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Hoje apoiadores, Marina e Alckmin já condenaram Lula; veja

Lula e Alckmin: passado de 30 anos de "botinadas" - RICARDO STUCKERT
Lula e Alckmin: passado de 30 anos de 'botinadas' Imagem: RICARDO STUCKERT

Do UOL, em São Paulo

15/09/2022 04h00

Em busca de uma frente ampla capaz de derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas em outubro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conquistou importantes —e improváveis— aliados, como o ex-adversário Geraldo Alckmin (PSB), que deixou o PSDB depois de 33 anos e virou candidato a vice do petista. Nesta semana, Lula também recebeu o apoio formal de Marina Silva (Rede), após anos de rompimento.

Ao longo do ano, o petista também conquistou o apoio outras importantes personalidades políticas que, assim como Marina e Alckmin, têm um histórico de falas e posição críticas ao PT e ao ex-presidente —e agora torcem por sua eleição. A lista inclui alguns dos algozes da ex-presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment que tirou o PT do poder em 2016.

'Cena do crime' a 'maior líder'. Adversários históricos, Lula e Alckmin trocaram "botinadas", como definiu o petista, por quase 30 anos. O hoje candidato a vice agora é só elogios ao companheiro de chapa. Mas, no passado, declarou que o PT "jamais" teria seu apoio para voltar ao poder.

O que Alckmin já disse:

Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja, quer voltar à cena do crime. Será que os petistas merecem uma nova oportunidade? Fiquem certos de uma coisa, meus amigos: nós os derrotaremos nas urnas Em 2017, durante convenção do PSDB

Vou disputar e vencer o segundo turno para recuperar os empregos que eles destruíram saqueando o Brasil. Jamais terão meu apoio para voltar à cena do crime. Seus apoiadores são aqueles que acampam em frente a uma penitenciária Em 2018, ao descartar aliança com o PT no segundo turno das eleições

As falas de Alckmin no passado têm sido exploradas por Bolsonaro, candidato à reeleição. Em resposta, a campanha de Lula levou ao ar um comercial em que o ex-tucano diz ter atacado o seu agora companheiro porque "muitos de nós fomos iludidos".

Geraldo Alckmin (PSDB) e Lula (PT) em debate na disputa do segundo turno da eleição presidencial de 2006 - 27.out.2006 - Tuca Vieira/Folhapress - 27.out.2006 - Tuca Vieira/Folhapress
Alckmin e Lula foram adversários nas eleições de 2006
Imagem: 27.out.2006 - Tuca Vieira/Folhapress

Ele cita decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que declarou que o ex-juiz Sergio Moro foi parcial ao julgar Lula no processo do tríplex do Guarujá (SP). O candidato a vice também menciona reportagem do UOL que mostra que quase metade do patrimônio em imóveis de Bolsonaro e de seus familiares mais próximos foi construída nas últimas três décadas com uso de dinheiro em espécie.

O que Alckmin diz agora:

Muito cuidado. Nesta eleição, antigas falas minhas estão sendo usadas por Bolsonaro para confundir o povo. Naquela época muitos de nós fomos iludidos por um julgamento que depois a própria Justiça anulou porque foi parcial e suspeito. Hoje, está provado que Lula foi preso injustamente. Agora, é a família Bolsonaro que precisa explicar ao povo a compra de 51 imóveis com dinheiro vivo Em 2022, em propaganda divulgada pelo PT

A luta de vocês, a luta sindical, deu ao Brasil o maior líder popular deste país: Lula Em abril deste ano, durante encontro com representantes das principais centrais sindicais brasileiras

'Partido que não reconhece erros' e 'a ameaça das ameaças'. A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e o petista haviam rompido há cerca de 14 anos. Marina rachou definitivamente com o partido durante a disputa eleitoral de 2014 após as investidas das propagandas da campanha de Dilma contra ela quando ambas concorriam à Presidência.

Em entrevista ao UOL em 2020, Marina afirmou, sem provas, que as fake news teriam sido inventadas por Dilma e o publicitário João Santana.

