Bolsonaro recuou: 18 vezes que presidente decepcionou o 'bolsonarista raiz'
Desde o início do mandato, o presidente Jair Bolsonaro (PL) coleciona um histórico de recuos de decisões e declarações feitas após más repercussões. No caso mais recente, ele mudou de ideia sobre participar da rodada de entrevistas com presidenciáveis no Jornal Nacional, no próximo dia 22. Agora, diz que vai.
Em 2019, em apenas nove dias no poder, Bolsonaro recuou em pelo menos nove decisões anunciadas pelo governo — um recuo por dia, segundo a Folha de S. Paulo.
O UOL listou 18 vezes em que Bolsonaro recuou, incluindo o "calor do momento" alegado como justificativa pelo discurso golpista no 7 de setembro, entre outras falas polêmicas. Confira.
Aumento de IOF e redução de IR
Na primeira semana do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019, o então ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, desmentiu a declaração do presidente sobre o aumento do Imposto de Operações Financeiras (IOF) e a redução da alíquota do IR, de 27,5% para 25%.
Ele avisou publicamente que Bolsonaro havia "se equivocado" com o anúncio, mesmo após o presidente afirmar que assinaria um decreto.
"Não, não. Deve ter sido alguma confusão. Ele não assinou nada", disse Marcos Cintra, secretário da Receita.
Discurso golpista e carta aberta
Após um discurso golpista, no dia 7 de setembro de 2021, em que desafiou explicitamente o Supremo Tribunal Federal (STF) e declarou não respeitar "qualquer decisão" do ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro emitiu uma carta aberta afirmando que o discurso ocorreu no "calor do momento".
Intitulada "Declaração à Nação", a nota foi divulgada após encontro de Bolsonaro com o ex-presidente Michel Temer em Brasília, que mediou uma conversa por telefone entre o chefe de Estado e Moraes —que foi chamado de canalha na manifestação.
Não houve pedido de desculpas, segundo apuração do UOL.
Insinuou que China criou a covid
Em 2021, a fala de Bolsonaro sobre a China, insinuando que o país criou a covid-19, repercutiu mal e por isso o governante recuou no posicionamento e frisou que não citou o nome do país asiático.
Questionado por jornalistas, Bolsonaro chamou de "maldade" o que disse ser uma tentativa da imprensa de criar um atrito entre o Brasil e a China.
"Eu não falei a palavra China de manhã. Eu sei o que é guerra bacteriológica, química, nuclear... não falei mais nada", disse Bolsonaro para os jornalistas.
Distribuição gratuita de absorventes
Em março deste ano, Bolsonaro assinou o decreto que estabelece o fornecimento gratuito de produtos de higiene menstrual para mulheres em situação de vulnerabilidade. Mas a ação ocorreu cinco meses após o governo vetar uma iniciativa semelhante, em ato pelo Dia Internacional da Mulher.
No mês de outubro do ano anterior, o presidente da República havia vetado um trecho do projeto de lei 4968/2019, aprovado pelo Congresso, que previa a oferta gratuita de absorventes.
Ataques a Barroso
Ao falar das eleições de 2022, em abril, Bolsonaro elogiou o ministro do STF e ex-chefe do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso. Em ocasiões anteriores, o acusou de "ter candidato" e, sem provas, de favorecer o principal adversário no pleito, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Quero cumprimentar aqui o ministro Luis Barroso, que enquanto presidente do TSE convidou as Forças Armadas, repito, convidou as Forças Armadas, a participar de todo o processo eleitoral. O que o povo quer é paz, tranquilidade, é trabalho. É poder viver em harmonia e trabalhar para que seu país de verdade seja uma grande nação", disse.
Manutenção do teto de gastos
Após admitir a possibilidade de furar o teto de gastos públicos, com a intenção de "arranjar recursos para obras no Nordeste", em 2020, Bolsonaro recuou e voltou a defender a manutenção.
Nas redes sociais, reforçou o seu compromisso com a manutenção do teto. "A ideia de furar teto (de gastos) existe, o pessoal debate, qual o problema?", disse, em transmissão ao vivo.
Aliar-se ao Centrão
Enquanto era candidato à presidência nas eleições de 2018, Bolsonaro fazia declarações raivosas contra o centrão, grupo de partidos sem coloração ideológica. Vídeos resgatados, como o de uma convenção do PSL de 2018, mostram que o candidato se referiu a esse grupo político como "a nata do que há de pior no Brasil".
