Topo

Após zerar taxa do Whey, Bolsonaro vai a podcast patrocinado por suplemento

O presidente Jair Bolsonaro (PL) no podcast Ironberg - Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro (PL) no podcast Ironberg Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

26/08/2022 17h41Atualizada em 26/08/2022 18h50

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou hoje do podcast Ironberg, apresentado pelo fisiculturista Renato Cariani e pelo médico Paulo Muzy. A conversa, que durou quase duas horas, reforçou o lado atleta do candidato à Presidência, que é formado em Educação Física e tem 67 anos, e encerrou com pedido de votos feito pelo próprio presidente. Antes de participar o episódio, Bolsonaro passou três horas no programa Pânico, da Jovem Pan.

Semana passada, durante sua tradicional transmissão ao vivo, o presidente anunciou redução do imposto sob o Whey Protein, um suplemento proteico muito utilizado tanto para perda de peso quanto para ganho de massa muscular —dias depois dessa live, Bolsonaro foi convidado para o podcast. Segundo o chefe do Executivo, a medida foi para "ajudar aí o pessoal que malha". O episódio de hoje do programa foi patrocinado pela plataforma de educação financeira Eu Me Banco e o suplemento alimentar Max Titanium Whey.

"Minha vida, o vírus, a facada". Além de atleta, Bolsonaro se apresentou no podcast como um "sobrevivente" e citou o episódio da facada que sofreu quando era candidato à Presidência em 2018. O presidente fez uma alusão à covid-19, chamando apenas de "o vírus", e lembrou de um acidente de paraquedas anos antes, quando quebrou "os quatro membros".

"A única coisa que eu roubo: flexões". Em conversa sobre saúde, Cariani exibiu um vídeo de Bolsonaro fazendo flexões ao lado do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB), em 2019. Aos risos, o presidente disse: "Essa é a única coisa que eu roubo: flexões". A gestão do presidente acumula escândalos de indícios de corrupção envolvendo ministros e uma compra não finalizada da vacina Covaxin.

"Não errei nenhuma na pandemia". O chefe do Executivo disse, novamente, não ter cometido erros em sua gestão durante a pandemia do coronavírus. Algumas vezes durante a conversa, Bolsonaro falou não ter se preocupado pois sua "recuperação sempre foi boa tendo em vista o meu passado de atleta", algo que já havia dito no início da pandemia.

"Ditadura de governadores" e pedido de votos. Ao fim do episódio, Bolsonaro se dirigiu aos ouvintes para se humanizar e dizer que "passamos por dificuldades", em referência à covid-19 e a guerra entre Ucrânia e Rússia. "A pandemia atingiu o mundo todo com mortes, desequilíbrio na questão econômica, mas vamos vencendo", falou.

Segundo o presidente, sua atuação durante a crise do coronavírus foi limitada por fatores além dele. "Vocês conheceram um pouco do que é ditadura, onde alguns governadores do 'fique em casa, a economia a gente vê depois' obrigaram a fechar tudo, você sofreu com isso. Muita gente perdeu emprego. Eu tentei reabrir as academias e não consegui. O decreto nosso foi barrado no Supremo [Tribunal Federal]", afirmou.

Durante o podcast, Bolsonaro evitou falar diretamente o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder da maioria das pesquisas de intenção de voto. Em seu discurso final hoje no podcast, o presidenciável do PL aconselhou que os eleitores "vão pesquisar e ver o que outros fizeram no passado".

Tem um ditado que diz 'nada está tão ruim que não possa piorar'. Não joguem fora a oportunidade de vocês escolherem com consciência na política agora dia 2 de outubro. Você que vai decidir. Tem dúvida? Conversa com o seu pai, sua mãe, seu avô, seu vizinho. Mas busque fazer com que o Brasil continue levantando uma bandeira que muita gente não dá valor. É uma palavrinha muito simples: liberdade. Se perder a sua liberdade, você perde a sua vida
Jair Bolsonaro em podcast

"Sou um péssimo paciente". Devido ao caso da facada, relembrado hoje por Bolsonaro, ele disse que precisaria seguir certos cuidados médicos, mas que é um "péssimo paciente". No início do ano, o presidente teve um quadro de obstrução intestinal após passar mal ao comer um camarão em Santa Catarina.

O chefe do Executivo disse que "o doutor manda eu não comer certas coisas, eu nem dou bola e como mesmo". Além disso, falou que "uma comida diferente sempre é bem-vinda, não vou ficar me policiando" e que seu organismo "aceita bem".

Quando eu tenho problema de estômago, sabe qual o remédio? Coca-Cola. O problema é meu. Come demais e toma Coca-Cola que empurra tudo pra baixo
Jair Bolsonaro em podcast

"Não é palanque". Encaminhando para o fim do episódio, Cariani disse ter perdido 30 mil seguidores após anunciar a participação de Bolsonaro no podcast: "As pessoas de alguma forma nos criticaram, nos atacaram entendendo que o nosso propósito era realizar um palanque eleitoral", falou.

Ligação para Queiroga. Bolsonaro fez uma rápida ligação telefônica para o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O contato rápido com o ministro no viva-voz serviu para que ele pudesse anunciar um avanço de "60% das bolsas de residência médica no Brasil".

Whey "não é bomba". Após sofrer críticas por zerar o imposto do Whey em meio ao aumento de pessoas em insegurança alimentar, Bolsonaro disse hoje que o suplemento "não é bomba" e o fisiculturista Cariani reforçou que o Whey traz benefícios.

Segundo Cariani, o complemento alimentar pode ser utilizado por pessoas que sabem "que têm uma alimentação ruim, deficitária".

A participação de Bolsonaro no Ironberg aconteceu mais de uma hora após o fim de sua entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan. Antes de começar o podcast, o vídeo já tinha uma tarja do próprio YouTube sobre as eleições deste ano para "garantir a integridade do processo eleitoral". O mesmo aviso não estava presente desde o início do Pânico, sendo acrescentado depois do presidente discutir urnas e eleições.