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Jefferson sugere que Bolsonaro mande prender snipers na Esplanada amanhã

O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) gravou um vídeo - Reprodução/Twitter/@crisbrasilreal
O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) gravou um vídeo Imagem: Reprodução/Twitter/@crisbrasilreal

Do UOL, em São Paulo*

06/09/2022 16h14Atualizada em 06/09/2022 17h31

O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que está em prisão domiciliar, sugeriu que o presidente Jair Bolsonaro (PL) mande fuzileiros navais prenderem os atiradores de elite — conhecidos como "snipers" — que estiverem na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, fazendo a segurança do feriado de 7 de Setembro.

Sob risco de invasão da Esplanada dos Ministérios por caminhões e outros veículos pesados de apoiadores do presidente, a Polícia Militar do Distrito Federal antecipou na noite da última segunda-feira (5) a interdição das vias que dão acesso ao Congresso e à Praça dos Três Poderes. O bloqueio das pistas do Eixo Monumental estava previsto para ser feito apenas hoje, véspera das comemorações do 7 de Setembro, mas foi adiantado após um desfile de caminhões e ônibus buzinando pela Esplanada.

Uma reportagem do UOL mostrou que o esquema de segurança para o desfile e os atos do 7 de Setembro em Brasília neste ano será maior que anos anteriores, com bloqueios de caminhões, barreiras antidrones e monitoramento de ameaças.

Chamando o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, de "Xandão", o ex-deputado federal declarou ontem que Bolsonaro irá perder as eleições caso não reaja às ações do magistrado.

"Se [Moraes] tomar conta das ações do Executivo, acabou, pede o boné e vai embora para casa. Não precisa mais fazer campanha, Bolsonaro. Ele [Moraes] não pode fazer isso. Você tem que mandar seus fuzileiros navais amanhã prender todo sniper que tiver em cima de prédio aí no Eixo Monumental. Todo ele. Cana! Desarme e mete na chave", disse o político, que teve o registro de candidatura à presidência negado pelo TSE e é proibido de acessar às redes sociais.

O vídeo em questão foi divulgado pela filha de Jefferson, a ex-deputada Cristiane Brasil (PTB). Assista abaixo:

O ex-deputado — que é acusado de tumultuar o processo eleitoral, proferir discursos de ódio e atacar instituições democráticas — questionou se o presidente aceitaria a presença dos atiradores de elite no evento — que está sendo promovido pelo candidato à reeleição até mesmo na propaganda eleitoral.

"Como o senhor [Bolsonaro] deixa o Xandão, um sujeito lombrosiano, chefe da milícia judicial... Nós temos no Brasil hoje uma milícia judicial cujo chefete é esse cidadão, o Xandão. Como ele vai botar sniper nas praças de Brasília para impedir o povo de se manifestar embaixo do seu nariz, presidente. Como é que é isso? Que conversa é essa, Bolsonaro? Você vai perder a eleição. Se você deixar essa afirmação de poder dele", comentou.

Jefferson também atacou os bloqueios na Esplanada e disse que "a rua é do povo". Ele aproveitou para criticar o discurso do chefe do Executivo no feriado de 7 de setembro de 2021. Na ocasião, Bolsonaro subiu o tom contra o STF, chamou Moraes de "canalha" e retomou mentiras infundadas sobre fraudes nas eleições — que nunca foram comprovadas. "Sai, Alexandre de Moraes! Deixa de ser canalha! Deixa de oprimir o povo brasileiro", disse à época.

Tira todo o bloqueio do meio da rua. A rua é do povo. Duzentos anos de independência na dependência do Xandão. É o Xandão que vai estabelecer o que o povo pode fazer no Sete de Setembro? Ano passado foi um fracasso, fez um discursinho meia-boca, com medo de que não sei. E agora vai deixar eles mijarem em cima de você? Poste não mija em cachorro, Bolsonaro! Reage, Bolsonaro! Ou acabou. Ou pede o boné e acabou. Roberto Jefferson (PTB)

Milícia digital

Roberto Jefferson teve a prisão preventiva decretada em agosto de 2021 por determinação de Moraes pela suspeita de envolvimento com uma milícia digital que atua contra a democracia. Suas contas em redes sociais também foram bloqueadas.

Em dezembro, o ministro havia negado um pedido de soltura do ex-deputado sob o argumento de que a manutenção da prisão era "necessária e imprescindível à garantia da ordem pública e à instrução criminal".

Em janeiro deste ano, por questões de saúde, Moraes autorizou o político a cumprir prisão domiciliar desde que seguisse algumas exigências.

O presidenciável teve o seu primeiro mandato como deputado federal em 1983 e depois disso emendou seis mandatos consecutivos. Teve seu mandato cassado após confessar participação no esquema do Mensalão. Ficou conhecido nacionalmente por denunciar o esquema de compra de votos, escândalo do qual também participou. Foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

*Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo