Bolsonaro e pastores apelam por voto de nordestinos: 'Culpa não é do povo'

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e pastores realizaram hoje dois cultos na zona leste da cidade de São Paulo e pediram para os fiéis focarem em buscar votos de eleitores nordestinos na disputa do segundo turno.

Adversário de Bolsonaro na disputa para o segundo turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou em todos os estados da região nordeste —foram 12,9 milhões de votos de vantagem para o petista. "A culpa não é do povo nordestino", disse o presidente no culto. "Lá eles foram administrados por muito tempo por pessoas desse partido político", completou.

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Bolsonaro também afirmou que não quer "piorar a situação de ninguém". "Em algumas capitais, eu ganhei, como a de Alagoas. E, como São Paulo tem a maior quantidade de nordestinos, peço para vocês falarem com eles [nordestinos]".

O pastor José Wellington Júnior, responsável pelo culto que contou com a participação do presidente, também pediu para os fiéis presentes no local que conversem com parentes nordestinos para tentar convencê-los a votar no atual chefe do Executivo.

Este ano, a apuração das eleições se iniciou por regiões que deram vantagem a Bolsonaro, como o Distrito Federal e estados do Sul e Centro-Oeste. No final, o Nordeste, somado a quatro estados do Norte (Pará, Amazonas, Tocantins e Amapá) e Minas Gerais, ajudaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a reverter a desvantagem e o deixaram com 48,24% dos votos válidos, contra 43,36% de Bolsonaro.

Queria pedir para que todos nós, que temos parentes no Nordeste, que ligue para seu parente no Nordeste e diga para quem ele deve votar para presidente. Porque muitos nordestinos estão mal-informados, porque [eles] não têm uma imprensa boa. E vamos pedir também para aqueles que não votaram. Vamos levar aos nossos idosos, que não saíram de casa, vamos levá-los para votar. Pastor José Wellington Júnior

Após a vitória de Lula em todos os estados do Nordeste, no domingo (2), diversos comentários preconceituosos contra eleitores da região foram publicados nas redes sociais, vindos de apoiadores do presidente Bolsonaro, adversário do petista.

Lei Nº 9.459, de 13 de maio de 1997, prevê pena de um a três anos de prisão e multa para quem cometer discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

O movimento xenófobo contra nordestinos após resultados eleitorais se tornou praxe, tendo acontecido com força também em 2014 e 2018, após vitória de Dilma Rousseff e após a região evitar a vitória de Bolsonaro em primeiro turno no último pleito.

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