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Por que Ciro Gomes tem um programa com o nome de Eduardo Suplicy?

Eduardo Suplicy e Ciro Gomes: discussão sobre renda básica desde o governo Itamar - Evelson de Freitas/Folhapress/Digital -22.out.2001
Eduardo Suplicy e Ciro Gomes: discussão sobre renda básica desde o governo Itamar Imagem: Evelson de Freitas/Folhapress/Digital -22.out.2001

Do UOL, em São Paulo

29/08/2022 14h47

O candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) voltou a falar ontem, durante o debate presidencial, sobre seu programa de transferência de renda, batizado com o nome de Eduardo Suplicy (PT), ex-senador e atualmente vereador paulistano. O evento foi promovido por UOL, Folha, TVs Band e Cultura.

No horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, Ciro também tem focado no projeto, que há anos é uma bandeira do petista. "Vou criar o programa de renda mínima Eduardo Suplicy. Esse programa vai pagar R$ 1 mil mensais para todas as famílias mais pobres do Brasil", diz o pedetista em uma das inserções publicitárias.

Conforme relatou reportagem da Folha de S.Paulo, a homenagem tem incomodado o PT, que vê a iniciativa como uma "provocação" de Ciro.

O pedetista tem atacado constantemente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário na corrida ao Planalto. Hoje, por exemplo, Ciro atacou a saúde do petista em seu perfil no Twitter. Após dizer que o ex-presidente está "fraco fisicamente e psicologicamente", o pedetista apagou o tuíte.

Quem é Eduardo Suplicy? Um dos fundadores do PT, Suplicy, 81, já foi eleito deputado federal duas vezes, vereador da capital paulista em duas diferentes legislaturas e exerceu três vezes o mandato de senador representando São Paulo.

Ao longo de mais de 30 anos, o economista vem defendendo a proposta de uma renda básica para os brasileiros.

O que prevê o programa? Batizado de "Renda Mínima Universal Eduardo Suplicy", o benefício é visto como o carro-chefe da campanha de Ciro e prevê beneficiar quase 60 milhões de pessoas.

Conforme mostrou o colunista do UOL Felipe Moura Brasil, Ciro quer adotar, caso eleito, um programa de renda mínima no valor de R$ 1 mil por domicílio vulnerável, o que deve gerar impacto fiscal de R$ 170 bilhões, nos cálculos do pedetista.

Ao detalhar o projeto, o político explicou que o recurso para bancar o auxílio viria de duas fontes: da unificação das dotações orçamentárias de benefícios existentes e do imposto sobre grandes fortunas.

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Ciro Gomes durante debate presidencial UOL, Band, Folha de S.Paulo e TV Cultura
Imagem: Renato Pizzutto/Band

O que Ciro já disse sobre o programa? O projeto foi citado durante o primeiro compromisso de campanha do petista, em Guaianases, zona leste de São Paulo, no último dia 16 de agosto.

A homenagem que eu faço ao Eduardo Suplicy é uma questão simples, ele dedicou uma vida inteira a colocar esse assunto em pauta no Brasil e o PT sempre o levou ao deboche e ao ridículo. Eu não, eu sempre o levei a sério

O pedetista também falou sobre o projeto durante sabatina no Jornal Nacional, na semana passada.

O Brasil tem hoje, como eu lhe falei, pessoas que estão passando fome em uma conta de metade da população, e eu tenho um programa, um programa de renda mínima, com status constitucional, que vai entrar como uma ferramenta da Previdência Social, ou seja, para nos proteger das manipulações de véspera de eleição

Ontem, durante o debate, o candidato voltou a falar a respeito do tema ao questionar o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a fome e apresentar dados que mostram que mais de 33 milhões de brasileiros estão em situação de insegurança alimentar grave.

O programa de renda mínima Eduardo Suplicy vai garantir R$ 1.000 por domicílio, peço que você acompanhe os detalhes nas minhas redes, todas as fontes de financiamento, de onde é que vem o dinheiro, e com isso eu acabo definitivamente com a fome e também com a manipulação política e demagógica da fome e da miséria do povo por esse tipo de interesse

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O renda mínima é um projeto defendido há anos por Eduardo Suplicy
Imagem: Marcelo Justo/UOL

Suplicy, Ciro, o PT e a renda básica. Segundo a Folha, Ciro e Suplicy discutem o programa desde que o pedetista era ministro da Fazenda no governo Itamar Franco e encomendou um estudo sobre o tema.

Os dois ficaram mais próximos quando, em 2018, o projeto passou a fazer parte do programa de governo de Ciro, que terminou a eleição em terceiro lugar. A avaliação de Suplicy é que Ciro dá mais importância ao tema do que aliados próximos a Lula.

Prova disso é que, em julho, o vereador causou constrangimento no evento de lançamento das diretrizes do programa de governo da campanha do ex-presidente.

Sem ter sido convidado, ele interrompeu a reunião, se queixou que sua proposta de renda básica de cidadania não estava entre as diretrizes apresentadas e cortou a fala do ex-senador e ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), um dos coordenadores da campanha de Lula, para reclamar que não havia sido chamado para o evento.

Dias depois, Mercadante recebeu Suplicy para incluir a proposta no plano de governo. No entanto, a colunista da Folha Mônica Bergamo publicou que Mercadante repreendeu o colega após o incidente.

Em resposta a um email em que Suplicy pedia desculpas pela forma como se manifestou na reunião, Mercadante disse que o vereador deveria fazer um pedido de desculpas público dirigido a todos os que trabalharam pela construção das diretrizes da chapa de Lula com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB).

Após a repercussão do caso, Ciro defendeu o vereador e reafirmou que o projeto de renda básica estará em seu plano de governo. "Caro Eduardo Suplicy, você merecia um melhor tratamento e um melhor presente de aniversário", disse Ciro a Suplicy, no dia em que ele completou 81 anos, por meio do Twitter. "Receba meus parabéns e a certeza de que implantarei o programa de renda básica de cidadania que terá seu nome", completou.