"Quando ela [Dilma] foi para a Casa Civil, tivemos divergências, mas nada mais do que isso. Tivemos um debate civilizado. Mas em 2014, a campanha da Dilma inaugurou as fake news. Eles tiveram algo similar ao 'gabinete do ódio'. Quem inaugurou as fake news foram Dilma e João Santana. Isso está mais do que comprovado", afirmou Marina.

"O [Donald] Trump veio depois. O João Santana diz isso em seu próprio livro, ele dedica uma parte para dizer da reunião que tiveram, da decisão que tomaram, de me enfrentar não em uma disputa democrática, mas em uma disputa fraudulenta. É fraude falar mentira, é fraude usar dinheiro roubado para ganhar uma eleição. Então foram eles que inventaram isso", acusou.

Lula e Marina Silva se encontraram após anos de rompimento - Ricardo Stuckert - Ricardo Stuckert
Lula e Marina Silva se encontraram após rompimento
Imagem: Ricardo Stuckert

O que Marina já disse:

É um partido que não reconhece erros —que diz que não houve corrupção, que não houve crimes. Nenhuma autocrítica aos erros gravíssimos. O PT foi uma espécie de chocadeira desse governo que está aí Em debate em 2019, quando avaliou os primeiros 100 dias do governo Bolsonaro

O que diz agora:

Esse é um momento muito importante da nossa trajetória. Estamos vivendo um reencontro político e programático. Do ponto de vista de nossas relações pessoais, tanto eu quanto o presidente Lula nunca deixamos de estar próximos. Nosso reencontro se dá diante de um quadro da história política, econômica, social e ambiental. Temos a ameaça das ameaças: ameaça à nossa democracia, com a corrosão do tecido social

'Não contem comigo' a 'estamos juntos agora' O deputado federal André Janones (Avante) abriu mão da candidatura à Presidência para apoiar Lula e deste então tem se mostrado um dos apoiadores mais ferrenhos do ex-presidente.

No entanto, antes da decisão, o parlamentar criticou o ex-presidente e disse que o petista "sempre fez uma apologia à ignorância" se referindo ao fato de que Lula não cursou o ensino superior.

André Janones desiste de candidatura presidencial e se une ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - 8.ago.2022/Reprodução - 8.ago.2022/Reprodução
André Janones desistiu da candidatura e se uniu a Lula
Imagem: 8.ago.2022/Reprodução

O que disse Janones:

Agora é oficial: Fui diplomado Deputado Federal! Não contem comigo pra defender Lula! Não contem comigo pra defender Bolsonaro! Contem comigo pra defender o POVO BRASILEIRO, seja de qualquer sexo, cor ou religião! Foi pra isso que Deus e vocês me confiaram essa missão!
Em dezembro de 2018, ao ser diplomado

Eu acho que essa é a grande herança ruim que a ascensão de Lula ao poder deixou para o povo brasileiro, que fica parecendo que 'Ah, mas ele não precisou nem de uma universidade', como se isso teria dificultado a vida dele como presidente da República Em julho deste ano, durante entrevista com a apresentadora Renata Lo Prete, publicada no G1

O que diz agora:

Jamais me aliaria com aqueles que usam a fome dos mais pobres, dos mais necessitados como moeda eleitoral em tempos de eleições, como foi feito pelo atual governo. Mas, sim, com quem dedicou uma vida inteira pro combate à pobreza, pra ajudar os mais necessitados e por isso eu e Lula estamos juntos agora Em agosto, ao anunciar apoio ao petista

Volta do PT seria tragédia a 'presidente sensível'. O ex-senador e ex-ministro tucano Aloysio Nunes Ferreira também declarou voto em Lula.

A posição contraria a decisão formal do PSDB, sigla que faz parte da coligação de Simone Tebet (MDB) e indicou a senadora Mara Gabrilli (SP) como candidata a vice da emedebista.

