Propaganda de TV de Lula e Bolsonaro terá Bolsa Família x Auxílio Brasil
Principais concorrentes na disputa pela cadeira no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverão defender seus respectivos governos e apresentar peças voltadas às classes média e baixa na propaganda eleitoral gratuita na televisão.
Nos primeiros programas no rádio e TV, Bolsonaro pretende apresentar o que considera realizações de sua gestão e também estimular a rejeição ao PT. Lula deverá fazer um comparativo entre seu governo e o do concorrente, com foco na economia —estratégia que já vem sendo veiculada nas redes sociais da campanha e em seus discursos.
Mais para frente, Lula vai focar no Novo Bolsa Família —um programa social que, de acordo com a equipe do petista, será reformulado, caso ele seja eleito. Bolsonaro deve, então, contra-atacar com o Auxílio Brasil, que será apresentado como o maior programa de transferência de renda do mundo.
Ordem e tempo: A propaganda eleitoral gratuita do primeiro turno na TV e no rádio começa a ser exibida na próxima sexta-feira (26), segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) —e vai até 29 de setembro.
São dois blocos de 25 minutos, de segunda-feira a sábado.
- Na televisão, às 13h e às 20h30. No rádio, às 7h e às 12h.
- Às segundas, quartas e sextas, serão apresentadas as peças de candidatos a senador, deputado estadual e distrital e governador.
- As peças dos candidatos à Presidência da República e à Câmara vão passar às terças, quintas e sábados --portanto, a estreia de Lula e Bolsonaro será no dia 27.
- A ordem é definida por sorteio. No sábado, o petista deve aparecer na frente.
A coligação de Lula terá três minutos e 49 segundos em cada bloco — somados os 10 segundos adquiridos ontem (23), com fusão do tempo do Pros, por decisão do TSE. Já a do atual presidente soma dois minutos e 38 segundos. Além disso, há inserções mais curtas ao longo do dia —inclusive aos domingos.
Lula na TV
Governo x governo: O primeiro programa do petista a ser veiculado deverá seguir o tom que a campanha tem apresentado até agora: uma comparação entre a gestão atual e os oito anos de governo Lula (2003-2010).
Com foco na economia, a peça deverá comparar números como preços de alimentos e questões sociais.
- Um exemplo muito usado é que, enquanto o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU (Organização das Nações Unidas) no governo Dilma Rousseff (PT), em 2014, voltou sob Bolsonaro, neste ano.
- Outro ponto a ser explorado é o ganho do salário mínimo acima da inflação, algo que não acontece desde 2019, no primeiro ano de gestão bolsonarista e ocorreu anualmente durante os anos Lula. Isso já é lembrado por ele em quase todo discurso.
"Tá caro? Culpa do...": O objetivo, como tem sido feito, é falar com eleitores de classes média e baixa, que sentem diretamente e semanalmente o aumento dos preços e a diminuição do poder de compra. O desafio é ligar a crise a Bolsonaro.
Nas redes sociais e em cidades maiores, já há diversas formas de protesto contra o aumento dos preços. O PT não pretende se apropriar das iniciativas da sociedade civil, usando apelidos como "BolsoCaro", mas deverá adotar tom semelhante.
Novo Bolsa Família: Nas próximas incursões, também é esperado que o PT foque no retorno do Bolsa Família, principal programa de distribuição de renda do governo Lula —incorporado no Auxílio Brasil de Bolsonaro. Também deve propor a volta do Minha Casa Minha Vida.
Conforme o UOL mostrou, o PT tem tentado não só seguir vinculando benefícios sociais ao nome de Lula como chamando a proposta de Bolsonaro de eleitoreira —e consideram estar conseguindo. A propaganda deverá ir na mesma pegada.
O partido deverá insistir que, ao contrário da proposta de Bolsonaro —que aprovou o benefício até dezembro—, eles propõem um auxílio fixo de R$ 600, com prerrogativas similares às instituídas pelo Bolsa Família, nome que deverá voltar, em caso de eleição do petista. Mas ainda não se sabe como esse pagamento será feito.
Além de gravar em estúdio em São Paulo, Lula e o candidato a vice na chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), foram filmados em eventos em outros locais do país, como em Pernambuco.
Bolsonaro na TV
Repetindo a tática de 2018: O presidente vai buscar a reeleição atacando o PT, mas sem dizer o nome de Lula. Como já acontece nos discursos de Bolsonaro, não haverá menção ao principal adversário.
As pesquisas mostraram que vale muito mais centrar forças em nomes do entorno de Lula —principalmente a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que sofreu impeachment. Também serão citados os ex-ministros José Dirceu (PT) e Antonio Palocci (PT) e o ex-presidente do PT, José Genoino —alvos de investigações do Mensalão e da Lava Jato.
O entendimento é que associar Lula a estes nomes gera desgaste no adversário e fortalece Bolsonaro. O serviço de desconstrução será completado com a lembrança do escândalo envolvendo a Petrobras.
Esta situação servirá de gancho para falar do preço dos combustíveis —Bolsonaro pretende atribuir às administrações petistas o valor alto da gasolina e diesel. Neste contexto, o presidente será apresentado como o gestor que remediou a situação. A poucos meses da eleição, Bolsonaro trocou o presidente da Petrobras e articulou a base no Congresso para reduzir o ICMS dos combustíveis.
Foco no Auxílio Brasil: Haverá também o esforço de exaltar aquilo que é classificado como legado do atual governo. Os depósitos de R$ 600 do Auxílio Brasil serão tratados como "maior programa de transferência de renda do mundo".
- Os indicadores econômicos serão apresentados sempre na comparação com outros países.
- A intenção é mostrar que a Europa e os Estados Unidos enfrentam situação pior.
- A lógica por trás das peças é transmitir a ideia de que o mundo está caminhando para a recessão e o Brasil tem deflação e queda no desemprego.
Defesa de Deus e da família: Mas Bolsonaro perderia parte de sua essência como candidato se não falasse de costumes. Discurso que demonstrou mais aderência neste começo de campanha —principalmente após as participações da primeira-dama, Michelle, em eventos, a religião e defesa de princípios conservadores também serão explorados. Existe a percepção que parte do eleitorado que hoje está com a esquerda não tem apego a valores progressistas.
A campanha de Bolsonaro montou um estúdio em Brasília para preparar o material que será gravado para a programação da rádio e televisão nas próximas semanas. No dia 12 de agosto, Bolsonaro chegou a passar três horas e meia gravando. Ele também foi à região mais pobre de Brasília, o Sol Nascente.
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