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Maia e mais 2 deixam governo de SP após Rodrigo anunciar apoio a Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

05/10/2022 10h17Atualizada em 05/10/2022 12h24

Três secretários do governo de São Paulo deixaram seus cargos hoje, um dia depois de o governador Rodrigo Garcia (PSDB) anunciar apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições presidenciais.

Rodrigo Maia (secretário de Projetos e Ações Estratégicas), ex-presidente da Câmara e um dos principais críticos de Bolsonaro, Zeina Latif (Desenvolvimento Econômico) e Laura Muller Machado (Desenvolvimento Social) anunciaram sua saída hoje. A debandada já estava prevista após a posição do governador.

Derrotado nas urnas, Rodrigo declarou ontem "apoio incondicional" à candidatura de Bolsonaro na disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A decisão dos três foi comunicada após uma reunião geral do governador com seu secretariado nesta manhã. Em um curta nota publicada em sua conta no Twitter, Maia agradeceu Rodrigo e seu antecessor, João Doria (PSDB), pela oportunidade.

Em nota divulgada pelo Palácio dos Bandeirantes, Rodrigo agradeceu aos três pelos serviços prestados ao estado, anunciou seus substitutos e disse que sempre pautou sua vida pública por trabalhar ao lado de pessoas que nem sempre pensam como ele.

Rodrigo Garcia destaca ainda que a premissa de sua administração é garantir que o interesse público esteja acima de qualquer corrente político/partidária. Portanto, o interesse dos paulistas não pode ser refém de qualquer tipo de proselitismo político. Um governo é feito por pessoas, ideias e crenças diferentes Nota divulgada pelo governo de SP

Tarcila Reis Jordão assume a pasta de Projetos e Ações Estratégicas, Célia Leão a de Desenvolvimento Social e Bruno Caetano a de Desenvolvimento Econômico.

Pegos de surpresa. O anúncio de apoio de Rodrigo a Bolsonaro pegou parte da equipe do governador de surpresa, segundo apurou o UOL. A decisão também surpreendeu os diretórios estadual e municipal do PSDB.

Um integrante do partido disse à reportagem que se tratava de uma decisão "individual" do governador, que se filiou à legenda no ano passado.

Segundo ele, os tucanos paulistas ainda irão se reunir para tomar uma decisão oficial sobre a posição do partido — a Executiva nacional declarou neutralidade ontem e liberou os diretórios estaduais e filiados para apoiarem quem preferirem.

Quadros históricos do partido reagiram à decisão de Rodrigo. O ex-senador Aloysio Nunes (SP) disse que o apoio a Bolsonaro causava constrangimento. "É uma vergonha, é o fim do mundo. Esse apoio do Rodrigo ao Bolsonaro me constrange. Nem sei se constrange mais o PSDB. É um absurdo o partido ficar indiferente a essa ameaça à democracia que se avizinha."

O também ex-senador José Aníbal (SP) chamou a decisão do governador de "incompatível" com a história do PSDB.

O ex-ministro José Serra, também tucano, anunciou seu apoio a Lula momentos depois. Hoje, o ex-presidente Fernando Henrique também declarou apoio a Lula.

O deputado federal Alexandre Frota (SP) divulgou o pedido de desfiliação do partido. "Não posso ficar em um partido que apoia o Bolsonaro e Tarcísio. Vai de encontro a tudo que fizemos até o momento", anunciou Frota, em publicação no Twitter.

'Apoio incondicional'. Rodrigo compareceu ontem ao lado de Bolsonaro em um compromisso em São Paulo —a primeira agenda pública dele após o resultado do primeiro turno.

O tucano também anunciou apoio formal à candidatura de Tarcisio de Freitas (Republicanos), afilhado político de Bolsonaro, que disputará o segundo turno em SP contra Fernando Haddad (PT).

O presidente reagiu com otimismo ao apoio do governador paulista e declarou que a entrada dele na campanha à reeleição é "muito bem-vinda".