal de Educação ao PSOL, caso seja eleito, e que isso implicaria em implementar "pedofilia nas escolas". O prefeito não apresentou qualquer prova do que dizia.
Paes negou que tenha negociado qualquer cargo com o PSOL em um eventual mandato e disse que vai processar Crivella. "Eu não sou favorável à pedofilia, o PSOL não é favorável à pedofilia, ninguém é. Isso é uma tática desesperada", afirmou.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que foi derrotado por Crivella no segundo turno das eleições de 2016, definiu o atual prefeito como "um ser rastejante" por causa das declarações.
Algumas horas antes, outro vídeo em que Crivella aparece fazendo acusações sem provas ganhou notoriedade nas redes sociais. Neste registro, o prefeito estava em uma reunião com colaboradores. Em um momento no qual falava sobre as OSs (Organizações Sociais) que administram unidades de saúde, ele mencionou Doria com palavras de baixo calão.
"Eu entrei na Justiça contra esses vagabundos. Sabe o que eles fizeram? Dei dinheiro para pagar os funcionários, eles pegaram e pagaram fornecedor, que tinha que pagar dia 10 de dezembro. E faltou dinheiro. Sabe de quem é essa OS? Essa OS é de São Paulo. É do Doria. Viado! Vagabundo!", disse Crivella.
No vídeo, não fica claro sobre qual contrato o prefeito está falando, nem sobre qual OS.
João Doria se manifestou. "Lamento que o prefeito do Rio de Janeiro, um pastor que deveria ser um exemplo, faça ataques, use palavrões e o preconceito para se referir a um governador. O prefeito Crivella se apequena e lamentavelmente encerra seu ciclo de forma melancólica", escreveu Doria em sua conta no Twitter.
Após a repercussão, Crivela também usou as redes sociais para se desculpar, mas não deu detalhes sobre a declaração. "A fala foi um momento de revolta pelas OSs reterem o salário de médicos e enfermeiros mesmo tendo recebido da prefeitura. Em tempos de pandemia isso pode custar vidas. Peço desculpas pelos excessos, e ao governador."
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