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Condenação e ameaça: Tebet e Soraya têm suplentes 'problema' no Senado

As senadoras e candidatas à Presidência Simone Tebet (MDB), à esquerda, e Soraya Thronicke (União Brasil) - Waldemir Barreto e Jefferson Rudy/Agência Senado
As senadoras e candidatas à Presidência Simone Tebet (MDB), à esquerda, e Soraya Thronicke (União Brasil) Imagem: Waldemir Barreto e Jefferson Rudy/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

11/09/2022 04h00

As candidatas à Presidência da República Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil), ambas senadoras eleitas por Mato Grosso do Sul, têm problemas envolvendo seus primeiros suplentes na Casa Legislativa.

Celso Dal Lago Rodrigues (MDB), suplente de Tebet, foi condenado por corrupção ativa em 2016. Posteriormente, o caso prescreveu e a punição dele foi extinta. Já Soraya alega ter sido ameaçada por seu primeiro substituto, Rodolfo Nogueira, ainda durante a campanha de 2018.

As duas não se licenciaram do cargo e conciliam o trabalho parlamentar e a campanha política. No caso de Soraya, se eleita presidente, o suplente assume sua vaga no Senado até 2027. Já o mandato de Tebet, eleita em 2014, termina no início de 2023.

Segundo pesquisa Ipec divulgada na segunda-feira (5), Tebet tem 4% das intenções de voto e Soraya, 1%.

O que faz o suplente? Cada senador é eleito com dois suplentes, que podem ser convocados para substituí-lo, temporariamente, nos seus afastamentos e licenças, ou, definitivamente, nas hipóteses de morte, renúncia ou perda do mandato. O mandato de senadores dura 8 anos.

Condenação por corrupção. Dal Lago Rodrigues foi escolhido em 2014 para ser o primeiro substituto de Tebet.

Liderança em Dourados, o segundo maior colégio eleitoral do Mato Grosso do Sul, o pecuarista foi denunciado em novembro de 2010 pelo MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) com outras 68 pessoas e empresas, em decorrência de fatos apurados durante uma operação da PF (Polícia Federal).

Batizada de Uragano, a ação foi deflagrada em Dourados entre os anos de 2009 e 2010 contra uma organização composta por agentes políticos, funcionários públicos e empresários com ramificação nos Poderes Executivo e Legislativo da cidade. Segundo o MP, eles se uniram para o cometimento de crimes contra a administração pública.

31.jul.2015 - Simone Tebet e seu primeiro suplente, Celso Dal Lago, condenado por corrupção - Reprodução/Flickr/simonetebetms - Reprodução/Flickr/simonetebetms
31.jul.2015 - Simone Tebet e seu primeiro suplente, Celso Dal Lago
Imagem: Reprodução/Flickr/simonetebetms

Em junho de 2016, quando já havia se elegido na chapa de Tebet, o pecuarista foi condenado no caso a uma pena de quatro anos e oito meses de reclusão, em regime aberto, e pagamento de 61 dias-multa. A pena privativa de liberdade foi substituída pela prestação de 1.700 horas de serviço à comunidade e pagamento de 120 salários mínimos (R$ 105.600 na época) em favor do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) de Dourados.

Posteriormente, ele entrou com um habeas corpus pleiteando o reconhecimento da prescrição retroativa, que foi concedido pela Justiça, com declaração da extinção de sua punibilidade.

O outro lado. O UOL procurou Dal Lago por meio do escritório de seu advogado, do escritório político de Tebet e do gabinete dela em Brasília, mas não teve retorno. O espaço está aberto para manifestação.

Questionada se não se licenciou do cargo para não dar lugar ao suplente, a senadora respondeu ao UOL, por meio de sua assessoria de imprensa, que não viu necessidade de se ausentar. "Ela [Tebet] participou das principais discussões na Casa e participa ainda de reuniões virtuais, passa tempo em Brasília, sempre quando é necessário está presente, sendo sempre ciosa de seu trabalho, e agora toca a campanha."

Ameaça e tentativa de troca. Rodolfo Nogueira foi escolhido por Soraya para ser seu suplente em 2018, quando ele era presidente da Executiva Estadual do PSL (que virou União Brasil após a fusão com o DEM) de Mato Grosso do Sul.

Segundo a senadora, durante a campanha, chegou ao seu conhecimento que ele estava divulgando a candidatura ao Senado de outro candidato. Ela diz ter comunicado o caso à Executiva Nacional do PSL, que teria repreendido o então candidato a primeiro suplente.

Após a advertência, Soraya diz que Nogueira ligou para tirar satisfações e a ameaçou. "Eu vou acabar com você", teria dito ele.

Ela registrou um boletim de ocorrência e diz que passou as usar colete à prova de balas até o fim da campanha, quando foi eleita.

Soraya diz que passou a usar coletes a prova de bala após ameaça do primeiro suplente, Rodolfo Nogueira - Geraldo Magela/Agência Senado e Reprodução/Facebook - Geraldo Magela/Agência Senado e Reprodução/Facebook
A senadora Soraya Thronicke e seu primeiro suplente no Senado, Rodolfo Nogueira
Imagem: Geraldo Magela/Agência Senado e Reprodução/Facebook

Soraya também moveu um processo contra Nogueira em razão das ameaças. A ação foi arquivada em março deste ano.

Procurado pelo UOL, Nogueira negou ter ameaçado a companheira de chapa e disse que ela mentiu sobre o assunto. "Eu, como cristão e filho de uma mulher, esposo de uma mulher e pai de duas meninas, jamais ameaçaria uma mulher, ou faria ameaça a qualquer pessoa que seja", disse, em resposta enviada por escrito.

Em relação ao apoio a outros postulantes em 2018, ele disse que apenas deixou outros candidatos apoiarem Jair Bolsonaro (PL), que concorria à Presidência, e usarem o nome dele na campanha, o que teria irritado Soraya.

Agora candidato a deputado federal pelo PL, Nogueira chamou a senadora de "mentirosa" e "caroneira". Hoje em lado oposto ao de Bolsonaro, ela foi eleita com 373.712 votos em 2018 com o mote "A senadora do Bolsonaro" em Mato Grosso do Sul.

Soraya ganhou destaque no debate presidencial realizado em 28 de agosto ao criticar o machismo do presidente. "Na campanha ela usou um discurso de uma líder conservadora, algo que ela demonstrou não ser (...) Ela era uma desconhecida no Mato Grosso do Sul e todos os votos dela foram do presidente Bolsonaro", critica Nogueira.

O que diz Soraya. A candidata do União Brasil disse, por meio de sua assessoria, que a relação de confiança com o suplente "chegou ao fim por inúmeros motivos".

Assim que tomou posse, em 2019, ela tentou destituir o primeiro suplente, mas o pedido foi negado pela Justiça. Ele nunca assumiu os trabalhos porque a senadora não se ausentou do mandato.

"A legislação eleitoral vigente e o Regimento Interno do Senado Federal prevê que, caso Soraya seja eleita presidente República em outubro deste ano, é o 1º suplente quem assume o mandato. Como advogada por formação e cidadã, a senadora é afeita à lei. Resta, então, Soraya aceitar a substituição e respeitar a legislação", diz o comunicado.