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Após mortes, Bolsonaro nega incitar violência e cita feminicídio

Do UOL, em São Paulo, no Rio e em Brasília*

24/09/2022 20h36

O presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ter qualquer influência de suas falas sobre os últimos episódios de violência no país motivados por divergências políticas, como a jovem agredida com uma paulada na cabeça após fazer um comentário sobre o candidato à reeleição em um bar em Angra dos Reis (RJ). A fala do presidente ocorreu durante o debate entre os presidenciáveis, promovido pelo SBT hoje.

Questionado pela jornalista Clarissa Oliveira, da revista Veja, se ele se arrependia por ter falado sobre "metralhar a petralhada", durante a campanha de 2018", Bolsonaro respondeu que "fugia do jornalismo sério" querer lhe imputar essa responsabilidade sobre os últimos fatos, como também o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda por um bolsonarista em Foz do Iguaçu (PR).

Em outro caso recente de violência por motivos políticos, um apoiador de Bolsonaro foi preso preventivamente após confessar ter matado um apoiador de Lula com golpes de faca e machado na cidade de Confresa, no estado de Mato Grosso, depois de uma discussão política.

"Peço a torcida do palmeiras não brigue, caso contrário, eu vou ser responsabilizado", disse Bolsonaro, que se declara torcedor do time. "Faltou à ilustre jornalista falar de um petista que tem uma tatuagem do Lula no ombro que matou a esposa e uma filha de dois anos".

Bolsonaro se referiu ao caso de feminicídio ocorrido em São Paulo no início do mês. O homem preso em flagrante após matar a ex-mulher e o filho do casal de dois anos a tiros no Jardim Rodolfo Pirani, na zona leste de São Paulo, tem a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tatuada no braço esquerdo.

O autor dos disparos foi identificado pela polícia como Ezequiel Lemos Ramos, 38. Ele também possui o certificado de registro de CAC (Caçador, Atirador desportivo e Colecionador de armas).

Bolsonaro voltou a dizer que reduziu a violência em seu governo. Reportagem da Folha de S. Paulo, no entanto, mostra que Bolsonaro cortou em 90% a verba disponível para ações de enfrentamento à violência contra a mulher durante sua gestão. O dinheiro destinado ao Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos para proteção das mulheres caiu de R$ 100,7 milhões, em 2020 —primeiro Orçamento inteiramente elaborado por Bolsonaro—, para R$ 30,6 milhões no ano passado. Neste ano, sobraram apenas R$ 9,1 milhões, de acordo com dados da pasta.

* Participaram desta cobertura: Em São Paulo: Caê Vasconcelos, Felipe Pereira, Isabela Aleixo, Juliana Arreguy e Wanderley Preite Sobrinho. No Rio: Lola Ferreira. Em Brasília: Camila Turtelli, Eduardo Militão, Gabriela Vinhal e Leonardo Martins.