Atualmente, o cenário é totalmente diferente, mostrando um Bolsonaro aliado aos "caciques" do centrão, Arthur Lira e Valdemar Costa Neto, para garantir a governabilidade, como informou o colunista Chico Alves, do UOL.
Impeachment de ministro do STF
A influência do Centrão é forte no governo Bolsonaro. Tanto que influenciou no recuo da decisão do presidente de apresentar o pedido de impeachment contra o ministro Luís Roberto Barroso.
O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, ligado ao Centrão, foi um dos que mais se empenhou pelo recuo de Bolsonaro. Inclusive, chegou a dizer para o presidente do STF, Luiz Fux, que estava trabalhando para que o presidente voltasse atrás com a ideia.
Reforma da Previdência
Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os integrantes da equipe econômica protagonizaram uma divergência sobre a reforma da previdência.
Enquanto os especialistas defendem idade mínima igual para homens e mulheres se aposentarem, o presidente considerava a idade ideal de 57 anos para mulheres e 62 para homens.
Taxar igrejas
O secretário da Receita, Marcos Cintra, afirmou que as igrejas pagariam um novo tributo sobre transações financeiras. Mas Bolsonaro negou a medida e mudou de ideia sobre conceder subsídio.
"A política da economia é não ter mais subsídios, está suspenso qualquer iniciativa nesse sentido", afirmou o presidente durante uma entrevista coletiva.
Ministério da Justiça e da Segurança Pública
Em janeiro de 2020, Bolsonaro fez uma live para anunciar estudos sobre a separação na pasta da Segurança Pública do Ministério da Justiça, sob o comando de Sergio Moro.
Mas dois dias depois, o presidente recuou da fala e descartou a possibilidade. Assim, garantiu que as pastas permanecessem unidas e disse que "o Brasil está indo muito bem".
Acordo Embraer-Boeing
No quarto dia de governo, Bolsonaro questionou o acordo Embraer-Boeing, decidindo por não vetá-lo. Mas general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de segurança Institucional (GSI), negou a fala sobre o governo não pensar em interromper o negócio.
Filmagens de alunos
Em fevereiro de 2019, o ministro da Educação, Ricardo Vélez pediu desculpas publicamente e desfez a solicitação de que as escolas mandassem vídeos de alunos cantando o Hino Nacional.
A declaração repercutiu mal, mas Bolsonaro defendeu a importância de que alunos cantem o hino nas escolas e disse que isso é praticado em muitos países. Contudo, ressaltou que o processo deve ocorrer sem doutrinação e fiscalização.
Incra x MST
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) anunciou o rompimento de relações com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), medida que chegou a ser comemorada por bolsonaristas nas redes sociais.
Mas, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (ligada à Procuradoria-Geral da República) recomendou que o governo recuasse da decisão. Cinco dias depois, houve o cancelamento da reforma agrária.
Compra de livros didáticos
O governo de Jair Bolsonaro anunciou mudança no edital para a compra de livros didáticos, deixando de exigir referências bibliográficas, o que poderia abrir brecha para erros.
Mas após pressão popular, o presidente Bolsonaro recuou da decisão e, no Twitter, colocou a culpa no governo de Michel Temer.
Taxando leite importado
Contrariando os ideais de livre comércio do ministro Paulo Guedes, o governo aumentou o imposto de importação de leite. A decisão vaio contra a pressão de produtores de leite em para compensar o fim da taxa sobre o produto importado da União Europeia.
Base dos EUA
Jair Bolsonaro fez uma sugestão sobre criar no Brasil uma base militar sob o comando do governo dos Estados Unidos. Mas cinco dias depois, o presidente recuou afirmou que não levaria a ideia a diante.
Mas, dois meses depois, Bolsonaro assinou, em viagem aos EUA, um acordo que permite o uso comercial da base de Alcântara pelos americanos.
Fundo Eleitoral
Com a aprovação do Congresso do Fundo Eleitoral no valor de R$ 2 bilhões, o chefe do executivo ameaçou vetar o projeto. Contudo, em 2 de janeiro, o presidente recuou, alegando que o veto poderia ser enquadrado como crime de responsabilidade
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