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Deputados pedem a cassação de Douglas Garcia por quebra de decoro

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

14/09/2022 12h26Atualizada em 14/09/2022 15h14

Pelo menos três deputados estaduais acionaram hoje o Conselho de Ética da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) pedindo a cassação de Douglas Garcia (Republicanos) por quebra de decoro parlamentar após ele tentar intimidar a jornalista Vera Magalhães. O caso aconteceu ontem depois do debate realizado pelo UOL em parceira com a Folha de S.Paulo e a TV Cultura.

Um dos pedidos contra Garcia, candidato este ano a deputado federal, foi apresentado pelo deputado estadual Emidio de Souza (PT) na manhã de hoje. O documento, ao qual UOL obteve acesso, ressalta que "o caso merece, evidentemente, apuração pela quebra de decoro parlamentar levada à prática pelo representado [Douglas Garcia]".

"Competindo, assim, a este colendo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar afirmar sua repulsa ao ocorrido; respeito à imprensa; solidariedade à jornalista agredida; e, da mesma forma, respeito às mulheres que se viram aviltadas em sua dignidade pela atitude do parlamentar, nos termos e conformes dos procedimentos adrede especificados", concluiu o parlamentar.

Na peça, Emidio de Souza cita o texto do colunista do UOL Leonardo Sakamoto, que escreveu sobre a necessidade de perda de mandato de Garcia, apoiador do candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Douglas Garcia "premeditou ataque". Outro pedido de cassação foi protocolado pela deputada Monica da Mandata Ativista (PSOL). Na ação, ela diz que Garcia planejou o ataque.

"Destacamos que o deputado Douglas Garcia premeditou os ataques à jornalista, sendo que às 21h19 fez um Tweet questionando se ela compareceria ao debate", escreveu Monica.

Não obstante, precisamos demarcar a violência de gênero existente no caso. O Deputado Douglas Garcia é conhecido por atacar mulheres, sejam elas cisgênero ou transgênero, sendo que já ameaçou até de "tirar a tapas" do banheiro a Deputada Erica Malunguinho.
Monica da Mandata Ativista (PSOL)

Misoginia. A deputada Isa Penna (PCdoB) foi outra a protocolar um pedido de cassação contra Douglas. No documento, a parlamentar também observou "assédio no exercício da profissão onde as mulheres não são enxergadas e respeitadas no devido cumprimento do dever profissional."

"Assim, valendo-se de método repugnante à que pertence a violência de gênero e por meio de falas completamente reprováveis por todos, inclusive colegas de partido, o Parlamentar visou inibir e constranger uma mulher que estava no exercício de sua profissão", acrescentou.

Conselho diz que dará andamento. A deputada Maria Lucia Amary (PSDB), presidente do Conselho de Ética da Alesp, confirmou que recebeu as representações contra Douglas Garcia e que ele será notificado.

"Como mulher, repudio veementemente este tipo de comportamento e me solidarizo com a jornalista Vera Magalhães, que estava no exercício do seu trabalho", escrevei Amary em suas redes sociais.

Alesp também se manifesta. Em nota, a Alesp disse que "não compactua e repudia condutas ofensivas e desrespeitosas, sempre prezando pelo respeito, diálogo e tolerância entre todos".

"O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Carlão Pignatari, manifesta a sua solidariedade à jornalista Vera Magalhães e seu repúdio à atitude irresponsável do deputado Douglas Garcia", diz o texto.

Como foi a intimidação? Após o término do debate, com celular em punho, o deputado Douglas Garcia, que fazia parte da comitiva do candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi para cima de Vera Magalhães afirmando que ela é "uma vergonha para o jornalismo" e questionando o valor do seu contrato de trabalho.

Garcia assistia ao evento na plateia ao lado direito e desceu do local para confrontar a jornalista. O apresentador Leão Serva, que mediava o debate, intercedeu e retirou o celular da mão do deputado, que começou a gritar "jonazistas", enquanto era retirado pelos seguranças.

No Twitter, Vera afirmou que irá registrar um boletim de ocorrência de ameaça contra Garcia. "Há centenas de testemunhas. Usou o convite no estafe de Tarcísio de Freitas no debate apenas para vir mentir e me acossar e ameaçar", escreveu.

Tarcísio repudia Garcia. Ao UOL, o ex-ministro criticou a postura do correligionário e ressaltou que este tipo de situação não pode acontecer. "Acho que não cabe nenhum tipo de agressão em momento nenhum. A gente tá aqui promovendo a democracia", pontuou.

Tarcísio chegou a ligar para Vera Magalhães e se desculpar, dizendo: "eu mal conheço, nem tenho contato com esse idiota".

Garcia mantém ataques. Hoje pela manhã, Douglas Garcia anunciou, por meio de um vídeo publicado nas redes sociais, que registrou boletim de ocorrência contra a jornalista da TV Cultura.

Na publicação, o apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) pede desculpas a Tarcísio e mantém os ataques a Vera e à imprensa.

"Não me arrependo de absolutamente nada do que fiz hoje. Se é para pedir desculpas para alguém, não é para jornalista nenhum. Tenho que pedir desculpas ao Tarcísio. Eu sou adulto, Tarcísio é adulto, nós sabemos que essa questão de responsabilidade conjunta é uma coisa que a imprensa tenta incutir nas cabeças das pessoas", afirmou.