Aloysio esteve em um comício do petista no Anhangabaú, em São Paulo, em agosto, e declarou ao jornal Folha de S.Paulo que achava a vitória importante não apenas para derrotar Bolsonaro, mas "porque precisamos de um presidente mais sensível ao grande drama da desigualdade do país".

O ex-senador e ex-ministro Aloysio Nunes - Marcelo Camargo/Agência Brasil - Marcelo Camargo/Agência Brasil
Um dos caciques tucanos, Aloysio Nunes declarou voto em Lula
Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O que já disse Aloysio:

Eu não quero que a Dilma volte. Eu não quero que o PT volte. Isso seria uma tragédia para o País e, para que possamos evitar esse grande mal, precisamos nos esforçar muito Em maio de 2016, ao assumir o posto de líder do governo do presidente em exercício Michel Temer (MDB)

O que diz agora:

O segundo turno já começou e eu não só voto no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno. Não existe essa de terceira via, só existem duas: a da democracia e do fascismo. Se quisermos salvar o Brasil da tragédia de Bolsonaro, teremos de discutir o que vamos fazer juntos Aloysio Nunes, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em maio

Voto crítico. Adversário do PT em 2018, quando concorreu à Presidência, Henrique Meirelles (então MDB) foi presidente do BC (Banco Central) durante os oito anos de governo de Lula (2003-2010) e anunciou "voto crítico" ao ex-chefe.

Depois de ter apenas 1,2% dos votos na eleição, ele havia se aproximado do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB-SP) e migrou para o União Brasil para tentar uma vaga no Senado por Goiás.

Entre disputas internas, deixou as cobiças eleitorais e virou conselheiro de uma gigante de criptomoedas.

15.dez.2010 - O então presidente Lula e o presidente do BC, Henrique Meirelles  - Lula Marques/Folhapress/2010 - Lula Marques/Folhapress/2010
Meirelles e Lula em 2010: 'voto crítico' no ex-chefe
Imagem: Lula Marques/Folhapress/2010

O que já disse Meirelles:

Não posso me arrepender de ter tirado o Brasil do buraco e de ter arrumado a bagunça que a Dilma criou (...) Trabalhei com Lula e Temer, mas meu compromisso é com minha história, com o futuro do Brasil e com tudo aquilo que tenho capacidade Em 2018, durante sabatina promovida pelo UOL, em parceria com a Folha e o SBT

O que diz agora:

Minha inclinação é votar no Lula, apesar de ele estar fazendo declarações equivocadas sobre teto de gastos e reforma trabalhista. Mas espero que a realidade prevaleça, como prevaleceu no primeiro mandato dele principalmente Ao UOL Entrevista, no início de setembro

'Messianismo' e 'único candidato'. Cristovam Buarque (Cidadania-DF) comandou o Ministério da Educação no primeiro mandato de Lula, depois foi para a oposição e votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff.

Em 2018, quando estava filiado ao PPS, ele culpou o PT por não conseguir se reeleger ao Senado. "Até hoje tem gente que acha que sou do partido e por isso decidiu não votar em mim."

10.nov.2000 - Lula e Cristovam Buarque  - Beto Barata/Folhapress/2010 - Beto Barata/Folhapress/2010
Cristovam Buarque (dir) declarou voto em Lula, de quem foi ministro da Educação
Imagem: Beto Barata/Folhapress/2010

O que Cristovam Buarque já disse sobre Lula e o PT:

Eu digo que cometemos tantos erros que um dos nossos líderes foi preso pela corrupção. Critico o culto à personalidade, isso nos obscureceu a mente, ninguém consegue criticar Lula, caímos no messianismo Em entrevista à revista Veja, em 2019

O que diz agora:

É o único dos candidatos de hoje que é capaz de trazer coesão para o Brasil e um rumo. É capaz de fazer com que empresários conversem com trabalhadores, o agronegócio com ecologistas e universitários com analfabetos (...) É o único capaz de barrar a barbárie que temos hoje com o governo atual. Por isso, fico feliz de votar nele